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Em Paris, está novamente em cena o estranho caso do Dr.º Donnarumma e Mr. Gigio

Raffaele R. Riverso
O golo de Coman com ajuda de Donnarumma
O golo de Coman com ajuda de DonnarummaAFP
O guarda-redes do Paris Saint-Germain é mais uma vez o protagonista pela negativa na Liga dos Campeões. Depois do erro, no ano passado, contra o Real Madrid, na terça-feira aconteceu o que permitiu ao Bayern de Munique conquistar o Parc des Princes na primeira mão dos oitavos de final da maior competição europeia.

Por um lado, Donnarumma, o grande, o enfant prodígio, o herói de Wembley, o guarda-redes que para tudo. Por outro, Gigio,o desordeiro, número um dos erros gritantes, aquele que ainda tem cicatrizes de feridas abertas. E quem sabe se o próprio Donnarumma, depois do enésimo passo em falso na terça-feira, terá pedido contas e justificações a Gigio:

"- Mas era eu ou eras tu?"

"- Era eu, peço desculpa..."

De volta a casa, Gianluigi Donnarumma deve-se ter questionado como lhe pôde ter acontecido outra vez a mesma coisa. A maioria dos adeptos do PSG perderam a paciência. Os restantes ainda não a perderam porque provavelmente têm vergonha de ter tomado o seu lado na luta interna que terminou no exílio de Keylor Navas para Nottingham.

"- Quando era ele (a defender) pelo menos tinha uma desculpa".

"- De facto, ter-nos livrado dele não foi lá muito bem jogado".

Provavelmente, quando o relembrarem do erro que cometeu no remate longe de ser irresistível de Kingsley Coman, Gigio, o engraçado, vai deixar Donnarumma, o antipático, a prestar contas. Como quando lhe foi feito ver, no final do jogo da Liga das Nações contra a Alemanha, que o jogo de pés não é o seu forte, isto para usar um eufemismo.

"- A que é que ele se refere? Ao jogo com o Real Madrid?"

"- Sim, a esse mesmo".

E sim, porque pelo segundo ano consecutivo, o PSG pode ser eliminado da principal competição da Europa por sua causa. Escusado será mencionar as excelentes atuações recentes contra o Marselha e o Mónaco. Defesas inúteis, já que nem sequer impediram a derrota da equipa. Na verdade, o xeque catari não o trouxe para o Parc des Princes para o deleite dos fotógrafos, mas sim para ganhar a Liga dos Campeões.

"- E tu, o que é que já fizeste?"

"- Mas não tinhas dito que tinhas sido tu a fazer?"

"- Eu e tu.. somos a mesma pessoa".

Os anos passam e o medo, tanto para os adeptos parisienses como para os italianos, começa a tornar-se no mesmo, ou seja, que não há outra solução a não ser entrar na mesma carruagem do que ele e acompanhá-lo no constante passeio pela montanha russa. Aceitando-o como ele é. Fácil de dizer, especialmente para os italianos aos quais, pelo menos, deu um título europeu.

"- Olha, o que eu fiz em Wembley consigo fazer outra vez."

"- Tens mesmo a certeza que consegues ser decisivo quando a tua equipa é favorita?"

Bem, essa parece ser a sua grande limitação. Para se exibir no seu melhor, Donnarumma precisa de se sentir encurralado. Talvez ainda não tenha afastado o estatuto de "underdog" (não favorita) que o acompanha desde os tempos em Milão. Mas se for esse o caso, Gigio errou no destino,, porque o PSG é e será sempre o favorito e ele não se poderá limitar a fazer apenas uma boa figura, mas terá de ganhar jogos por si próprio. Os mais importantes.