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Entrevista Flashscore a Bruno Soares: "O ténis educou-me. Chegou a hora de eu retribuir"

Entrevista Flashscore a Bruno Soares: "O ténis educou-me. Chegou a hora de eu retribuir"
Entrevista Flashscore a Bruno Soares: "O ténis educou-me. Chegou a hora de eu retribuir"Profimedia
Aos 40 anos, o agora ex-tenista Bruno Soares teve a pandemia como um acelerador para o processo de pendurar a raquete. Durante os dois últimos anos o brasileiro começou a ponderar esse cenário, sabendo que o corpo não respondia mais, como gostaria, à rotina de treinos, viagens e jogos. Agora, anunciou a decisão oficialmente e, em entrevista exclusiva ao Flashscore, recorda os melhores momentos, a altura da decisão, o legado e os planos para o futuro.

Por mais que não tenha sido uma decisão fácil, Bruno Soares sabia que era a mais acertada. Fazia questão de encerrar ao mais alto nível e a escolha veio num torneio que tem grande importância na sua carreira.

Foi após derrota na segunda ronda do US Open, que o brasileiro conquistou em 2016 e 2020, que Bruno Soares confirmou, no passado dia 3 de setembro, que vai deixar a modalidade que tanto lhe deu, dentro e fora das quadras. Bruno Soares, que também venceu o Open da Austrália, em 2016, vai despedir-se oficialmente do ténis profisisonal no ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte, a sua cidade natal, no próximo dia 26 de novembro.

A seu lado, Bruno Soares terá a lenda Bob Bryan, tendo a honra de abrir o duelo entre Rafael Nadal e Casper Rudd. Do outro lado do court, outro parceiro de longa data: Marcelo Melo, que começou no ténis na mesma épocoa, no Minas Ténis Clybe, ao lado do gaúcho Rafael Matos.

- Que legado deixa Bruno Soares para o ténis brasileiro?

- Fazer as pessoas acreditarem que o sonho é possivel. Com muito esforço e dedicação, é possivel chegar onde queremos. Cheguei onde alguns tenistas brasileiros estiveram. O legado é sobre a recompensa do trabalho, da força de vontade, do acreditar, de fazer o sacrificio valer a pena. O processo é longo, não é um tiro curto, esse ensinamento é o principal legado que eu gostaria de deixar para os mais jovens.

Bruno venceu um total de seis Grand Slams na carreira
Bruno venceu um total de seis Grand Slams na carreiraProfimedia

- Foi muito mais longe do que esperava?

- Com certeza. O meu sonho era ser profissional e destacar-me. Costumo dizer que conquistei muito mais do que sonhava e joguei muito mais do que esperava. Jamais imaginei chegar aos 40 anos e ter vencido tudo o que venci. 

- Qual foi o momento em que decidiu que estava na hora de terminar?

- Não foi fácil, já estava pensando nisso nos últimos dois anos. Após a pandemia a minha cabeça já estava voltada para isso. Era um momento que estava cada vez mais perto, mesmo sentindo-me extremamente motivado. Fui amadurecendo a ideia ao longo destes dois anos e resolvi fechar o ciclo este ano, após um torneio que representa muito para mim. 

- Acredita que preencheu, ao lado do Marcelo, uma lacuna que faltava para o ténis de duplas do Brasil?

- Acho que não preenchemos lacuna. Abrimos sim novas possibilidades. Percorremos o caminho que alguns brasileiros trilharam por pouco tempo, quando estes não se dedicaram pelo mesmo tempo como duplas. Sem dúvida, eu, o Marcelo Melo e o André Sá abrimos um leque para fazer ver a outros novos caminhos na modalidade. 

Bruno Soares especializou-se no jogo de duplas
Bruno Soares especializou-se no jogo de duplasProfimedia

- Algum título que lhe deu maior orgulho e teve maior representatividade?

- É muito difícil falar dessa forma. Os Grand Slams, em termos de títulos, são os maiores, é o ponto alto da modalidade. Tive o privilégio de vencê-los por seis vezes, difícil falar qual é o mais importante. O primeiro tem uma emoção diferente, é a realização de um sonho. Mas cada um tem a sua história, cada conquista tem uma emoção diferente mas todos eles têm um peso importante dentro da minha carreira e do meu coração. 

- Sente algum alívio por não ter de lidar mais com as rotinas do treino, das viagens, etc.?

- Admito que sim. Gostava muito de viagens e competições, sempre gostei de estar na estrada. Mas a rotina de treinos e competições é pesada, desgasta muito. Com o tempo, a idade também não ajudava. Sem dúvida que sim, existe um alívio. 

- Por que acha que encaixou tão bem na vertente de duplas?

- Desde pequeno mostrei talento para esta modalidade. Sempre gostei e interessei-me pelo jogo de duplas, fui pegando a maldade deste tipo de jogo desde muito novo, isso fez-me sair na frente dos adversários em muitos momentos. A cultura de Minas Gerais tem muito do jogo de duplas em clubes, isso fez-me estar exposto a esse tipo de situação. Muitos atletas que jogam sozinhos ficam um pouco perdido quando vão disputar partidas de duplas. 

Bruno Soares investe em diferentes frentes depois de deixar os 'courts' de ténis
Bruno Soares investe em diferentes frentes depois de deixar os 'courts' de ténisProfimedia

- De que forma acredita ter contribuído com o crescimento do ténis brasileiro?

- Fomentando, incentivando e fazendo o pessoal acreditar. Por último, através da Fly, o centro de treinos que é um braço desportivo que tenho e estou envolvido há muito tempo. Contribuímos, também, na formação de novos jogadores brasileiros. 

- Não haveria melhor despedida possível do que dizer em Belo Horizonte, a abrir um jogo do Nadal?

- Foi, realmente, um grande presente para coroar este momento, junto da minha família e dos meus amigos, pessoas que estiveram ao meu lado nesta jornada. Eles fizeram com que eu chegasse longe. Vai ser uma noite especial e emocionante. 

- Está preparado para a emoção da despedida oficial?

- É difícil falar, momentos como estes costumam fugir do nosso controlo. Sei que vai ser emocionante, já estive em algumas e é difícil segurar a emoção. 

- Pretende, além da carreira de empresário, seguir no ténis de alguma forma?

- A Fly faz-me estar perto do ténis. Trabalhamos com formação e massificação do ténis. Foi uma modalidade que me educou, ensinou e transformou como ser humano. Agora chegou a hora de retribuir.