Entrevista Flashscore a Dávid Hancko: "A saída para o Feyenoord foi a decisão certa"
- Ainda faltam 12 jogos até ao final da Eredivisie, mas estão na liderança do campeonato. É um objetivo assumido conquistar um título que escapa ao Feyenoord desde 2017?
- É muito cedo para falar disso. Basta um deslize e tudo pode mudar. Estamos contentes por estar em primeiro lugar desde o início de janeiro, mas ainda vamos defrontar os nossos rivais diretos. A vitória com o AZ Alkmaar foi importante para elevar a confiança.
- Foi um triunfo sofrido, com um golo aos 90 minutos. É a prova da resiliência desta equipa?
- Pode dizer-se que sim. Na Taça estivemos a perder por duas vezes, mas conseguimos seguir em frente nos penáltis, contra o PSV empatámos no sexto minuto do tempo de compensação. Podem dizer que é sorte, mas eu acho que é a recompensa de nunca desistirmos do jogo, mesmo quando as coisas não correm bem. Não estamos focados no resultado, mas sim em fazer as coisas bem e até agora tem resultado.
- No verão existiram muitas mudanças na equipa. Esperavam que tudo corresse bem logo no início?
- Acho que os adeptos e a direção não esperavam que as coisas estivessem a correr tão bem. Quando cheguei não conhecia o ambiente no clube, mas nota-se que está toda a gente muito feliz porque tudo corre bem.
- E os adeptos estão em êxtase, certo?
- Sim, muito contentes com tudo o que está a correr. Alguns reconhecem-me na cidade e dizem-me que nos vamos voltar a encontrar na praça da cidade, onde tradicionalmente se celebram os títulos. Claro que que gostava muito, mas digo sempre que ainda falta muito até ao final do campeonato e uma vantagem de três pontos não é muito. Agora, reconheço que na minha cabeça seria fantástico ser campeão no primeiro ano aqui, muito bom para a minha carreira. Para isso, não podemos baixar a guarda em nenhum jogo.
- Já passou meio ano desde que deixaste o Sparta Praga. Foi a decisão certa?
- Acho que sim. Em agosto, muita gente duvidou, mas eu falei com o meu empresário, a minha família e sentimos que era a decisão certa, ia ser muito bom para a minha carreira. E confirmou-se. Temos uma excelente equipa técnica, grandes condições, gosto imenso de vir treinar todos os dias. A minha família está contente na cidade e temos o bónus de disputar as competições europeias. Estou bastante agradecido.
- Qual é o segredo para estar a correr tudo tão bem no Feyenoord?
- Nas duas últimas épocas com o Sparta estive muito bem, sentia-me em excelente forma. Tinha essa questão de perceber se ia acontecer o mesmo no meu próximo desafio, como me ia adaptar a uma competição mais exigente. O que é certo é que me sinto muito bem em campo, é igual ao Sparta. A diferença é que o tenho demonstrado contra equipas mais complicadas, o que me deixa feliz.
- Alguém no clube ficou surpreendido com as exibições do Dávid Hancko?
- Acho que sim. Quando falo com as pessoas elas mostram-se surpreendidas pela positiva. No início falava-se mais de outros reforços, eu estava na sombra. Vinha da República Checa, enquanto outros jogadores vinham do campeonato local, eram mais conhecidos. Agora já não e isso deixa-me feliz, mas também com mais responsabilidade para manter as boas exibições.
- O campeonato checo é um dos mais competitivos na Europa. Dirias que nos Países Baixos é menos exigente em termos físicos?
- Não colocaria a questão desssa maneira. É claro que aqui o jogo é mais jogado pelo chão, a relva é melhor, o tempo também e isso torna tudo mais rápido. Mas a qualidade dos adversários e o facto de os treinadores pedirem pressão alta também me obriga a estar preparado fisicamente para vencer os duelos, porque não posso ser batido. Por isso, diria que é diferente.
- Estás confortável com um estilo de jogo menos direto do que na República Checa?
- Senti isso no imediato. No Sparta, quando tinha a bola, os avançados recuava e esperavam por nós num bloco mais baixo. A maior parte das equipas é sempre tentar a bola longa e depois lutar pelo ressalto. Aqui é diferente, o guarda-redes tenta jogar curto, e saímos sempre com a bola controlado. Nas primeiras semanas fiquei surpreendido, é verdade que existem equipas que tentam jogador mais direto, mas são poucas.
- Antes do jogo com o AZ Alkmaar sentia-se uma grande atmosfera no estádio. É uma das grandes armas do clube?
- É incrível. Sempre que jogamos em casa sentimos a ansiedade do adversário e isso ajuda-nos no campo. Não era um estádio onde eu gostaria de jogar se não fosse da equipa da casa. E por isso temos de retribuir com boas exibições e, acima de tudo, resultados.
- No Sparta ainda apanhaste o início do Brian Priske, o que achaste?
- Aquelas seis semanas de preparação e seis jogos com o Priske ajudaram-me muito. Sei que parece um período perqueno, mas foi muito semelhante ao que os treinadores do Feyenoord pediram de mim e isso ajudou-me na transição. Tenho de lhe agradecer por isso, porque sempre se mostrou muito disposto a ajudar.
- Sentes que o Sparta é o teu clube?
- Claramente, não perco um único jogo deles. Também vi o último jogo com o Zilina. A Kristynka (namorada) também gosta de ver comigo e fico feliz de os ver a atravessar um bom momento.
- Podes inclusive festejar dois títulos esta época...
- Quando se fecheou a transferência para o Feyenoord, liguei para o treinador para lhe agradecer tudo o que fez por mim e que acreditava que eles iam vencer o campeonato. Prometi que ia celebrar com eles.
- Com a Eslováquia a preparar o apuramento para o Europeu com o Francesco Calzona, o que podemos esperar?
- Enquano seleção estamos numa fase de regeneração. Temos de olhar para isto como algo positivo e pensar que está a surgir uma ideia muito interessante. Temos uma boa equipa, com vários jogadores em campeonatos importantes e isso vai começar a ter influência. Esperamos que esta qualificação seja o início de algo positivo.