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Entrevista Flashscore a Petra Kvitova: "Os Grand Slams continuam a ser a minha grande motivação"

Entrevista Flashscore a Petra Kvitova: "Os Grand Slams continuam a ser a minha grande motivação"
Entrevista Flashscore a Petra Kvitova: "Os Grand Slams continuam a ser a minha grande motivação"FlashScore
Duas vezes vencedora em Wimbledon, seis troféus da Fed Cup e uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos. Estas são apenas algumas das conquistas de Petra Kvitova, tenista checa de 32 anos. A antiga número 2 do Mundo, atualmente no 16.º lugar do ranking WTA, falou em exclusivo ao Flashscore sobre a época passada, o adeus a Federer, a dança com Djokovic e os planos para o futuro.

- Terminou a época como a melhor tenista checa, no 16.º lugar do ranking WTA, e ainda ganhou o 29.º título da carreira. Que balanço faz do ano de 2022?- Depois de tudo o que me aconteceu desde o início do ano, quando tive uma lesão, quando o meu jogo não estava a sair da forma que queria e levou-me a cansar um pouco de tudo, acabei por sair com um sentimento bastante positivo. Estou feliz por ter saído dessa etapa e estar a jogar e a evoluir cada vez mais. A época não correu bem para nós, checos, no geral, mas por outro lado temos uma excelente geração a aparecer. No entanto, a minha época foi de sucesso e o título que conquistei, em relva, foi a cereja no topo do bolo.

- Como passa os tempos livres, agora que a época terminou?

- Depois do último jogo fiz uma viagem de férias que durou exatamente quatro dias. Eu queria, sobretudo, voltar a casa, porque estamos constantemente a viajar. O que mais sentia falta era da minha casa, especialmente dos meus pais e irmãos, que já têm filhos e eu adoro ser tia. Vou viajar para o Monaco com uma das minhas sobrinhas, por alguns dias, para cuidar dela, mostrar-lhe lugares novos... Depois a partir de dia 14 deste mês começo a preparar a nova época. Passa tudo muito rápido.

Tenista esteve à conversa com o FlashScore
Tenista esteve à conversa com o FlashScoreFlashScore

- Já sente falta da competição?

- Tenho de começar a fazer alguma coisa nesta altura, para que o regresso aos treinos não seja tão duro. Mas vai ser sempre, de qualquer forma. Porém, nestas duas ou três semanas tento mesmo desligar de tudo. Estou a gostar muito não ter nada para fazer. Ainda esta semana fui uma espectadora do jogo do Slavia Praga.

- Viaja muito durante o ano. Tem algumas dicas para ajudar a passar o tempo nessas horas?

- Estou em viagem, provavelmente, mais de metade do ano. Ando a sofrer em aviões nos últimos dois anos. Ando a ficar com medo e isso não me faz bem nenhum. Diria que é, provavelmente, da idade. Gosto de ler, ver óperas e filmes. Mas honestamente... não aproveito essas horas. Tento dormir, é a melhor solução, mas também não sou a melhor pessoa a conseguir fazê-lo em viagem. 

- Passou de uma pessoa normal para uma celebridade mundial. Começou a jogar ténis num ginásio com o seu pai. Essa mudança foi a mais difícil para si?

- Sempre joguei em casa, numa pequena cidade com seis mil pessoas. Só quando fiz 15 ou 16 anos é que saí e tornei-me a melhor tenista do país nesse escalão. Foi quando apareceu a oportunidade de ir para Prostejov. Claro que assusta, eu sempre estive em casa até essa altura, a jogar ténis por diversão. De repente imaginava-me a ter de ir para o ginásio todos os dias... Foi difícil para mim imaginar-me numa cidade maior, onde haveria mais pessoas, mais profissionais de ténis... Não tinha qualquer ambição de ser tenista profissional naquela altura. Só passado uns meses em Prostejov é que comecei a querer algo mais. O meu maior medo foi dar esse salto para o ténis mundial.

Petra Kvitova passou em revista a última época
Petra Kvitova passou em revista a última épocaFlashScore

- Quando é que começou a perceber que se estava a tornar uma estrela? Em 2007 jogou o seu primeiro torneio WTA e em 2011 já tinha vencido o Torneio de Wimbledon...

- Foi um choque, especialmente porque eu não falava muito bem inglês. Tive de ter um professor. Foi tudo muito rápido, sobretudo porque quando comecei a um nível profissional consegui logo conquistar os meus primeiros torneios. O salto foi enorme, comecei a perceber isso em 2010, quando cheguei às meias-finais em Wimbledon. Ganhei esse torneio um ano depois, pelo que foram dois grandes saltos em pouco espaço de tempo. Estar numa meia-final e ganhar o torneio são duas coisas completamente diferentes. Não é por acaso que toda a gente diz que a história apenas lembra os vencedores. Todos me disseram que tudo iria mudar, que eu teria de mudar. Mas eu sempre disse que não, que não queria. Mas depois ganhei Wimbledon, com apenas 21 anos, passei dois ou três anos a tentar perceber onde é que eu pertencia, onde me podia encaixar, porque sentia que não pertencia a este mundo. Sou diferente da pessoa que os fãs vêem na televisão. Mas tudo aconteceu porque tinha de acontecer.

- Aproximadamente quantas raquetes usa por ano?

- Eu não as parto (risos). Acabei de fazer as contas na minha caneça: tenho 24 por ano, comigo a trocar um set de seis raquetes quatro vezes por ano. Espero ter feito bem as contas. Começo por usar um set e depois mudo consoante o piso em que vou jogar. De alguma forma isso ajuda, ainda que as raquetes sejam basicamente todas iguais.

Tenista levou algumas recordações do FlashScore para casa
Tenista levou algumas recordações do FlashScore para casaFlashScore

- Tem melhor memória dos títulos em Wimbledon ou de quando ficou noiva?

- Não se pode sequer comparar as duas coisas. O noivado foi completamente inesperado, eu não estava mesmo pronta para aquilo. Nem sequer tenho uma memória clara, estava chocada. Foi tudo tão rápido mas obviamente lindo. Ganhar em Wimbledon é um objetivo na carreira, ficar noiva é um objetivo de vida. Não posso fazer uma comparação.

- Abriu o seu próprio Hall of Fame na sua terra natal, em Fulnek, no fim de julho. Qual tem sido a reação dos fãs?

- É algo pequeno mas bonito e acolhedor. Acho que foi feito à imagem da minha própria terra natal, Fulnek. Claro que tem lá os troféus de Wimbledon e de outros torneios. Mas também tem os brincos que usei na minha primeira final da Fed Cup, com um leão com as cores da República Checa. Todas as mulheres receberam esse presente de um amigo meu. Estão lá também troféus de fair-play, que são decididos com votos de outros jogadores...

- Venceu o troféu Karen Krantzcke, a distinção anual no circuito de WTA, por oito vezes. É algo realmente importante, sobretudo porque é escolhido pelas adversárias?

- Tenho de dizer que fiquei sempre surpreendida em cada ano que aconteceu. Estamos sempre juntas, todos os dias, todas as semanas, fomos uma verdadeira família no ténis. Estamos sempre a ver-nos e acaba por ser triste quando alguém não consegue ter uma relação saudável com a outra. E claro que isso acontece. É sempre mais difícil num mundo de mulheres e não apenas no ténis.

- O ténis feminino mudou de alguma forma desde que chegou ao profissionalismo até agora?

- Diria que sim. Quando comecei havia uma mentalidade muito competitiva e agressiva. Agora é mais o físico, as bolas são mais lentas, as superfícies também são mais lentas.

Petra Kvitova visitou as instalações da Livesport
Petra Kvitova visitou as instalações da LivesportFlashScore

- Como olha para a possível modernização do ténis? Sets mais curtos, jogos sem pontos de vantagem...

- Sou um pouco conservadora em relação a isso. De facto, não gosto. Em duplas não me importo assim tanto. No individual acho que essas mudanças vão beneficiar os jogadores mais fracos, porque podem mudar a partida de forma mais fácil. 

- Federer despediu-se recentemente do ténis. Alguma memória pessoal que tenha com ele?- Nas duas vezes que venci Wimbledon, quem venceu foi o Djokovic. A memória que tenho do Roger foi nas celebrações do centenário de Wimbledon, quando estávamos todos à porta do court central. Ele chegou e estivemos ali à conversa um bom bocado. Foi muito bom (risos). Ele é ótimo. Pessoalmente gosto muito do Roger e do Rafa Nadal, são muito educados, dizem sempre olá, têm sempre um sorriso. São humanos.

- E que tipo de dançarino é Djokovic? Os vencedores de Wimbledon, por tradição, abrem o baile com uma dança juntos...

- Por sorte não dançámos (risos). Foi muito bom para mim porque eu e dança não combinamos. Acho que nunca me verão num programa como o Dança com as Estrelas. O Novak sempre foi muito simpático mas como o baile foi num domingo e ele jogou nesse dia, chegou mais tarde. Havia sempre uma espera por ele e depois tudo se atrasou. Felizmente não dançámos mas essa tradição já tinha sido quebrada antes, não fomos nós os primeiros.

- O que acontece desde a vitória no court até chegar à famosa tribuna para levantar o troféu?

- Honestamente nem sei explicar muito bem porque ainda estava totalmente em choque. Da primeira vez que ganhei nem sabia muito bem o que estava a acontecer. Depois do jogo andei à volta de todo o court central e o troféu é mostrado a todos os espectadores. Depois deixamos o court e passamos por uma zona onde tiramos uma fotografia com o nosso nome. Passamos depois por um corredor, onde só os membros exclusivos têm acesso. Disto lembro-me muito bem porque logo no início estavam a Martina Navrátilová e a Jana Novotná, que me deram os parabéns pelo título. Foi muito bom. Depois vamos então à tribuna, onde é mostrado o troféu.

- Onde encontra agora motivação para a nova época?

- A motivação ainda está cá, ainda estou bem nesse aspeto. A maior motivação é obviamente o Grand Slam. Mas ao mesmo tempo, sei o quão desafiador é algo assim. 

- E em relação a objetivos fora do ténis?

- Vamos ver o que nos traz o tempo (risos).

Boa disposição da tenista na visita às instalações
Boa disposição da tenista na visita às instalaçõesFlashScore