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Eriksson, um "gentleman" sueco que deu três títulos de campeão ao Benfica

Sven-Göran Eriksson faleceu aos 76 anos
Sven-Göran Eriksson faleceu aos 76 anosSL Benfica
O treinador sueco Sven-Göran Eriksson, tricampeão português no Benfica e primeiro estrangeiro a ocupar o cargo de selecionador inglês de futebol – apropriado à fama de "gentleman" que o acompanhava -, morreu esta segunda-feira, aos 76 anos, vítima de um cancro no pâncreas.

Após uma pouco memorável carreira como jogador, a maior parte da qual no Torsby, das divisões inferiores suecas, Eriksson ganhou projeção como técnico com a conquista de títulos em quatro países (Suécia, Portugal, com duas passagens pelo Benfica, Itália e Inglaterra), além de três troféus europeus.

Nascido em Sunne, em 05 de fevereiro de 1948, o jovem Eriksson cedo se mudou para a vizinha Torsby (a cerca de 400 quilómetros de Estocolmo), onde, em 1964, iniciou no modesto clube local um percurso, igualmente modesto, como defesa lateral direito, que terminou em 1973, no KB Karlskoga.

A carreira como treinador começou em 1976, também por ‘baixo’, como adjunto no Degerfors, assumindo no ano seguinte as rédeas da equipa, promovendo-a ao quarto escalão do futebol sueco em 1978 e despertando o interesse de clubes com maiores ambições.

O Gotemburgo, atualmente o segundo emblema com mais títulos de campeão sueco, atrás do Malmö, apostou no treinador desconhecido, que retribuiu de imediato com a conquista da Taça da Suécia – a primeira da história do clube -, em 1979, e a dobradinha (campeonato e taça), em 1982.

Mas foi a conquista da Taça UEFA, atual Liga Europa, naquele último ano, com triunfos na final sobre o Hamburgo, por 1-0, em Gotemburgo, e por 3-0, na Alemanha, que abriu as portas do futebol internacional ao técnico sueco, com o Benfica a ganhar a corrida.

Com Eriksson, chegou à equipa lisboeta, no início da época 1982/83, Glenn Strömberg, um dos melhores jogadores suecos de sempre, que também tinha alcançado projeção com os êxitos do Gotemburgo, e que, tal como o compatriota, deixou Lisboa duas temporadas mais tarde rumo a Itália.

A passagem pelo Benfica, numa equipa em que alinhavam muitos dos melhores futebolistas portugueses da altura, como Bento, Humberto Coelho, Carlos Manuel, Diamantino, João Alves, Shéu, Chalana e Nené, resultou na conquista de dois títulos de campeão, em 1982/83 e 1983/84, e uma Taça de Portugal, na primeira época.

O treinador também deixou marca na Europa, com a presença na final da Taça UEFA, na temporada de estreia, perdida para o Anderlecht (derrota por 1-0, em Bruxelas, e empate 1-1, em Lisboa), e nos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus de 1983/84, caindo perante o Liverpool, na caminhada dos ingleses em direção ao título continental.

Itália era a grande potência do futebol europeu naquela altura e Eriksson não pôde declinar o convite da Roma, que tinha acabado de ser derrotada pelo Liverpool na final da antecessora da Liga dos Campeões, enquanto Strömberg voltou a seguir o compatriota, mas para a Atalanta.

As três épocas na Roma e as duas seguintes na Fiorentina consolidaram o prestígio de Eriksson, mas resumiram-se à conquista de uma Taça de Itália, em 1985/86, e o sueco optou por regressar em 1989/90 a um lugar onde tinha sido feliz: o Benfica.

Ao lado dos compatriotas Jonas Thern e Mats Magnusson e, mais tarde, Stefan Schwarz, conquistou logo a Supertaça portuguesa e atingiu a final da Taça dos Campeões Europeus, da qual saiu derrotado perante o AC Milan, por 1-0, antes de arrebatar o terceiro título de campeão, em 1990/91.

O Benfica foi um distante segundo classificado em 1991/92, atrás do FC Porto, e Eriksson retornou a Itália, permanecendo seis épocas na Sampdoria, que levou à vitória na Taça de Itália, em 1993/94, e três e meia na Lazio, na qual se sagrou campeão (1999/2000) e ergueu duas vezes a Taça de Itália (1997/98 e 1999/2000) e a Supertaça italiana (1998 e 2000).

A época dourada na capital transalpina traduziu-se ainda na vitória na Taça das Taças de 1998/1999 e na Supertaça europeia de 1999 e terminou com a histórica nomeação para o cargo de selecionador da Inglaterra, a primeira vez que foi desempenhado por um não-britânico.

Eriksson resistiu seis anos numa das mais escrutinadas funções do futebol, entre 2001 e 2006, apesar de a Inglaterra ter sido, sucessivamente, eliminada nos quartos de final dos Mundiais de 2002 e 2006 e do Europeu de 2004, as duas últimas por Portugal e ambas no desempate por grandes penalidades.

A passagem sem glória pelo Manchester City, longe do poderio que evidencia hoje, em 2007/08, foi, talvez, o canto do cisne da carreira do treinador sueco, que ainda orientou as seleções do México, da Costa do Marfim e das Filipinas, onde disputou o último jogo, em 16 de janeiro de 2019, perdido por 3-1 frente ao Quirguistão.