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eSports: Ouro e isenção de serviço militar, o duplo prémio dos sul-coreanos

Equipa de eSports da Coreia do Sul, favorita à vitória nos Jogos Asiáticos
Equipa de eSports da Coreia do Sul, favorita à vitória nos Jogos AsiáticosAFP
Com teclados e ratos, os prodígios sul-coreanos dos eSports entram nos Jogos Asiáticos, que começam no sábado, com um duplo prémio no horizonte: uma medalha de ouro que lhes permitirá uma rara isenção do serviço militar.

Um título em Hanghzhou, na China, no final de setembro, vai permitir automaticamente aos vencedores escapar a 18 meses ou mais de serviço militar.

Esta medida, já aplicada noutros desportos, foi alargada aos eSports porque, nos Jogos Asiáticos deste ano, os vídeojogos passam de evento de exibição para uma disciplina de programa completo. Haverá sete competições, incluindo League of Legends (LoL), EA Sports FC (antigo FIFA) ou Street Fighter V.

Todos os homens sul-coreanos capacitados devem cumprir pelo menos um ano e meio de serviço militar, sobretudo porque este país de 52 milhões de habitantes continua em guerra declarada com a vizinha Coreia do Norte.

Neste contexto, as isenções são concedidas a conta-gotas, por exemplo, a quem se dedica à música clássica e geram sempre um debate aceso. O grupo pop BTS, apesar do seu espetacular sucesso internacional, não foi beneficiado. Jin, J-Hope e SUGA, três dos seus membros, já começaram a prestar serviço, segundo a agência da boy band, HYBE.

O governo considerou a possibilidade de isentar os membros do grupo, mas, segundo uma sondagem Gallup de 2022, a iniciativa foi apoiada por apenas 33% da população. O debate voltou à baila com os Jogos Asiáticos, ondes o eSports sul-coreano, país que domina a disciplina juntamente com a China, tem boas hipóteses de títulos.

"Atenas do eSport"

O treinador da equipa, Kim Jeong-gyun, afirmou que "o sentido de dever" será a única motivação para os seus jogadores, mas os especialistas acreditam que o serviço militar é "muito importante" para os desportistas  normalmente muito jovens.

"Começam as suas carreiras no final da adolescência. A isenção é uma grande motivação extra para", disse à AFP o professor Choi, da Universidade de Hanshin.

A Coreia do Sul tem dezenas de especialistas em eSports de grande nível, a começar pelo capitão de delegação Lee "Faker" Sang-hyeok, um mestre do jogo "LoL" de cinco contra cinco com o objetivo de destruir a base do adversário. 

Entre uma ligação ultra-rápida à Internet e a proliferação de cibercafés dedicados aos jogos, conhecidos como "PC bangs", a Coreia do Sul construiu uma enorme comunidade de jogadores.

"Se Atenas foi o berço dos Jogos Olímpicos, Seul é o berço dos desportos electrónicos", afirma Kang Do-kyung, um antigo jogador profissional que se tornou professor.

Um sinal de que os eSports estão a ser levados a sério é o facto de Seul ter criado as instalações de que estes prodígios dos ecrãs precisam: um centro de treinos com fisioterapeutas, apoio psicológico, um hotel de cinco estrelas com cozinha coreana... Tudo o que é necessário para se sentir em casa em Hanghzhou.

Em 2018, a Coreia do Sul perdeu a final do torneio de demonstração contra a China de "League of Legends". Este ano, o país vai em busca do ouro, embora os atletas não apontem o facto de não cumprirem o serviço militar como motivação.

"Quero obter um bom resultado porque temos a bandeira nacional nas nossas roupas", disse Jeong Ji-hoon, "Chovy", um jogador de "League of Legends".

Mesmo que vençam, não vão escapar à polémica. De acordo com os números oficiais, foram acordadas menos de 100 isenções para "artes e desportos" em 2022. E os beneficiários têm de demonstrar em público que estão comprometidos com o seu país.

Alguns até prestam outros tipos de serviços para provar o seu empenho, como é o caso da estrela do futebol Son Heung-min, que fez voluntariado.