“Este Europeu e o Mundial, no caso dele, têm estas duas componentes. Uma é tentar apurar-se como cabeça de série e outra o que nós conseguimos ver nesta parte final, que antecede os Jogos Olímpicos, o momento em que ele está. O quão capaz poderá estar depois, mais à frente, nos Jogos Olímpicos. Estar ou não a um grande nível”, disse o selecionador Pedro Soares à agência Lusa.
Para o treinador do judoca, na seleção e no Sporting, pela frente está um período crucial, que se inicia esta semana com os Europeus de Zagreb, prossegue com mais dois Grand Slam, no Cazaquistão e Tajiquistão, e conclui-se com os Mundiais em Abu Dhabi, de 19 a 23 de maio.
Fonseca (-100 kg), bicampeão mundial em 2019 e 2021 e bronze em Tóquio 2020, é um dos grandes trunfos na seleção, embora a meta principal esteja nos Jogos Olímpicos, competição em que é um dos virtualmente elegíveis, tal como João Fernando (-81 kg).
Os dois judocas vão competir esta semana nos Europeus, na perspetiva de somarem mais pontos na corrida a Paris 2024, caso contrário até seria provável não irem ao campeonato continental, quando se espera um próximo mês de intensa atividade.
A ideia é contabilizarem os pontos deste Europeu sem existir a obrigatoriedade de descartarem um dos cinco melhores resultados de outras competições.
“O apuramento olímpico são os cinco melhores resultados em Grand Slams, em Grand Prix e em campeonatos do mundo. Mais um sexto resultado, que é o continental”, explicou o selecionador, lembrando que João Fernando e Jorge Fonseca têm essa casa aberta por não terem grandes resultados no último Europeu.
No apuramento olímpico, João Fernando tem ainda a concorrência de Anri Egutidze em -81 kg, mas o judoca do Benfica, também a competir nos Europeus em Zagreb, está muito distante, a mais de 1.500 pontos do companheiro de seleção.
Para Pedro Soares, a vaga olímpica na categoria rainha do judo, entre João Fernando (na primeira posição abaixo dos diretos em -81 kg e a ocupar a quota continental), e Egutidze, depende também daquilo que o judoca do Benfica ainda consiga alcançar.
“Nada é impossível e, portanto, se for campeão da Europa, se for medalhado num Campeonato do Mundo, poderá mesmo até passar à frente do João e poderá até classificar-se. (…) Está em aberto e ele tem essas legítimas aspirações e com certeza sonha com isso”, admitiu.
Com o pensamento nos Europeus, Pedro Soares avaliou ainda as entradas de Miguel Gago (-66 kg) e Otari Kvantidze (-73 kg), já a pensar no ciclo para LosAngeles 2028, numa estratégia que engloba Pedro Lima, ausente em Zagreb devido a lesão.
“Para estes, temos uns objetivos um bocadinho mais comedidos, mas o Campeonato da Europa é também uma prova onde convém o país estar representado com uma expressão grande em termos de atletas”, acrescentou o selecionador.
A fechar a seleção, estão ainda Rodrigo Lopes (-60 kg) e Thelmo Gomes (-73 kg), mas com contextos diferentes.
O primeiro está à porta de um apuramento em -60 kg, com pouco menos de 20 pontos a separá-lo do último elegível diretamente na categoria, o que, num bom cenário, poderia colocar um terceiro elemento na equipa masculina olímpica.
“Vamos levar o Rodrigo Lopes, que está a competir ainda também para se apurar para os Jogos Olímpicos, está ali muito perto de o poder conseguir fazer. Seria muito bom, porque era mais um atleta nos Jogos Olímpicos. (…) Ficávamos com uma equipa mais ou menos na média daquilo que tem sido a participação olímpica dos atletas portugueses no judo, sete, oito atletas”, assinalou.
Para o treinador este é um momento determinante para os judocas que estão na linha de água, com a componente psicológica a ter muito peso: “Quem não tiver a capacidade de lutar com o chão a ferver, não se conseguirá apurar”.
A seleção portuguesa compete a partir de quinta-feira nos Europeus em Zagreb, com a participação de 15 judocas, sete em masculinos, Rodrigo Lopes (-60 kg), Miguel Gago (-66 kg), Thelmo Gomes (-73 kg), João Fernando e Anri Egutidze (-81 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg), e oito em femininos, Catarina Costa (-48 kg), Raquel Brito (-47 kg), Maria Siderot (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), de regresso à competição após lesão grave, Taís Pina e Joana Crisóstomo (-70 kg), Patrícia Sampaio (-78 kg) e Rochele Nunes (+78 kg).