Ex-treinador brasileiro de ginástica condenado por violação vive em São João da Madeira

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Ex-treinador brasileiro de ginástica condenado por violação vive em São João da Madeira

Em 2018, uma investigação trouxe à tona acusações de 42 ginastas brasileiros
Em 2018, uma investigação trouxe à tona acusações de 42 ginastas brasileirosRicardo Bufolin/CBG
Fernando de Carvalho Lopes, brasileiro com cidadania portuguesa, apresenta-se como "Sr. Carvalho" na cidade do distrito de Aveiro onde mora há mais de um ano, depois de ter deixado o Brasil após a condenação a 28 anos de prisão por violação de pessoa vulnerável a quatro vítimas. O antigo treinador da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) apresentou recurso ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) brasileiro e ainda pode apresentar recurso extraordinário.

O processo encontra-se em segredo de justiça para preservar a identidade das vítimas antes do STJ o voltar em julgar em terceira instância. O que se sabe é que o antigo treinador mudou-se para Portugal, mais concretamente para São João da Madeira, onde trabalha na restauração local, segundo revelou a Globo Esporte (ge), na quinta-feira. 

Inicialmente condenado a 109 anos e oito meses, em outubro de 2022, a sentença foi reduzida em segunda instância para 28 anos, em julho de 2023, embora o Tribunal de São Paulo tenha mantido a condenação por unanimidade, mas com possibilidade de recurso em liberdade.

"O regime inicial de cumprimento de pena será o fechado, em razão do quantum de pena aplicado, da gravidade e da hediondez do crime de estupro de vulnerável praticado pelo acusado contra quatro vítimas, durante longo período de tempo, valendo-se da sua condição de técnico dos atletas e da autoridade que exercia sobre elas", pode ler-se num trecho da decisão emitida em primeira instância.

De acordo com uma investigação do programa Fantástico, em abril de 2018, 42 ginastas revelaram ter sofrido abusos cometidos por Fernando de Carvalho Lopes ao longo de 15 anos, mas apenas quatro surgem citados como vítimas no processo. Os restantes atletas participaram no inquérito como testemunhas.

Uma dessas vítimas testemunha no processo criminal que veio a público é Petrix Barbosa, medalhista de ouro dos Jogos Pan-Americanos de 2011.

"Acho que nada apaga ou cura a dor de todos nós que sofremos e fomos abusados de formas diferentes cada um por esse monstro, porém espero que essa condenação, e a justiça finalmente sendo feita, conforte, console, acalme e ajude a todas as vítimas dessa situação a seguir a vida em frente e de cabeça erguida. Sinto-me orgulhoso de ter denunciado e saber que meus amigos e companheiros do desporto tiveram justiça e espero que possam ter paz", reagiu depois da condenação.

Segundo a investigação, o primeiro relato de abuso aconteceu em 2001, o último em 2016, compreendendo várias gerações e vários tipos de acusações: abuso físico, abuso moral e abuso sexual. 

Numa tentativa de fintar a Justiça, Fernando Carvalho mudou-se para Portugal em 2022, com passaporte brasileiro vencido desde 2018. No início desta semana o Procurador-Geral de Justiça daquele país requereu a prisão preventiva.

"Além das circunstâncias de o réu deixar o país, estabelecer residência no exterior, exercer atividade remunerada e adquirir automóvel representam não apenas risco concreto de fuga, mas efetiva evasão do distrito de culpa, com a finalidade de se colocar fora do alcance da jurisdição soberana da República Federativa do Brasil. Trata-se de cenário de risco à aplicação da lei penal, caracterizando-se o periculum libertatis", pode ler-se no pedido do Ministério Público de São Paulo.

Este pedido foi indeferido pela magistrada Daniela Teixeira por alegar que o réu não tem sentença penal definitiva, que até ao momento foi colaborando nas audiências e que não existe medida cautelar que o impeça de viajar. Fernando de Carvalho Lopes foi banido da ginástica pelo Superior Tribunal de Justiça da CBG, ainda tentou suspender a decisão, mas teve esse pedido anulado.

O ex-treinador tinha de responder a uma intimação para indicar o seu atual endereço até à última sexta-feira, 28 de junho. Segundo o ge, já passou por vários empregos desde que chegou a São João da Madeira, atualmente tem dois fixos, um dos quais em restauração.