Fernando Santos: “A entrevista de Ronaldo não tem nada a ver connosco”
É o tema na ordem do dia. A preparação da Seleção Nacional para o Mundial-2022 tem sido afetada pela entrevista concedida por Cristiano Ronaldo a Piers Morgan, cujos primeiros excertos começaram a ser divulgados no domingo.
Na antevisão do jogo com a Nigéria (quinta-feira, 18:45 horas), Fernando Santos foi chamado a comentar as palavras do capitão de Portugal - que vai falhar o jogo com a equipa africana - e a garantiu que o grupo está imune.
“Em qualquer conferência de imprensa existem sempre quatro ou cinco perguntas relacionadas com o Cristiano Ronaldo. Esta é uma questão que não tem nada a ver connosco, com a Seleção Nacional. Zero. Foi o jogador, o homem, que decidiu dar uma entrevista. São coisas pessoais dele. Que eu saiba não fala da Seleção Nacional. É uma entrevista muito pessoal, que temos que respeitar. Tem a ver com a tolerância, o respeito pelos outros. A nós Seleção Nacional não vi ninguém a comentar o assunto, muito pelo contrário”, explicou recusando existir qualquer tipo de obrigação de utilizar o avançado do Manchester United como titular: “Obrigação? Aqui ninguém é obrigado a nada. Se acho que todos os que estão aqui, incluindo o Ronaldo, têm condições para serem titulares? 200 por cento. Agora, obrigação ninguém tem, mal seria”.
A matriz africana
Virando o foco para a Nigéria, Fernando Santos assumiu que este é um adversário que vai dar para perceber algumas coisas relativas ao primeiro jogo de Portugal no Mundial-2022. A equipa das quinas, recorde-se, arranca a competição com um desafio diante do Gana, a 24 de novembro.
“Não é hábito as seleções europeias defrontarem equipas de continentes diferentes sem ser nos Mundiais. Neste caso calhou-nos a nós jogar contra seleções de três continentes diferentes (América do Sul, Ásia e África). O futebol africano melhorou muito em temos estratégicos, táticos e de planeamento, tem muitos jogadores na Europa, mas eu sei que os atletas quando estão reunidos entre eles aquilo que é culturalmente intrínseco, vem sempre ao de cima aquela matriz. Portanto nesse aspeto a Nigéria tem alguma coisa a ver com o Gana, muitas ações individuais, jogadores rápidos, explorar a profundidade. Normalmente nos jogos que eu visionei utilizaram um 4x4x2, enquanto o Gana é mais 4x3x3. Nesse aspeto são diferentes, mas tínhamos de realizar este jogo, o José Peseiro fez muita questão e que fosse aqui em Portugal, o que também era importante para nós e por isso aproveitámos”, explicou.
Uma estreia confirmada
A partida com a Nigéria chega quatro dias depois de muitos atletas terem realizado o último jogo com os respetivos clubes. Com Mundial a acontecer a meio da época na Europa, Fernando Santos reconheceu que vai ter de gerir alguns atletas até ao dia 24.
“Quando tens muitos minutos somados quer dizer que há algum cansaço acumulado, mas também existem aqueles casos que por um ou outro infortúnio tiveram problemas físicos e só regressaram à competição recentemente. Há que gerir também, como também quando é preciso gerir quando as grandes competições são em junho e há jogadores que vão sem ritmo, outros que jogaram até ao fim. Aqui apesar de ser a meio da época acontece a mesma coisa. Agora até dia 24, incluindo amanhã (quinta-feira), vamos ver todas estas questões para que os jogadores possam estar bem e de preferência ao mesmo nível”, disse.
E para já existe uma estreia confirmada. António Silva, que foi chamado pela primeira vez à Seleção Nacional, e que vai fazer os primeiros minutos esta quinta-feira, diante da Nigéria. De resto, o central de 19 anos do Benfica foi alvo de elogios da parte de Fernando Santos que justificou a chamada.
“Tenho confiança total, se foi convocado é porque eu acredito nele. Havia uma vaga para jogar a central, nesta convocatória. É um caso diferente de outras em que pensei em levar um jogador que fizesse central e lateral, mas aqui, tendo a possibilidade de levar 26 jogadores, resolvi que levaria 4 centrais. Três estavam praticamente certos (Rúben Dias, Pepe e Danilo Pereira) e dos outros fui vendo muitos jogos e entendi, em termos técnicos e estratégicos, que como a minha equipa joga normalmente com quatro defesas ia dar uma atenção redobrada aos que também jogam em sistemas a quatro. Do que eu vi nos jogos mais exigentes, Liga dos Campeões, clássicos, dérbis, a escolha acabou por recair no António Silva. Dos que estavam na lista dos 55 tinha confiança em todos e continuo a ter, atenção, mas tomei uma decisão. Amanhã (quinta-feira) vai ter tempo de jogo para sentir o peso da camisola, que também é importante, e além disso também tem um conjunto de jogadores ao lado dele com muitas internacionalizações”, explicou.
Outro dos jogadores que vai ter minutos diante da Nigéria é Pepe, que se encontra a recuperar de lesão.
“Começou a trabalhar na última semana com a equipa dele, o FC Porto, que tem um ritmo muito forte. Está melhor, mas temos mais alguns dias com ele para continuar e amanhã (quinta-feira) vai ter algum tempo de jogo também, para ir recuperando”, revelou.