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Fernando Santos: “Temos de pensar em quem está melhor para um determinado plano de jogo”

Fernando Santos explicou, ao Canal 11, as dinâmicas da convocatória para o Mundial-2022
Fernando Santos explicou, ao Canal 11, as dinâmicas da convocatória para o Mundial-2022Federação Portuguesa de Futebol
Selecionador nacional falou ao Canal 11 sobre o processo de escolha dos 26 atletas que estarão a representar Portugal no Mundial-2022, no Catar. Lembra que "a convocatória é feita a priori e sempre com base na teoria" e que, para além da qualidade, a escolha recai sobre "quem está melhor para um determinado plano de jogo".

"O selecionador é o treinador que chega a um clube e tem de trabalhar com os jogadores que tem. Aqui, a diferença é que temos os melhores portugueses, a nata. Depois temos de pegar neles e pensar na forma como podemos jogar e não tanto a ver com a nossa filosofia de jogo", explicou Fernando Santos, antes de exemplificar a sua ideia:

"As dinâmicas de jogo são sempre semelhantes, mas, se decidirmos usar dois avançados, temos de chamar mais jogadores para essa posição. Temos de pegar nos jogadores e construir um plano de acordo com as suas características".

O plano estratégico, garantiu, é fundamental na preparação de Portugal para uma competição da envergadura do Mundial-2022 e o técnico recuou ao Euro-2016 para o confirmar. "Jogávamos em 4-4-2 clássico, com Nani e Ronaldo, mas tínhamos um plano B com o Quaresma, que mudava o jogo. No caso do Éder, na final, achei, na altura, que precisava de um jogador mais fixo na área do que era, até, o Ronaldo", destacou, sublinhando que depois da convocatória, com os 26 jogadores escolhidos, irá "pensar no plano principal" e nos "planos alternativos" passíveis de adotar durante a campanha.

Ciente de que existirá discussão em torno das escolhas, o selecionador nacional vinca que a mesma será tema de conversa "de acordo com o entendimento" de cada um, mas que as pessoas se devem lembrar "que nenhum jogo é igual". "Há nuances que o jogo nos trás e a convocatória é feita com base nisso", reforçou, assegurando que envolve "sempre a equipa técnica" nas escolhas.

"Há um trabalho de observação e conversas sobre o momento dos jogadores. Na reta final, definimos em conjunto os 26 que estarão presentes".

Data não altera processo de escolha, mas pode influenciar momento dos jogadores

O Mundial-2022, no Catar, será especial por vários motivos, desde logo pela data em que se realiza. Um fator diferenciador, que, explicou Fernando Santos, "não muda nada" no processo de escolha dos atletas convocados, mas que pode influenciar a condição física dos mesmos.

"É diferente jogar esta competição num final de época, altura em que os jogadores estão no máximo da capacidade, mas em que temos quatro ou cinco semanas para trabalhar coletivamente", assumiu, alertando que "neste caso, no plano teórico, houve uma sobrecarga grande de jogos nesta fase" que resultou, inclusivamente, em alguns casos de lesões.

"Nos últimos dois ou três meses, os jogadores jogaram ao fim de semana e a meio da semana. Há alguns jogadores impedidos de jogarem o Mundial por lesão e acho que tem a ver com essa sobrecarga. Os jogadores querem jogar e ganhar todos os jogos", atestou, sem poder negar que o tema pese "no subconsciente" dos atletas.

"Não sei se nesta fase, nas duas últimas semanas, as lesões não pesam no subconsciente dos jogadores. Quando uns vêem casos como o do Diogo Jota ou o do Pedro Neto, tudo começa a influenciar. Eles dão sempre o seu melhor, mas não sei se isso não mexe com o subconsciente".

"Hoje teria levado só 23 ou 24 jogadores ao Euro-2020"

O número de atletas convocados para o Mundial-2022 foi, também, tema de conversa, com o selecionador nacional a reforçar a ideia de que um número alargado nem sempre é positivo.

"O Euro-2020 foi esquisito. Levámos 26 jogadores e o único que não o fez - e bem, na minha opinião - foi o Luís Enrique. Hoje teria levado só 23 ou 24, como ele, porque os coletes não pesam nos primeiros treinos, mas depois… Os jogadores estão à espera sempre de perceber quem joga e há sempre seis ou sete que vão ficando de fora. Por muito profissional e íntegro que se seja, são eles que vão para a bancada", apontou.

Presente nas reuniões realizadas no Catar, Fernando Santos revelou que "houve quem defendesse 29 jogadores" nas convocatórias, algo a que o técnico português se opôs.

"Eu e outros recusámos e dissemos que só aceitávamos 26 se todos pudessem ir para o banco. Até porque podemos mandar alguém para a bancada que, depois, seja preciso no jogo. Assim todos os jogadores sabem que são potenciais titulares. Já o sabem quando vêm à seleção, mas uma coisa é estarem no banco e saberem que podem entrar e outra é nem sequer lá estarem", explicou.

A poucas horas de anunciar a lista final de atletas que vão representar Portugal no Catar, Fernando Santos sabe que "alguns vão ficar naturalmente chateados", mas recorda que toma as decisões "consoante aquilo que a equipa possa precisar e não consoante o jogador". Pelo meio, voltou a recuar no tempo para dar a entender os sentimentos que assolam os atletas nestes momentos.

"Quando assumi o Estoril, eu fiz a convocatória e estava com a porta do balneário aberta enquanto fazia a barba. Nessa altura, passou um jogador a chorar e isso custou-me tanto que passei a fechar a porta. É doloroso deixar de fora alguém que trabalha e se esforça. Agora, imaginem isto ao nível da seleção nacional. Não há nenhum jogador que não ache que devia estar aqui, mas é para isto que os selecionadores existem".

Em jeito de conclusão, Fernando Santos mostrou-se confiante. "Os jogadores estão muito fortes, estamos muito coesos e acho que vai correr bem", afiançou.