Fórmula 1 acusa presidente da FIA de interferência comercial
Ben Sulayem, dos Emirados Árabes Unidos, foi eleito em 2021 para a posição principal do órgão governante da Fórmula 1, recorreu ao Twitter na segunda-feira depois de Bloomberg ter revelado que o Fundo Público de Investimento da Arábia Saudita estaria a explorar uma oferta nesse montante.
"Como guardiães do desporto automóvel, a FIA, como organização sem fins lucrativos, é cautelosa quanto a alegadas etiquetas de preço inflacionadas de 20 mil milhões de dólares colocadas sobre o desporto. Qualquer potencial comprador é aconselhado a aplicar o bom senso, considerar o bem maior do desporto e apresentar um plano claro e sustentável - e não apenas muito dinheiro", escreveu Ben Sulayem na sua conta pessoal.
Ele sugeriu que a FIA tinha o dever de considerar o possível impacto negativo nos adeptos e promotores, que poderiam ter de pagar mais.
Os comentários surgiram depois de ter demonstrado o seu apoio, este mês, à proposta de Michael Andretti de colocar uma 11.ª equipa na grelha - uma mudança à qual a maioria das equipas resistem devido à diluição das receitas.
Também alimentam a sensação do possível surgimento de uma guerra de territórios entre o órgão dirigente e um detentor dos direitos comerciais ansioso por fazer crescer um campeonato em expansão e cada vez mais popular.
A Sky Sports News noticiou que o chefe do departamento legal da Fórmula 1, Sacha Woodward Hill e a homóloga da Liberty Media, Renee Wilm, enviaram uma carta conjunta à FIA acusando o órgão de exceder o seu papel.
Em última instância, a FIA é dona dos direitos para o campeonato mas cedeu-os à antiga direção da Fórmula 1 de Bernie Ecclestone num acordo de 100 anos assinado em 2001, como parte de uma separação das atividades comerciais e regulatórias.
"A FIA comprometeu-se inequivocamente a não fazer nada que prejudicasse a propriedade, gestão e/ou exploração desses direitos", diz a carta, citada pela Sky.
"Consideramos que esses comentários, feitos a partir da conta oficial do presidente da FIA nas redes sociais, interferem com esses direitos de maneira inaceitável".
A catar, enviada ao Conselho do Desporto Motor Mundial da FIA, dizia que os comentários feitos correm o risco de exposição a "graves consequências regulamentares" e que a FIA poderia também ser responsabilizada.
"Qualquer indivíduo ou organização que comente o valor de uma entidade listada ou das suas filiais, especialmente alegando ou implicando a posse de informações internas ao fazê-lo, corre o risco de causar danos substanciais aos accionistas e investidores dessa entidade", disseram.
Fontes confirmaram à Reuters que os detalhes estavam correctos e que as equipas receberam cópias da carta esta terça-feira do chefe executivo da F1, Stefano Domenicali.
A Fórmula 1 não comentou o caso e a FIA também não respondeu imediatamente.