Análise: As primeiras notas sobre a República Checa, adversária de Portugal no Euro-2024
Recorde as principais incidências da partida
Acontece sempre. Quando se muda a liderança de uma equipa, ainda por cima depois de um período mais difícil, o ar fica mais limpo e respira-se melhor. Há um sopro de determinação e uma espécie de confiança. Foi o que sentiu Ivan Hasek quando falou, no Estádio Ullevaal, sobre o primeiro teste no seu novo cargo. A sua avaliação foi honesta e feita com o estilo que um adepto checo pede.
Embora o treinador tenha reconhecido que a Noruega colocou a seleção checa várias vezes em dificuldades, deixemos a avaliação do panorama geral do jogo para outro dia. Não é altura de julgar. Os treinadores só têm a equipa nas suas mãos durante alguns dias. Além disso, como o próprio Hašek deu a entender, contra a Arménia vão entrar em campo outros jogadores, talvez até com uma formação diferente, e será um jogo que vai obrigar os checos a ter iniciativa.
Ainda assim, vamos resumir algumas conclusões do confronto da Noruega com um adversário que, em termos de qualidade e valor do plantel, se enquadra na categoria de países que os checos vão defrontar no Euro, em junho.
Hašek optou por uma defesa a quatro, onde se apoiou nas ligações entre três jogadores do Slavia de Praga e contou com a boa exibição do guarda-redes Jindřich Staněk, também do Slavia, que se apresentou a bom nível.
No entanto, a equipa sentiu dificuldades nos corredores laterais. David Douděra foi obrigado a perseguir o enorme Alexander Sörloth, Jaroslav Zelený teve de ser encorajado a correr mais riscos, ser mais direto. De facto, Patrik Schick mostrou isso mesmo em campo quando recebeu um passe interessante de Zeleny.
O desempenho mais fraco na defesa também foi transferido para os corredores intermédios, ocupados por Pavel Šulc e Mojmir Chytil, dois jogadores que estão a entreter a liga checa. Na Noruega, no entanto, saltaram para posições pouco habituais, onde os seus pontos fortes foram neutralizados.
Havia outras opções em cima da mesa. Esperava-se, durante todo o jogo, que o treinador apostasse em Matej Jurásek, que foge ao protótipo do jogador checo, mas o médio de 20 anos do Slavia não saiu no banco.
Neste teste, o selecionador checo mostrou que, mais importante do que as posições, a ideia passa por apostar em jogadores que atravessam bons momentos de forma nas suas equipas.
O mesmo aconteceu no passado com Antonín Barák, que voltou a ser convocado pela nova equipa técnica e mostrou que continua a ser um jogador importante para a seleção. Provavelmente não vai acumular 90 minutos como Tomáš Souček, mas pode ajudar a equipa em momentos-chave.
No seu caso, o treinador entendeu que não vale a pena amarrá-lo, puxando-o para dentro da área e impondo-lhe um papel que não é seu. O jogador da Fiorentina acabou por ter liberdade de movimentos e o resultado foi uma exibição que entusiasmou, coroada por um golaço de livre direto.
Enquanto as apostas em Sulc e Chytil não deram em nada, a escolha por Barak mostrou que há boas opções ofensivas na equipa checa. No entanto, Hašek e a sua equipa precisam de acrescentar mais jogadores como Barák a uma equipa que apresenta claras limitações técnicas.
Resumo para Roberto Martínez
Fragilidades da República Checa: dificuldades no jogo de posse, excesso de jogo direto e cruzamentos, fragilidade nos duelos defensivos e equipa técnica recente.
Pontos fortes da República Checa: intensidade defensiva, bolas paradas ofensivas, jogo aéreo ofensivo e defensivo, eficácia de remate e transição ofensiva.