Danke Franz: Alemanha acende velas em memória do ícone do futebol Beckenbauer
Os habitantes de Munique, cidade natal de Beckenbauer, enfrentaram um frio polar para prestar homenagem, levando flores um dia depois de ter sido anunciada a morte do maior ícone do futebol alemão, vencedor de um Campeonato do Mundo como jogador e como seleccionador.
A sede do Bayern de Munique, na Saebener Strasse, foi um ponto de peregrinação para os adeptos de Beckenbauer, que passou a maior parte da carreira como jogador no clube, onde conquistou quatro de cinco títulos da Bundesliga e três Taças dos Campeões Europeus em 1974, 1975 e 1976.
"O Brasil tinha Pelé, a Argentina tinha (Diego) Maradona. Como alemão, não quero desvalorizar os outros, mas Franz Beckenbauer é o maior para mim", disse Henryk Mnich, 49 anos, à AFP , à porta dos escritórios do clube.
Flores foram colocadas em frente ao prédio e uma vela foi acesa em homenagem a Beckenbauer, que morreu aos 78 anos no domingo.
Jogando ao lado de outras lendas como Gerd Mueller e Sepp Maier nas décadas de 1960 e 1970, Beckenbauer ajudou o Bayern a tornar-se numa das maiores potências do futebol mundial.
Posteriormente, Beckenbauer orientou o clube para mais sucesso como presidente de 1994 a 2009, trabalhando com os antigos companheiros Uli Hoeness e Karl-Heinz Rummenigge.
"Nunca o esquecerei, como colega de equipa, como desportista, mas acima de tudo como homem", escreveu Maier no site Sport1 .
Minuto de silêncio
As palavras "Danke Franz" ("Obrigado, Franz") serão projetadas em homenagem no estádio do Bayern, a Allianz Arena, nos próximos dias. As homenagens vão continuar no próximo jogo dos bávaros em casa, contra o Hoffenheim, na sexta-feira à noite, para a Bundesliga.
Os outros clubes do campeonato vão prestar homenagem a Beckenbauer com um minuto de silêncio antes do pontapé de saída dos jogos deste fim de semana, quando as equipas regressarem da pausa de inverno.
O clube também anunciou uma cerimónia de comemoração para o público na Allianz Arena, no dia 19 de janeiro, a partir das 14:00.
Estão convidados "amigos e companheiros de viagem do desporto nacional e internacional, da cultura e da política e, mais amplamente, todos os adeptos e família alargada do futebol", anunciou o clube na terça-feira.
A data exata do funeral de Beckenbauer ainda não foi revelada pela família, que afirmou que "faleceu pacificamente" rodeado de familiares. O Bayern mudou a presença online para preto e branco para assinalar o falecimento do seu antigo capitão.
"O mundo do FC Bayern já não é o que era - subitamente mais escuro, mais silencioso, mais pobre. O Bayern nunca se teria tornado no clube que é hoje sem Der Kaiser", afirmou o clube numa eulogia publicada nas redes sociais.
O clube seria "um pouco diferente" sem Beckenbauer, confirmou Bogdan Piecuch, 45 anos, outro adepto que se deslocou aos escritórios do clube para se despedir.
Ícone nacional
Beckenbauer também deixou a sua marca na seleção alemã, vencendo o Campeonato do Mundo como jogador em 1974 e como seleccionador em 1990.
"Em 1990, como treinador, ele andou pelo estádio sozinho, aqueles segundos, minutos... essa é a minha memória de infância de Beckenbauer", disse Piecuch.
A imprensa alemã prestou homenagem ao futebolista, com o diário alemão Bild a dedicar a primeira página à perda do "nosso Kaiser".
Já foram sugeridas formas de homenagear o génio do futebol, cuja qualidade com bola na defesa esteve muitos passos à frente do que se viria a tornar no jogo moderno.
O seu antigo colega de equipa na seleção nacional e sucessor como treinador da Alemanha, Berti Vogts, tinha uma ideia para a Federação Alemã de Futebol: dar o nome de Beckenbauer à Taça da Alemanha, disse ao diário Rheinische Post.
"É importante que o seu nome não seja esquecido".