Enquanto em fevereiro o Borussia Dortmund perdeu pontos em quase todas as ocasiões e acabou por somar apenas uma vitória, em março respirou de alívio com uma série de vitórias coroada com um final verdadeiramente elegante. Um dos principais acontecimentos do último fim de semana no futebol europeu foi mais uma edição do famoso Der Klassiker, o duelo entre o Borussia Dortmund e o Bayern de Munique.
Desta vez, porém, com um sabor completamente diferente daquele a que os adeptos se habituaram nos últimos tempos. Pela primeira vez em 14 anos, o confronto da primavera aconteceu em uma situação em que nenhuma das duas equipas estava no topo da tabela da Bundesliga. No entanto, especialmente no caso do Dortmund, ainda havia algo a ser disputado. Mesmo depois da inesperada vitória por 2-0, a equipa ainda está à beira de garantir um lugar na próxima Liga dos Campeões e, claro, há que acrescentar o prestígio do próprio duelo.
O Bayern entrou em campo com uma formação 4-2-3-1, com Goretzka e Laimer num duplo pivô. Na primeira fase de construção, o primeiro recuou para a posição de central exterior, enquanto os flancos mantiveram a largura para que os extremos Musial e Sané se pudessem movimentar junto a Laimer. O objetivo era criar sobreposições no meio do campo e permitir que ambos procurassem espaço para levar a bola entre linhas.
O Dortmund respondeu posicionando-se num bloco de meio-campo muito compacto. Os jogadores mantiveram distâncias curtas entre si numa formação apertada, com o gatilho para a sua pressão a ser principalmente o cruzamento dos defesas exteriores De Ligt e Goretzka, que tinham a tarefa de atacar Brandt e Nmecha. Emre Can tinha um papel fundamental a desempenhar sem bola, e durante muito tempo conseguiu bloquear os passes para o meio do campo com uma boa movimentação.
Assim, o Bayern foi obrigado a jogar pelos lados, onde não tinha vantagem numérica, e o Dortmund também foi bem ajudado na defesa pelos dois extremos Sancho e Adeyemi. E se a pressão já tinha ultrapassado o adversário, as suas incursões ofensivas foram travadas de forma brilhante pelos defesas Hummels e Schlotterbeck, que fizeram um grande jogo.
O plano ofensivo do Dortmund consistia, em grande parte, na vontade de jogar sem bola e de atacar num eventual contra-ataque. Uma dessas oportunidades surgiu aos 10 minutos de jogo. A equipa da casa perdeu a bola depois de um passe errado no meio-campo ofensivo, que, após uma rápida reviravolta, chegou a Brandt e o seu cruzamento encontrou Adeyemi, cujo remate de ângulo não foi travado por Ulreich. Após o golo, Terzic continuou a tentar bloquear o meio campo, mudando a formação para um meio-campo muito compacto, mais uma vez.
Bayern falhou no ataque
O campeão em título adaptou-se então à mudança de Can, utilizando os médios mais avançados para que o alemão de raízes turcas não pudesse cobrir tanto espaço. De Ligt começou a equilibrar a bola à sua frente e a distribuir passes entre as linhas, o que permitiu ao Bayern dominar pelo lado direito com a ajuda de combinações precisas entre Kimmich, Muller e Sane, daí a grande oportunidade de Harry Kane no final da primeira parte. No entanto, o inglês não converteu essa oportunidade e a sua equipa não lidou bem com muitas outras situações de ataque.
Após cerca de uma hora de jogo, as alas do Bayern foram rodadas e o treinador Thomas Tuchel fez entrar Gnabry e Coman para o lugar de Musiala e Sane. Juntamente com Tel, que substituiu Müller. Mas o Dortmund continuou a defender-se bem e foi muito cauteloso no último terço do campo. Depois de perder a bola, recuou de imediato para o bloco agora muito profundo e o resto da defesa trabalhou bem. E enquanto o Bayern continuava a jogar de forma desinspirada no último terço, o Dortmund aumentou a vantagem para 2-0 após uma jogada muito inteligente e depois do golo anulado de Kane, o destino do jogo estava decidido.
Os visitantes não dominaram o jogo, mas foram eficazes e mostraram um desempenho defensivo muito atento, especialmente por parte dos seus defesas e de Emre Can. O Bayern, por outro lado, falhou especialmente na resolução de situações no último terço do campo, onde também foi um pouco azarado, e assim bloqueou o caminho do Bayer Leverkusen para o título. A vantagem de treze pontos é quase indelével, quando faltam apenas nove jornadas para o fim da Bundesliga.
O Bayern dificilmente sairá do grupo dos quatro primeiros classificados , mas só há espaço para um dos três: Borussia, Estugarda e Leipzig. Enquanto isso, em termos de dados importantes que avaliam a qualidade em ambos os lados do campo, o Dortmund está em desvantagem. Além disso, a equipa não é definitivamente favorecida pelo lote.
Este fim de semana, o Dortmund vai defrontar o Estugarda num importante jogo em casa, depois viaja para Madrid para o primeiro jogo da eliminatória dos quartos de final da Liga dos Campeões contra o Atlético, e a segunda metade de abril não será melhor. O Borussia vai defrontar não só o Leverkusen e o Leipzig, mas também o atual sétimo classificado Augsburg. O treinador Terzic terá muitas oportunidades para mostrar as suas capacidades tácticas.