Euro sub-19: Itália é o último obstáculo no caminho do sonho português... outra vez
Prestação imaculada
A seleção portuguesa chegou a esta prova privada de alguns dos principais nomes, como é o caso de João Neves, Diego Moreira, Dário Essugo, Mateus Fernandes ou Youssef Chermiti. Estes jogadores fizeram a fase de qualificação, mas não compareceram na fase final, que não está integrada nas datas FIFA, por terem estado ao serviço da seleção sub-21 e dos respetivos clubes.
Ainda assim, a qualidade da equipa treinada por Joaquim Milheiro - o seu trabalho de quatro anos merece todos os elogios - é inegável, como se tem visto ao longo da prova e, convenhamos, a própria menção a essas ausências é quase insultuosa para o grupo de trabalho presente em Malta.
Vejamos: candidato à qualificação no grupo A, Portugal começou a prestação com uma exibição sólida diante da Polónia, que terminou com uma vitória por 2-0, fruto dos golos de Gabriel Brás e Hugo Félix.
Seguiu-se o jogo com a Itália e mais uma exibição convincente (5-1), embora com uma agravante: Portugal esteve a perder pela primeira e única vez nesta fase final. O golo de Luca Lipani na sequência de um pontapé de canto - curiosamente, uma das maiores armas da equipa portuguesa - acabou por não ser alarmante, já que Rodrigo Ribeiro empatou ainda na primeira parte.
Lipani viria a ser expulso e a remontada lá apareceu, transformando-se rapidamente em goleada. Apesar da situação teoricamente mais favorável, Portugal já se tinha mostrado superior na fase que antecedeu a expulsão e até o golo inaugural. Porque mais do que os golos, saliente-se a forma como surgiram e a qualidade de jogo.
O apuramento para as meias-finais estava consumado e a terceira jornada serviu apenas para cumprir calendário. Com muitas mudanças na equipa, os portugueses venceram a anfitriã Malta por 2-1, com golos de Miguel Falé e João Vasconcelos.
Na partida de acesso à final, Portugal encontrou a histórica e surpreendente Noruega, treinada pelo português Luís Pimenta, que nunca tinha chegado tão longe na competição Perspetivava-se um jogo difícil, frente a um bloco baixo e a uma equipa coesa, mas o nó foi rapidamente desatado e, mais do que isso, os míudos tornaram o jogo fácil, terminando-o em goleada (5-0) mais uma vez. Gustavo Sá, Hugo Félix, Rodrigo Ribeiro (2) e Carlos Borges abriram as portas da final.
Sexta final do escalão
Como referido anteriormente, a seleção de sub-19 está pela sexta vez na final de um Campeonato da Europa, a primeira com Joaquim Milheiro ao leme. Apesar do historial risonho, Portugal só conquistou o troféu uma vez.
Tudo começou em 2003, precisamente frente à Itália, liderada por um tal de Chiellini. Em Lahnstein, na Alemanha, a equipa treinada por Carlos Dinis caiu diante dos transalpinos por 2-0. Essa geração era composta por nomes como Hugo Almeida, João Pereira ou Amoreirinha.
A partir daí foram precisos 11 anos para voltarmos a ver a equipa das quinas numa final, desta feita diante da Alemanha. O jogo decisivo voltou a não sorrir, já que Hany Mukhtar, antigo jogador do Benfica, fez o golo da vitória germânica (0-1), acabando com o sonho do timoneiro Hélio Sousa e de uma geração com nomes como André Silva, Rony Lopes, João Palhinha e companhia.
Três anos bastaram para Portugal regressar ao jogo do título, mas à terceira final não foi de vez e desta vez o troféu viajou para Inglaterra (1-2), com golos de Easah Suliman - jogador que está ligado ao Vitória de Guimarães - e Lukas Nmecha - autor do golo que "roubou" o Euro de sub-21 a Portugal, em 2021.
No ano seguinte, Hélio Sousa assumiu uma das maiores gerações de sempre do futebol português, que tinha vencido o Europeu de sub-17 e contava com Diogo Costa, Jota e Trincão, além de Diogo Dalot e João Félix que não estiveram na fase final.
A final voltou a colocar Itália no caminho de Portugal e, depois dos italianos terem levado a melhor na fase de grupos, o golo de Pedro Martelo no prolongamento deu ao nosso país o título há muito ambicionado (3-4).
Depois desse triunfo, Filipe Ramos assumiu o comando da seleção de sub-19 e, com a geração seguinte - a de Vitinha, Fábio Vieira e Gonçalo Ramos -, recolocou Portugal na final. O resultado voltou a não ser o esperado e Espanha venceu por 2-0, com um bis de... Ferran Torres.
2023, o desempate
Revistas todas as finais de Portugal no escalão, fazemos fast forward até 2023, ano em que Portugal e Itália se encontram pela terceira vez na final. Com um triunfo a cair para cada lado, esta partida vai ditar quem leva a melhor e chega ao segundo título.
No papel, a equipa das quinas pode ser considerada favorita, mas os transalpinos vêm de um triunfo moralizador diante de Espanha, nas meias-finais (3-2). A turma italiana caracteriza-se pela organização coletiva e pelo poderio físico dos seus jogadores. Em termos individuais, Luis Hasa, Francesco Esposito e Filippo Missori - além do já conhecido Cher Ndour - destacam-se e podem fazer a diferença.
Acompanha o jogo no Flashscore
Espera-se mais um jogo complicado para Portugal e frenético em termos de espetacularidade. Portugueses e italianos não eram, à partida, considerados os grandes favoritos a conquistar o troféu, mas mostraram em Malta que merecem o lugar na final. Falta apenas saber quem conquista o tão esperado título.