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Manuel Cajuda: "O Olhanense está num estado de coma mas não faleceu nem vai falecer"

LUSA
Manuel Cajuda é o novo presidente do Olhanense
Manuel Cajuda é o novo presidente do OlhanenseLUSA
Manuel Cajuda foi eleito esta quarta-feira como novo presidente do Olhanense, clube da sua terra natal que representou como atleta e treinador e que agora quer tirar de “um estado de coma”, depois de ter sido relegado aos escalões distritais.

O Olhanense está num estado de coma, com prognóstico muito reservado. Mas está vivo ainda, não faleceu, nem vai falecer. Há uma coisa que eu posso garantir: o Olhanense não morre hoje e tem vida para andar”, disse à Lusa o novo líder dos “rubronegros”.

Manuel Cajuda encabeçava a única lista candidata ao sufrágio, que contou com 148 sócios votantes, registando 545 votos a favor, dois brancos e um nulo.

O Olhanense, que disputou a Liga pela última vez em 2013/14, época de criação da SAD, caiu aos escalões inferiores nos anos seguintes e esta temporada foi mesmo relegada, pela primeira vez na sua história, às competições distritais.

Aos 71 anos, o antigo treinador ‘embarca’ numa nova ‘aventura’ para um mandato de dois anos, até 2025, respondendo a um apelo de muitas individualidades da cidade e do concelho.

Nunca pensei voltar ao clube nesta situação. Nos últimos 10 anos, o Olhanense foi por aí abaixo e chegou a esta situação muito difícil. Mas vi à volta do meu nome um apoio da cidade e das pessoas”, afirmou.

Manuel Cajuda, natural de Olhão, representou o clube ‘rubronegro’ como jogador nas camadas jovens e como sénior, na década de 70 do século passado, e voltou mais tarde como treinador, em três períodos distintos: entre 1985 e 1987 e nas épocas 1988/89 e 2012/13, esta última na Liga.

Cajuda revelou que o primeiro convite partiu de Álvaro Viegas, vereador da Câmara de Olhão, mas que só se sentiu disposto a avançar com o apoio da família, destacando o papel do filho e empresário Hugo Cajuda, que prometeu ajudar, e também o apoio do presidente da autarquia, António Miguel Pina.

Não vale a pena chorar. Com muitas dificuldades, estamos no pior momento da vida do Olhanense. Vamos ter de fazer coisas novas, de crescer e de lutar, mas não podemos desistir”, vincou o dirigente, que sucede no cargo a Isidoro Sousa, que presidia desde 2007.

Tanto clube como SAD estão a braços com dificuldades financeiras – ambas as entidades estão envolvidas há anos em Processos Especiais de Revitalização (PER), instrumento que evita a insolvência de sociedades em situação económica crítica.

Depois de o clube ter renunciado ao protocolo com a SAD, existem muitas dúvidas sobre a forma como o futebol sénior terá continuidade em Olhão, mas o agora dirigente deixou uma garantia.

Garantir que vai haver futebol sénior (em 2023/24), garanto. Pode é não ser aquilo que desejava, nem o que os sócios desejavam. Porque existem grandes problemas, que já vêm de trás, em termos de ligação entre SAD e clube. Se não houver entendimento, se a decisão final for ‘matas o Olhanense, ou matas a SAD’, eu terei de ‘matar’ a SAD, isto entre aspas boas. Vou tentar resolver o problema”, sublinhou Manuel Cajuda, à Lusa.

O novo presidente quer ver os sócios de volta, lembrando que já houve um aumento “considerável” nas últimas semanas, e assegurou que vai informar “com clareza” os associados “de tudo o que se passa no Olhanense”.

Cajuda sustentou que o emblema de Olhão tem “um passado de que se deve orgulhar” e que as comemorações do centenário do triunfo no Campeonato de Portugal em 1924 serão realidade no próximo ano.