Entrevista Flashscore a Miguel Valença: "Espero fazer história no Beira-Mar"
"É um enorme orgulho poder treinar o Beira-Mar"
- O que significa para o Beira-Mar esta participação no Campeonato de Portugal e quais os objetivos para este campeonato?
- Significa muito, o Beira-Mar tem atravessado um processo de reestruturação para conseguir dar as melhores condições possíveis para a equipa sénior e formação, porque, mais cedo ou mais tarde, a equipa sénior vai ter de ser alimentada pela sua formação. Hoje em dia com a academia, o Beira-Mar acaba por conseguir chegar às equipas de elite a nível português. Já começa a trabalhar como antigamente e há muitos jovens a procurar o Biera Mar, que conta com treinadores qualificados para formar bem. Em relação a objetivos, o ano passado foi de consolidação no Campeonato de Portugal, este ano o objetivo é mais alto e passa pela procura dos primeiros lugares para a promoção à Liga 3. O clube está em crescimento estrutural, está em crescimento a nível de infraestruturas e tem de colocar a menina dos olhos lindos, que é a equipa sénior, nos escalões profisisonais. É um trabalho complexo e as coisas não se conquistam de um dia para o outro, mas com a estrutura, condições de trabalho, compromisso e dedicação de todos, o Beira-Mar tem tudo para chegar a esses objetivos.
- O Beira-Mar é um dos históricos do futebool português. O que significa para o Miguel ser o treinador deste clube?
- Significa muito. É um enorme orgulho e privilégio poder treinar o Beira-Mar. É um clube com 102 anos de história, que esteve na elite do nosso futebol, já ganhou uma Taça e jogou competições europeias. É um privilégio muito grande.
- Semana após semana, sente o peso histórico deste clube?
- Sentimos o peso todos os dias, porque a massa adepta é grande e apoia-nos em todos os momentos e, desde que entrei aqui no primeiro dia, senti logo a grandeza do clube e senti que todos estavam a puxar para o mesmo lado, para chegar aos patamares onde o clube nunca devia ter saído. Com muita dedicação e compromisso, acredito que o clube vai conseguir. Espero conseguir colocar o clube noutro patamar e fazer história. O Beira-Mar nunca esteve na Liga 3 e trabalhamos para que essa responsabilidade seja uma alegria para todos.
- Qual a sua opinião sobre a competitividade do Campeonato de Portugal?
- Muito competitivo. Podemos falar dos quadros, muita das vezes não são enquadrados da melhor maneira, uma vez que descem 5 em 14 e é muita gente e muito doloroso. Na série B, acaba por ser um trabalho árduo, o 3.º classifcado está a cinco pontos da linha de água. Se alguém se distrair, poderá sofrer um sobressalto. Todos podem ganhar a todos, portanto encaramos todos os jogos como mais uma final. A diferença está no pormenor. É o campeonato mais competitivo que o nosso futebol português tem e os números demonstram isso mesmo.
- Treinar o Beira-Mar é muito diferente das experiências que já teve?
- Acaba por ser idêntico a treinar qualquer equipa, não menosprezando a história do clube. Mas o que quero dizer é que sou profissional do primeiro ao último dia em todos os clubes por onde passo. Agora, é óbvio que é sempre prestigiante treinar um histórico, com uma massa adepta muito grande, um clube que consegue colocar 4-5 mil pessoas em casa, mais do que muitas equipas da Liga. A história dá-nos esse presente domingo após domingo.
"Quero chegar aos campeonatos profissionais"
- Como surgiu a possibilidade de começar a treinar?
- Surgiu aos 28 anos no Oliveira do Hospital. Na altura, o presidente lançou-me o desafio de agarrar a equipa, depois da subida do distrital ao Campeonato de Portugal, e depois de alguns dias a ponderar achei que era o momento certo para uma carreira que já vinha a preparar. Já tinha o segundo nível aos 28 anos e já treinava formação há 10 anos, portanto o passo foi dado mais cedo do que esperava, mas a oportunidade surgiu e agarrei com tudo o que tinha. Estou muito grato ao Paulo Figueira, que me deu a oportunidade de iniciar a minha carreira.
- Quais os seus objetivos a curto e longo prazo?
- Olho muito a curto prazo: quero chegar aos campeonatos profissionais. É uma meta que vou atingir, mais ano, menos ano, mas olho muito a curto prazo. Penso muito em crescer diariamente onde estou, para quando surgir (a oportunidade) estar o mais preparado possível para agarrar. O ano passado dei passo atrás em termos de competição, mas achei que era o melhor para a minha carreirra porque não tenho pressa de alcançar os meus objetivos.
- Que tipo de jogo mais gosta?
- Procuramos uma pressão mais alta para estar perto da zona de finalização, para alcançar o objetivo do jogo: o golo. No que toca a nós com bola, gosto de uma equipa em ataque posicional, tentando ter sempre superioridade onde está a bola. Muitas vezes não conseguimos que aconteça a nível de jogo, mas sou muito camaleónico porque me adapto bem ao contexto e aos jogadores.
- E qual o seu tipo de liderança?
- Uma liderança participada. Gosto que todos participem e opinem. Os jogadores é que são obreiros no dia de jogo e acho que a participação deles é produtiva para a melhoria dos nossos parâmetros.
- Quais as maiores referências?
- O José Mourinho foi o primeiro treinador a meter o bichinho de treinador dentro de mim. Fez com que fosse à procura de entender mais o processo de treino e o processo de jogo. Depois, Paulo Fonseca, pela simplicidade, humildade e ideias. E Guardiola e Klopp pelo que trouxeram também a nível de ideias.