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A história do 9-0 que acabou eternizado numa canção de Beatriz Costa

Portugal não conseguiu travar os golos espanhóis
Portugal não conseguiu travar os golos espanhóisD.R.
Esta segunda-feira foi um dia histórico para Portugal. A Seleção Nacional venceu por 9-0 o Luxemburgo, na sexta jornada do Grupo J de apuramento para o Europeu 2024 e somou a maior vitória de sempre. Contudo, existe outro 9-0 marcante na história da equipa lusa, mas mais infame.

11 de maio de 1934, Madrid. Um local onde poucos portugueses gostariam de voltar e ao qual 15 nomes ficaram associados a um dos maiores debacles do desporto nacional.

13 anos depois de ter feito o primeiro jogo, Portugal ia tentar a participação num Campeonato do Mundo. Para isso tinha de ultrapassar Espanha num grupo em que só estavam os dois, de forma a garantir a presença em Itália.

A expectativa era grande, com centenas de pessoas a encherem a estação de Santa Apolónia para se despedirem da equipa orientada por Ribeiro dos Reis. Recém-empoderado pela Constituição de 1933, o Estado Novo começava a dar os primeiros passos e Salazar queria aproveitar a ocasião no campo de futebol para fazer uma demonstração política.

Se Portugal estava numa ditadura de direita conservadora, Espanha viva a Segunda República (nascida em 1931) com ideais da esquerda republicana, liderada por Manuel Azaña e que terminaria em desgraça, na Guerra Civil.

Os jogadores em Chamartín
Os jogadores em ChamartínD.R.

Contudo, a tarefa não se afigurava fácil. Este seria o nono jogo entre as duas seleções, sendo que nos oito anteriores o melhor que Portugal conseguiu foi um empate a duas bolas no Lumiar, em 1928. E o prenúncio não foi melhor, quando o selecionador foi obrigado a ficar em Lisboa, devido à doença da mãe, deixando o comando a Ricardo Ornelas, com quem decidiu a tática oito dias antes, numa reunião feita na capital.

Como é bom de ver, o primeiro jogo oficial entre Portugal e Espanha acabou por se revelar muito duro para as hostes nacionais que aos 12 minutos já perdiam por 0-3. Isidro Langára marcou cinco na seleção capitaneada pelo histórico guarda-redes Zamora, e foi a principal cara do pesadelo luso.

Em Lisboa a goleada acabou por ser recebida com choque. Ninguém do executivo de Salazar se quis associar à equipa (fortemente criticada) e não estiveram presentes na segunda mão (que terminou com 1-2 a favor dos espanhóis que foram até ao Mundial onde caíram perante Itália, nos quartos de final).

Nem às artes passou despercebida tamanha desilusão. Dois anos depois, Beatriz Costa e Nascimento Fernandes eternizaram a goleada com uma canção usada na revista, onde ironizavam: “Se a seleção trabalha/É como eu quero/Agora é que não falha/ Nove a Zero”.