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Reclamações e greves: jogadores reagem a calendário insustentável do futebol europeu

Rodri é um dos muitos jogadores que se queixam do excesso de jogos
Rodri é um dos muitos jogadores que se queixam do excesso de jogosShaun Botterill / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP
Reclamações e ameaças de greve. Os jogadores de futebol e os seus representantes, acompanhados de estudos de apoio, tomaram a iniciativa de travar o ritmo cada vez mais infernal do calendário internacional, dirigindo-se diretamente à FIFA por não ter em conta a sua saúde.

Esta semana, o médio espanhol Rodri, do Manchester City, levantou a voz quando questionado sobre a possibilidade de uma greve de jogadores.

"Sim, acho que estamos perto. Se perguntar a qualquer jogador, ele dir-lhe-á que é uma opinião generalizada entre os futebolistas, não é apenas a minha opinião. Se as coisas continuarem assim, quando chegar a altura, não teremos outra alternativa", afirmou o médio.

Muitos jogadores consideram que o calendário é insustentável. Rodri, por exemplo, disputou cerca de 60 jogos na época passada, entre o Manchester City e a seleção espanhola, com a qual venceu o Campeonato da Europa, mas acabou por se lesionar.

"O calendário atual é, na minha modesta opinião, excessivo. Temos de cuidar de nós próprios, somos os protagonistas deste desporto, ou deste negócio, como lhe queiram chamar", afirmou Rodri.

No início de setembro, o defesa central francês Dayot Upamecano expressou uma opinião semelhante.

"Os espectadores querem um bom espetáculo, mas é complicado produzi-lo com todos estes jogos. Espero que um dia compreendam que jogamos demasiados jogos, o que leva a lesões, já tivemos duas lesões na seleção (francesa) e se a situação não mudar vamos ter mais", continuou.

Outros jogadores importantes, como o capitão do Real Madrid, Dani Carvajal, e o seu treinador, Carlo Ancelotti, o guarda-redes brasileiro do Liverpool, Allison, e o treinador francês, Didier Deschamps, também se queixaram de que os jogadores não são tidos em conta na elaboração do calendário.

Perante esta situação, a FIFPRO, a federação internacional de sindicatos de jogadores, através das suas secções nacionais, apresentou uma queixa contra a FIFA em junho, depois de a federação internacional ter estabelecido unilateralmente um calendário que incluía a criação do Campeonato do Mundo de Clubes, que se disputaria entre 15 de junho e 13 de julho de 2025.

Campeonato do Mundo de Clubes

No centro da polémica está o torneio de 32 equipas a realizar no próximo verão, nos Estados Unidos, que, somado aos já existentes, criaria "um calendário internacional para lá da saturação, insuportável para as ligas nacionais e perigoso para a saúde dos jogadores", afirmaram a FIFPRO Europa e a associação de ligas na quarta-feira.

As duas organizações vão apresentar uma queixa contra a FIFA, junto da Comissão Europeia, a 14 de outubro, por razões de direito da concorrência, uma vez que as várias ligas europeias consideram que a proliferação de competições internacionais prejudica a atratividade das ligas nacionais.

"Foi confirmado que um jogador que joga mais de 55 jogos por ano perde intensidade física e está mais exposto a lesões físicas e fadiga mental", disse David Terrier, presidente da FIFPRO Europa.

Em resposta a estas alegações, a FIFA citou um estudo do CIES (Centro Internacional de Estudos Desportivos) que explica que "os clubes não estão a jogar mais jogos por época, o que vai contra a crença de um calendário cada vez mais preenchido".

De 2012 a 2024, "o número médio de jogos por clube por época manteve-se estável em pouco mais de 40. Apenas 5 por cento dos clubes jogam uma média de mais de 60 jogos por época (excluindo amigáveis)", lê-se no estudo independente.