Análise: 10 baixas importantes no Mundial feminino
Há muitas caras conhecidas que vão falhar a presença no Mundial. Umas por opção técnica dos selecionadores, mas (muitas) outras devido a graves lesões. A ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho (ACL) pode mesmo ser vista como uma maldição da prova.
Vários estudos sugerem que as mulheres têm duas a oito vezes mais probabilidades de sofrer lesões ligamentares do que os homens no mesmo desporto e 25% menos probabilidades de regressar após a recuperação. O Flashscore reuniu as principais ausências do Mundial-2023.
Sara Gama
34 anos, Itália, Juventus
A histórica capitã italiana Sara Gama ficou de fora da lista de Itália por decisão "técnico-tática" da selecionadora Melina Bertolini. Aos 34 anos e com 126 internacionalizações, a defesa despediu-se assim da possibilidade de participar num último Campeonato do Mundo.
"Aceito a escolha da treinadora, apesar da amargura destas horas difíceis devido à forma e ao prazo com que esta decisão me foi comunicada. Dei tudo em 18 anos com a seleção", reagiu Gama depois de ter sido informada três dias antes do anúncio oficial da convocatória para o Mundial.
A goleadora do AC Milan Martina Piemonte também foi riscada por motivos "técnico-táticos".
Vivianne Miedema
27 anos, Países Baixos, Arsenal
A melhor marcadora da última edição dos Jogos Olímpicos - 10 golos em quatro jogos (!) - é uma das principais baixas do torneio. A internacional neerlandesa participou no Euro-2022 com algumas limitações físicas, mas agora foi mesmo impossível integrar a convocatória de Andries Jonker.
A melhor marcadora de todos os tempos dos Países Baixos (95 golos em 115 jogos) rompeu o ligamento cruzado do joelho (ACL) em dezembro do ano passado, num jogo da Liga dos Campeões, e ainda está em processo de recuperação. Uma péssima notícia para o Mundial, uma boa notícia para Estados Unidos, Portugal e Vietname, adversários da seleção neerlandesa na fase de grupos.
Patri Guijarro
25 anos, Espanha, Barcelona
A média do Barcelona integrou a famosa lista de 15 jogadoras que anunciaram o afastamento da seleção espanhola em rota de colisão com os métodos do selecionador Jorge Vilda e foi das poucas que não deu o braço a torcer, juntamente com as companheiras de equipa Mapi León e Claudia Pina. As três, aliás, ficaram de fora da lista de Espanha para o Mundial.
Aos 25 anos, Patri é uma lamentável baixa do principal torneio de seleções que vai decorrer na Austrália e na Nova Zelândia. Está no pico das suas capacidades, depois de ter ajudado o Barcelona a conquistar a última edição da Liga dos Campeões, com dois golos marcados na final frente ao Wolfsburgo (3-2).
Beth Mead
28 anos, Inglaterra, Arsenal
O Arsenal foi das equipas mais afetadas por lesões graves nos últimos meses e providencia mais uma baixa importante para o Mundial. Tal como a companheira de equipa Miedema, Beth Mead rompeu o ligamento cruzado do joelho no final de 2022 e não recuperou a tempo de ser opção para Sarina Wiegman na seleção de Inglaterra.
A avançada é uma das melhores jogadoras do mundo da atualidade, tendo sido considerada mesmo a melhor jogadora (e marcadora) do Euro-2022, onde assumiu um papel importantíssimo na conquista do título europeu para a equipa inglesa. A avançada Fran Kirby, do Chelsea, também rompeu o ligamento (ACL) e desfalca também ela o ataque inglês.
Marie-Antoinette Katoto
24 anos, França, Paris Saint-Germain
A sorte não acompanha definitivamente a jovem avançada gaulesa, que esteve entre as nomeadas a melhor do mundo em 2022.
Katoto falhou o Mundial-2019 depois de ter sido a melhor marcadora da liga francesa, lesionou-se no Euro-2022 num ano em que se tornou a melhor marcadora da história do Paris Saint-Germain e agora ainda recupera de uma lesão que a afastou da competição em toda a temporada 2022/23.
Katoto é uma verdadeira máquina de fazer golos (marca de todas as formas e feitios), mas não vai estar presente no Campeonato do Mundo. É mais uma baixa por ruptura do ligamento cruzado anterior (ACL), um autêntico fantasma desta competição.
Amandine Henry (33 anos), que tinha regressado à seleção depois de dois anos de ausência, lesionou-se durante o estágio de preparação e também falha.
Catarina Macário
23 anos, Estados Unidos, Chelsea
Tal como a francesa Katoto, Catarina Macário não disputou qualquer partida na temporada 2022/23, depois de se ter lesionado no último jogo da época 2021/22 ao serviço do Lyon. A futura jogadora do Chelsea rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho (ACL).
Nascida em São Luís, no Brasil, a criativa de 23 anos naturalizou-se norte-amerciana em 2020, no último ano de colégio nos Estados Unidos, e rapidamente assumiu-se como um nome importante numa das seleções mais fortes do Mundo. Infelizmente, mesmo perante tanto esforço, não conseguiu recuperar a tempo de integrar a seleção de Vlatko Andonovski.
Janine Beckie
28 anos, Canadá, Portland Thorns FC
Uma das grandes figuras da conquista olímpica do Canadá em 2020, Janine Beckie é baixa de relevo para o Campeonato do Mundo, também ela por ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho (ACL), sofrida em março deste ano num encontro de pré-temporada dos Portland Thorns.
A seleção canadiana perde assim uma jogadora polivalente, capaz de marcar e assistir com muita naturalidade, no fundo uma das principais referências da seleção de Bev Priestman que vai lutar pela conquista do título mundial.
Ludmila
28 anos, Brasil, Atlético Madrid
Presença habitual nas escolhas de Pia Sundhage, Ludmila não vai marcar presença no Campeonato do Mundo. A avançada de 28 anos sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho (ACL) em março, num dos maiores clássicos do futebol espanhol, entre Atlético Madrid e Real Madrid, e desfalca assim o ataque do Brasil que vai ser liderado pela lenda Marta.
Aos 28 anos, Ludmila oferecia experiência e qualidade com bola, sendo um elemento que vinha alternando entre a titularidade e o banco de suplentes nos últimos jogos da seleção.
Nycole Raysla, do Benfica, lesinou-se já na Austrália - sofreu uma contusão no tornozelo esquerdo na sequência de uma disputa de bola num jogo-treino - e também fica de fora da prova.
Becky Sauerbrunn
38 anos, Estados Unidos, Portland Thorns FC
Através de uma emotiva publicação nas redes sociais, a histórica capitã dos Estados Unidos anunciou em junho que não reunia as condições físicas desejadas para integrar a seleção bicampeã mundial no Campeonato do Mundo.
Aos 38 anos e com mais de 200 internacionalizações, Becky iria assumir possivelmente um papel de menor relevo do que aquele que teve nos Mundiais 2015 e 2019, ainda assim não deixa de ser uma ausência notada e a perda de uma referência para a renovada seleção norte-americana em busca do terceiro título consecutivo.
Christen Press (34 anos) é outra importante baixa nos Estados Unidos. A histórica avançada sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior (ACL) em junho de 2022.
Linda Dallmann
28 anos, Alemanha, Bayern Munique
A camisola 10 do Bayern Munique não recuperou a tempo de uma lesão no tornozelo e está fora da lista da Alemanha para o Campeonato do Mundo. Linda esteve presente na fase final dos Europeus 2017 e 2022, este último que resultou na chegada à final da seleção germânica, e ainda no Mundial 2019.
Não é um elemento de primeira linha como Oberdorf, Svenja Huth, Lea Schüller ou Alexandra Popp, mas seria muito útil para a selecionadora Martina Voss-Tecklenburg.
Além de Linda, Giulia Gwinn e Carolin Simon são baixas na seleção germânica, ambas por lesão no ligamento cruzado anterior do joelho (ACL), sendo que Simon ficou afastada após se ter lesionado no encontro de preparação recente frente à Zâmbia (3-2).
Leah Williamson
26 anos, Inglaterra, Arsenal
Além de Mead e Kirby, a Inglaterra perdeu mais uma peça fundamental da sua histórica conquista europeia em 2022. A capitã Leah Williamson rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho (ACL) em abril, num jogo frente ao Manchester United (1-1), e é mais uma dura baixa para Sarina Wiegman.
Com esta ausência, a seleção inglesa perde liderança, referência e muita garra. Leah é capaz de desempenhar várias funções em campo, seja no eixo da defesa ou no meio-campo, que faz dela uma das melhores jogadoras inglesas da atualidade.