Análise: Amani espera "surpresas" e alerta para o perigo do "contra-ataque" neerlandês
Os Países Baixos não são propriamente uma seleção de muita tradição no futebol europeu e mundial, no entanto têm sido particularmente felizes nas últimas grandes competições - ouro no Euro-2017 e prata no Mundial-2019.
Contudo, a equipa neerlandesa não figura no lote de principais candidatos a vencer a competição na Austrália e Nova Zelândia, por um conjunto de fatores.
Instabilidade técnica após saída de Sarina
A saída de Sarina Wiegman após os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, para assumir o comando técnico de Inglaterra, provocou uma onda de instabilidade na seleção neerlandesa.
Mark Parsons teve uma passagem fugaz por conta do fracasso no Euro-2022 e agora é a vez de Andries Jonker apresentar os seus trunfos. Influenciado pelas ideias de Louis van Gaal, Jonker apresenta um modelo híbrido (o 4-4-3 muda a espaços para um 5-3-2), com as peças do xadrez a movimentarem-se mediante os desafios propostos pelos adversários.
A boa organização tática, pressão alta sobre o adversário e as transições ofensivas são as principais características de uma seleção que vai procurar superar a concorrência de Estados Unidos, Vietname e Portugal.
Jill Roord, o principal perigo
Na ausência de Vivianne Miedema, referência e máxima goleadora da história dos Países Baixos, Jill Roord é chamada a assumir um papel de liderança ainda mais importante.
A média, de 26 anos, atravessa a melhor fase da sua carreira, certamente ainda mais motivada pelo próximo passo - anunciada a sua mudança do vice-campeão europeu Wolfsburgo para o Manchester City, de Inglaterra.
Roord destaca-se pela qualidade no passe, polivalência (pode aparecer na ala ou no meio, que é o seu habitat mais natural) e pela facilidade com que sai de situações de pressão.
Victoria Pelova, Lieke Martens e Esmee Brugts são outros nomes para anotar no bloco de notas.
A visão de uma neerlandesa em Portugal
Jolina Amani mudou-se para o futebol português no verão de 2020, então para representar o Benfica, e regressou em 2022, pela porta do SC Braga, após uma temporada no ADO Den Haag.
A jovem extrema, de 23 anos, é uma das duas jogadoras neerlandesas (a outra é Anouk Dekker, também do SC Braga) que participou na última edição do campeonato português, e por isso muito expectante para o embate entre Portugal e Países Baixos, no primeiro jogo das duas seleções no Campeonato do Mundo.
"Há muitas seleções que vão participar na prova pela primeira vez (oito), entre as quais Portugal, e acredito que possam existir muitas surpresas na prova", analisou Amani, em declarações ao Flashscore.
"Se os Países Baixos podem ganhar o título? Vai ser muito difícil, porque faltam algumas jogadoras importantes, mas tudo pode acontecer", resume.
Sobre os pontos fortes da seleção neerlandesa, a jogadora do SC Braga aponta as múltiplas soluções na frente de ataque, mesmo com a ausência de Miedema: "Uma das principais ameaças para Portugal pode ser o contra-ataque dos Países Baixos. Há várias jogadoras muito perigosas na frente".
Amani deixou uma mensagem de força às companheiras no emblema minhoto que vão participar no Mundial e está "ansiosa" por ouvir todas as histórias de uma "experiência monumental" na Austrália e Nova Zelândia. E apontou ainda as principais diferenças entre o campeonato português e o neerlandês.
"O futebol português reúne mais atenção. Temos o nosso nome nas camisolas e os jogos são televisionados para o público. Agora com a implementação do vídeo-árbitro (VAR) na próxima época percebemos que o futebol português continua a evoluir", considerou.