Análise: norte-americana Carlyn destaca "mentalidade forte" dos EUA e acredita no ouro
Os Estados Unidos, a superpotência do futebol feminino internacional, tentam conquistar o terceiro Campeonato do Mundo consecutivo e o quinto no seu conjunto, um recorde. Jill Ellis, nascida na Inglaterra, guiou a equipa às duas últimas vitórias antes de ser substituída por Vlatko Andonovski.
Depois de ter conquistado o bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a equipa de Andonovski tem de mostrar que ainda pode superar um contingente europeu em constante evolução, sem esquecer uma seleção australiana, que é co-anfitriã da prova e conta nas suas fileiras com Sam Kerr, uma das melhores futebolistas do planeta.
Perfeição técnica e tática
Ainda com nomes históricos no seu plantel - Alex Morgan e Megan Rapinoe são exemplos-maiores -, a verdade é que esta seleção norte-americana apresenta-se no Mundial com muitas caras novas, que ainda procuram a glória das acima mencionadas e de Lloyd, Hamm, Becky Sauerbrunn e tantas outras que ajudaram a elevar o nome dos Estados Unidos como maior potência do futebol mundial.
Agora, chegou a vez de Naomi Girma, Alyssa Thompson, Sophia Smith e Trinity Rodman trilharem o próprio caminho, sempre com a supervisão das veterenas, claro. Aliás, será muito interessante perceber como é que o selecionador Andonovski vai combinar a veterania de Rapinoe e Morgan com a juventude de Smith e Rodman, num sistema que se constrói a partir de um clássico 4-3-3.
"Quero que a minha equipa seja atraente, ofensiva e agressiva. Queremos que as pessoas olhem para a nossa equipa e desfrutem. É sobre estar na frente, ser intenso", alertou Andonovski.
Os Estados Unidos são reconhecidos pela sua luta constante pela perfeição. No futebol não é diferente, antes pelo contrário. Há quase uma obsessão pelo rigor técnico, tático e físico, algo que representa um perigo acrescido para qualquer adversário. Portugal vai ter de lidar com todas estas características e ainda com uma intensidade muito acima da média. É verdade que o futebol norte-americano não é tão alegre como o brasileiro ou tão elegante como o espanhol, mas é extremamente eficaz.
Sophia Smith, o perigo
A jovem avançada dos Portland Thorns sonha com o epíteto de melhor do mundo e está no caminho certo. Escolha número 1 do draft de 2020, Smith conduziu os Portland ao título da NWSL - 14 golos em 18 jogos, um novo recorde da equipa numa única temporada -, tornando-se na jogadora mais jovem a ser eleita MVP da competição. Fenómeno de popularidade nos Estados Unidos, o Mundial é o espaço que lhe falta para a afirmação global.
"Estou muito confiante em nós. Acredito que ainda somos a melhor equipa do mundo. Qualquer Mundial, obviamente, vai ser difícil e vai exigir que todas as jogadoras escolhidas para estar nessa lista deem tudo, mas estou confiante de que este grupo pode fazer isso", analisou a jovem atacante.
A visão de uma norte-americana em Portugal
Carlyn Baldwin é uma das 25 representantes norte-americanas que jogaram na última edição da Liga BPI, principal escalão de futebol no feminino em Portugal. A média aterrou em solo nacional no verão de 2017 e confessa-se apaixonada pelo país que a recebeu de "braços abertos".
"Tem sido uma experiência incrível que vai muito além do futebol. Já vivi alguns dos momentos mais importantes da minha carreira aqui e já superei tanta coisa. Fui muito bem recebida e estou muito grata por entrar na minha sétima época em Portugal", introduz a jogdora de 27 anos, em conversa com o Flashscore, num português (quase) perfeito.
Sobre o encontro entre Portugal e os Estados Unidos, Carlyn não esconde o amor... pelos dois: "Nasci nos Estados Unidos e claro que torço por eles, mas tenho muito amor por Portugal, como país que me deu tantas oportunidades, dentro e fora de campo. Tenho muito respeito e também vou torcer por elas. Vai ser um jogo mesmo top".
A jogadora natural de Reston reconhece que as virtudes dos Estados Unidos "estão à vista de todos", não sendo necessário qualquer tipo de alerta para a seleção portuguesa, que estará "certamente avisada" para o perigo, mas faz questão de destacar um dos pontos mais fortes da seleção que pode, na sua opinião, revalidadar o título.
"Fiz parte de algumas seleções, até às sub-23, e uma coisa que sentia muito naquele espaço é que existe uma mentalidade muito forte. Mas também considero que há preocupações para os dois lados. Portugal tem jogadoras que entendem muito bem o jogo taticamente e conseguem ser muito competitivas. Tudo é possível", defende.
Sempre muito apoiada pela família, Carlyn vive o sonho de ser profissional e espera que o Mundial-2023 ajude ainda mais ao crescimento da modalidade: "Estamos a ver estádios com muito adeptos em todo o Mundo. Isso significa que há mercado. Agora, é preciso mais investimento para melhorarmos o produto. Espero que o Mundial ajude nesse sentido".