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Análise: norte-americana Carlyn destaca "mentalidade forte" dos EUA e acredita no ouro

Rodrigo Coimbra
Estados Unidos conquistaram duas últimas edições do Mundial
Estados Unidos conquistaram duas últimas edições do MundialReuters
Não há muitas dúvidas em relação ao facto dos Estados Unidos partirem com o estatuto de principal candidato ao título mundial na Austrália e Nova Zelândia. As norte-americanas conquistaram o troféu em quatro ocasiões (1991, 1999, 2015 e 2019) e procuram escrever mais um bonita página de ouro em 2023.

Os Estados Unidos, a superpotência do futebol feminino internacional, tentam conquistar o terceiro Campeonato do Mundo consecutivo e o quinto no seu conjunto, um recorde. Jill Ellis, nascida na Inglaterra, guiou a equipa às duas últimas vitórias antes de ser substituída por Vlatko Andonovski.

Os destaques nos Estados Unidos
Os destaques nos Estados UnidosFlashscore

Depois de ter conquistado o bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a equipa de Andonovski tem de mostrar que ainda pode superar um contingente europeu em constante evolução, sem esquecer uma seleção australiana, que é co-anfitriã da prova e conta nas suas fileiras com Sam Kerr, uma das melhores futebolistas do planeta.

Perfeição técnica e tática

Ainda com nomes históricos no seu plantel - Alex Morgan e Megan Rapinoe são exemplos-maiores -, a verdade é que esta seleção norte-americana apresenta-se no Mundial com muitas caras novas, que ainda procuram a glória das acima mencionadas e de Lloyd, Hamm, Becky Sauerbrunn e tantas outras que ajudaram a elevar o nome dos Estados Unidos como maior potência do futebol mundial.

Agora, chegou a vez de Naomi Girma, Alyssa Thompson, Sophia Smith e Trinity Rodman trilharem o próprio caminho, sempre com a supervisão das veterenas, claro. Aliás, será muito interessante perceber como é que o selecionador Andonovski vai combinar a veterania de Rapinoe e Morgan com a juventude de Smith e Rodman, num sistema que se constrói a partir de um clássico 4-3-3.

Os últimos jogos dos Estados Unidos
Os últimos jogos dos Estados UnidosFlashscore

"Quero que a minha equipa seja atraente, ofensiva e agressiva. Queremos que as pessoas olhem para a nossa equipa e desfrutem. É sobre estar na frente, ser intenso", alertou Andonovski.

Os Estados Unidos são reconhecidos pela sua luta constante pela perfeição. No futebol não é diferente, antes pelo contrário. Há quase uma obsessão pelo rigor técnico, tático e físico, algo que representa um perigo acrescido para qualquer adversário. Portugal vai ter de lidar com todas estas características e ainda com uma intensidade muito acima da média. É verdade que o futebol norte-americano não é tão alegre como o brasileiro ou tão elegante como o espanhol, mas é extremamente eficaz.

Sophia Smith é a bandeira da nova geração
Sophia Smith é a bandeira da nova geraçãoConcacaf

Sophia Smith, o perigo

A jovem avançada dos Portland Thorns sonha com o epíteto de melhor do mundo e está no caminho certo. Escolha número 1 do draft de 2020, Smith conduziu os Portland ao título da NWSL - 14 golos em 18 jogos, um novo recorde da equipa numa única temporada -, tornando-se na jogadora mais jovem a ser eleita MVP da competição. Fenómeno de popularidade nos Estados Unidos, o Mundial é o espaço que lhe falta para a afirmação global.

"Estou muito confiante em nós. Acredito que ainda somos a melhor equipa do mundo. Qualquer Mundial, obviamente, vai ser difícil e vai exigir que todas as jogadoras escolhidas para estar nessa lista deem tudo, mas estou confiante de que este grupo pode fazer isso", analisou a jovem atacante.

A visão de uma norte-americana em Portugal

Carlyn Baldwin é uma das 25 representantes norte-americanas que jogaram na última edição da Liga BPI, principal escalão de futebol no feminino em Portugal. A média aterrou em solo nacional no verão de 2017 e confessa-se apaixonada pelo país que a recebeu de "braços abertos".

"Tem sido uma experiência incrível que vai muito além do futebol. Já vivi alguns dos momentos mais importantes da minha carreira aqui e já superei tanta coisa. Fui muito bem recebida e estou muito grata por entrar na minha sétima época em Portugal", introduz a jogdora de 27 anos, em conversa com o Flashscore, num português (quase) perfeito.

Carlyn jogou no Damaiense em 2022/23
Carlyn jogou no Damaiense em 2022/23Arquivo Pessoal

Sobre o encontro entre Portugal e os Estados Unidos, Carlyn não esconde o amor... pelos dois: "Nasci nos Estados Unidos e claro que torço por eles, mas tenho muito amor por Portugal, como país que me deu tantas oportunidades, dentro e fora de campo. Tenho muito respeito e também vou torcer por elas. Vai ser um jogo mesmo top".

A jogadora natural de Reston reconhece que as virtudes dos Estados Unidos "estão à vista de todos", não sendo necessário qualquer tipo de alerta para a seleção portuguesa, que estará "certamente avisada" para o perigo, mas faz questão de destacar um dos pontos mais fortes da seleção que pode, na sua opinião, revalidadar o título.

"Fiz parte de algumas seleções, até às sub-23, e uma coisa que sentia muito naquele espaço é que existe uma mentalidade muito forte. Mas também considero que há preocupações para os dois lados. Portugal tem jogadoras que entendem muito bem o jogo taticamente e conseguem ser muito competitivas. Tudo é possível", defende.

Estados Unidos e Portugal encontram-se na fase de grupos do Mundial
Estados Unidos e Portugal encontram-se na fase de grupos do MundialFlashscore

Sempre muito apoiada pela família, Carlyn vive o sonho de ser profissional e espera que o Mundial-2023 ajude ainda mais ao crescimento da modalidade: "Estamos a ver estádios com muito adeptos em todo o Mundo. Isso significa que há mercado. Agora, é preciso mais investimento para melhorarmos o produto. Espero que o Mundial ajude nesse sentido".