Análise: Triplo dos passes, magia de Kika e ciclone madeirense
Recorde as principais incidências da partida
Francisco Neto mudou sete peças do xadrez português e ainda ajustou o sistema tático para um 3-4-1-2, com Ana Borges a assumir o papel de central pelo lado direito e Kika Nazareth a fazer a ponte entre o meio-campo e o ataque. Tatiana Pinto descaiu mais para o meio em comparação com o primeiro jogo, mas quem mais se destacou foi mesmo Andreia Jacinto, brilhante na arte da construção.
A par de Kika, a média da Real Sociedad lidera a nova geração de jogadoras portuguesas que são muito mais do que futuro: são presente! Esta dupla de 20 e 21 anos, respetivamente, permitiu a Portugal apresentar um futebol mais associativo e rendilhado - Portugal terminou o jogo com 462 passes, contra 148 do Vietname - e as oportunidades de golo apareceram com bastante naturalidade e em relativa quantidade.
Pela esquerda, onde Marchão deu profundidade, pela direita, onde Lúcia Alves deu muito ao jogo, e/ou pelo centro, a equipa das quinas explorou todas as soluções no terreno de jogo e encontrou cedo o golo - Telma Encarnação, aos sete minutos, conseguiu bater Tran Thi Kim Thanh -, já depois de Jéssica Silva e Kika Nazareth terem deixado as primeiras ameças à baliza da seleção do sudeste asiático em apenas cinco minutos de jogo.
Bom futebol, mas o desperdício...
No entanto, o bom futebol e a facilidade com que Portugal conseguiu penetrar no último terço contrário, mérito também para a forma como as jogadoras portuguesas conseguiram maniatar as adversárias, depressa ficou ofuscada pelo (muito) desperdício. Portugal somou 29 remates contra cinco do Vietname, apenas nove enquadrados com a baliza contra um.
Esse será certamente um dos aspetos a melhorar presentes no bloco de apontamentos do selecionador português e que pode e dever ser diferente no futuro, até porque perante seleções com outros argumentos as oportunidades serão manifestamente mais reduzidas e o nível de aproveitamento aí terá de ser substancialmente melhor. E vêm aí os Estados Unidos.
"Não foi uma noite perfeita, porque acho que pelo volume ofensivo e oportunidades devíamos ter feito mais golos. Mas claro, primeira vitória, primeiros golos em fases finais, primeira vez sem sofrer golos, muito volume ofensivo. Muitas coisas boas. Outras que precisamos de continuar a trabalhar", considerou Francisco Neto.
Contas feitas, Portugal soma três pontos, menos um do que os campeões mundiais Estados Unidos, que defrontam a equipa das 'quinas' na última jornada, e do que os Países Baixos, vice-campeões, enquanto o Vietname, sem pontos, já está eliminado.