Andreia Norton não é uma pessoa de muitas palavras, mas no futebol a linguagem é universal e a média é uma futebolista de mão cheia. A bola ainda não chegou aos seus pés e ela já sabe qual o próximo passo. Recebe, levanta a cabeça e procura a melhor solução. O selecionador Francisco Neto não abdica dela e percebe-se facilmente o motivo.
A jogadora do Benfica tem o seu nome inscrito na história da Seleção. Foi ela que marcou o golo que valeu o passaporte para o Campeonato da Europa de 2017, a primeira grande conquista da equipa das quinas no futebol jogado por mulheres. De M grande!
A paixão pelo futebol surgiu na vida de Andreia na infância. Até aos seis anos jogava na rua com os amigos e mais tarde integrou o Clube Desportivo do Furadouro, onde passou a dividir o campo com rapazes, antes de integrar a equipa sénior da UD Oliveirense com apenas 13 anos. Passo a passo, a centrocampista destacou-se e chegou aos grandes palcos. O resto é história.
O entusiasmo de jogar contra as melhores
Portugal carimbou o passaporte para o Mundial depois de uma incrível odisseia. 13 jogos! Não há uma seleção no Mundo que tenha travado mais batalhas do que a equipa das quinas para conseguir um lugar entre as 32 finalistas. O fado português mostrou mais uma vez que é preciso sofrer até ao último momento.
"Estamos todas a viver um sonho, estamos muito felizes por representar Portugal numa prova tão importante como é o Mundial. É, sem dúvida, algo incrível, que não dá para explicar", introduziu Andreia Norton, em conversa com o Flashscore, na Cidade do Futebol, em Lisboa, ainda antes da partida para Auckland.
"Vamos ter desafios bons e difíceis, mas é a jogar contra as melhores que podemos crescer. Agora é continuar a trabalhar forte para chegarmos ao primeiro jogo na máxima força. Estamos muito ansiosas para começar a jogar, mas sabemos que o mais importante é prepararmos-nos da melhor maneira, para chegarmos fortes à competição", acrescentou.
A emoção ecoa nas palavras de Andreia Norton: "Está a ser incrível. Só estar aqui, para mim, é um orgulho muito grande".
O foco está já apontado para o dia 23 de julho, altura em que Portugal entra em campo para medir forças com os Países Baixos, vice-campeões em título, mas na memória ainda está bem fresca a forma como foi alcançada a qualificação.
"A nossa caminhada foi difícil, mas cá estamos. Mostrámos que não há impossíveis e que temos capacidade para estar no Mundial. A nossa união caracteriza-nos muito dentro de campo e damos sempre tudo umas pelas outras. Tem sido sempre assim e acho que isso também foi importante para conseguirmos a qualificação", recordou.
"Podemos passar a fase de grupos"
Num ano em que concretizou dois sonhos - campeã nacional e convocada para o Mundial -, Andreia Norton não quer ficar por aqui e olha mais além. A presença na fase de grupos é extraodrinária, mas porque não pensar mais além?
"Época quase incrível, faltou conquistar a Taça de Portugal", corrigiu, de pronto, a média. "Para nós, os três adversários do grupo são muito difíceis. Temos duas equipa (Estados Unidos e Países Baixos) muito experientes, mas o nosso foco está em pensar jogo a jogo. Agora, acredito que podemos fazer coisas bonitas no Mundial. Não vai ser fácil para nós, nem fácil para ninguém", defendeu.
Em termos coletivos, Norton promete uma equipa a "jogar à Portugal" e não esconde os desejos a curto-médio prazo com o símbolo das quinas ao peito.
"Vou dar sempre o máximo para ajudar a Seleção a chegar o mais alto possível. O sonho continua bem presente em mim e quero continuar a crescer com a Seleção. É verdade que chegámos a um patamar muito bom, mas queremos sempre mais, mais e mais. Acredito que é possível passarmos a fase de grupos", assegurou.
Antes das despedidas, uma mensagem para os adeptos portugueses: "Temos recebido muito apoio e muito carinho nestes dias. É, sem dúvida, algo que nos conforta muito e queremos que continuem assim, mesmo estando longe".