Lideradas em campo pelas promissoras Linda Caicedo e Mayra Ramirez, as Superpoderosas contam também com o apoio de milhares de adeptos, como esperam fazer novamente nesta terça-feira, às 09:00, diante da Jamaica, a contar para os oitavos de final.
O exemplo mais marcante desse apoio aconteceu durante o hino nacional, cantado em coro pelos 40.000 espetadores no Sydney Football Stadium, a mais de 15.000 quilómetros de Bogotá, durante o primeiro jogo contra a Coreia do Sul (2-0) e, sobretudo, na vitória por 2-1 sobre a Alemanha.
À volta do novo estádio em Sydney, danças, cantos, tambores e bandeiras levaram ao país oceânico um pedaço da Colômbia.
Dentro do estádio, uma maré de camisolas amarelas aplaudiu em volume ensurdecedor durante todo o jogo e assobiou praticamente todas as bolas que as alemãs tocaram, surpreendidas pela atmosfera elétrica.
"Fator decisivo"
"Tentamos jogar bem, mas tenho certeza de que a atmosfera foi um fator decisivo para não termos vencido a partida", reagiu a selecionadora alemã Martina Voss-Tecklenburg.
A médio Lena Oberdorf comparou com a atmosfera em Wembley durante a final do Euro-2022 contra a Inglaterra (2-1 para as inglesas): "É igual, mas não estás a contar com isso quando jogas contra a Colômbia na Austrália", disse a jogadora do Wolfsburg.
A equipa treinada por Nelson Abadía sentiu "constantemente" o apoio dos adeptos, tanto antes como depois do jogo. "Foi extraordinário", disse o treinador adjunto Angelo Marsiglia.
Mas de onde vêm estes apaixonados pelo futebol e pela equipa colombiana que enchem os estádios?
Muitos sul-americanos, brasileiros e colombianos vivem na Austrália: a maioria dos membros dessa diáspora veio para estudar e ficou a trabalhar.
Contexto económico difícil
É o caso de Alexandra, de 31 anos, uma designer gráfica entrevistada pela AFP na fanzone de Sydney durante o jogo contra Marrocos (1-0): "Há muitos colombianos que vieram para Sydney porque, em tempos, era fácil vir da Colômbia para a Austrália ", explicou.
"Acima de tudo, somos um povo apaixonado pelo futebol", acrescenta esta adepta, que foi ao estádio assistir aos dois primeiros jogos.
"A situação política e económica é muito difícil para o nosso país e essa é uma das razões pelas quais muitas pessoas vêm (para se estabelecer) aqui", diz Solana Tomala, uma estudante maquilhada de amarelo e vermelho.
"Os jovens vêm para estudar e podem candidatar-se facilmente a empregos", continua Tomala, que está contente pelas jogadoras receberem um apoio comparável ao da equipa masculina.
Juventude reina na Austrália
Questionado pela AFP, o porta-voz da equipa, Carlos Lajud, confirmou que a maioria dos adeptos são estudantes, enquanto outros mudaram-se para o país da Oceânia para procurar trabalho.
Em 2021, mais de 35.000 pessoas nascidas na Colômbia foram registadas na Austrália, de acordo com os números do censo.
Tal como noutros países, a Colômbia sofre uma inflação elevada, numa altura em que o desemprego é ligeiramente superior a 10%, segundo dados do final do ano passado.
De acordo com um relatório de 2021 da Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 80% dos migrantes deste país estão nos Estados Unidos, Espanha, Venezuela, Equador e Canadá. Os restantes encontram-se na Austrália, México e Panamá.
Na terça-feira, contra a Jamaica, nos oitavos de final, as companheiras de Mayra Ramirez serão mais uma vez incentivadas pela claque em Melbourne, para tentar finalmente furar a defesa das Reggae Girlz, que ainda não sofreram nenhum golo.