Mundial de futebol feminino será transmitido em sinal aberto nos principais países europeus
A pouco mais de um mês do início do torneio na Austrália e na Nova Zelândia (20 de julho a 20 de agosto), chegou ao fim um longo drama.
Nos termos do acordo, que não foi divulgado em pormenor, o principal evento do futebol feminino será transmitido gratuitamente em 34 países europeus, incluindo Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e França, os cinco bastiões europeus do futebol feminino, onde a ameaça de um apagão ainda pairava.
"A FIFA tem o prazer de prolongar o acordo assinado com a União Europeia de Radiodifusão para a transmissão do Campeonato do Mundo de Futebol Feminino da FIFA em cinco países importantes, nomeadamente França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido, bem como na Ucrânia, o que permitirá maximizar a exposição do evento", declarou o presidente da FIFA, Gianni Infantino.
A batalha pelos direitos de transmissão televisiva foi travada durante vários meses entre Infantino, que estava determinado a não vender a sua principal competição feminina, e os organismos de radiodifusão europeus, que se sentiram desencorajados pelos montantes pedidos, que consideravam demasiado elevados em relação às audiências e receitas publicitárias esperadas.
Questão financeira
No início de maio, o dirigente ítalo-suíço pronunciou-se com veemência contra as propostas apresentadas pelos organismos de radiodifusão, nomeadamente europeus, que considerou "sempre muito dececionantes e simplesmente inaceitáveis".
"Temos a obrigação moral e legal de não subestimar o valor do Campeonato do Mundo de Futebol Feminino", afirmou Infantino.
Várias jogadoras lamentaram e até se mostraram incompreendidas com o desenrolar deste processo.
"Isso é assunto da FIFA. A FIFA é a entidade mais indicada para falar sobre o assunto. Ouvi o presidente dizer muitas vezes que não é suficiente do ponto de vista financeiro. Mas será que é sempre uma questão de dinheiro?", perguntou a estrela norueguesa Ada Hegerberg, a primeira vencedora da Bola de Ouro Feminina, em 2018.
"Se não conseguirmos uma emissora, isso significaria que estamos a andar para trás", disse a capitã de França, Wendie Renard.
Várias propostas falharam, tal era a diferença entre o exigido e o oferecido.
Diferença de horário e atraso na programação
"A FIFA estava a pedir muito dinheiro para algo que não atrairia muitos telespectadores", disse à AFP um dos possíveis emissores.
A falta de entusiasmo deveu-se, sobretudo, à localização geográfica da competição, que se realizava pela primeira vez na Oceânia, e ao fuso horário, que afastava as emissoras europeias.
Por exemplo, os segundo e terceiro jogos da equipa francesa na fase de grupos terão início ao meio-dia, enquanto as meias-finais e a final serão disputadas entre as 10:00 e o meio-dia, na hora de Paris.
Outro motivo de preocupação para os organismos de radiodifusão é o facto de a competição se realizar em pleno verão, mais tarde do que o habitual, durante um período de baixa em termos de receitas publicitárias.
No verão passado, a final do Euro-2022, em Inglaterra, teve lugar a 31 de julho, três semanas antes da final do próximo Campeonato do Mundo.
"Temos um bom produto, o melhor do desporto feminino. Toda a gente fala de igualdade e paridade. Gostaríamos de ver essas palavras passarem à prática", criticou a secretária-geral da FIFA, Fatma Samoura, a 21 de maio, numa entrevista à AFP.
Foram necessárias muitas semanas para que a situação se resolvesse, após negociações iniciadas no mês passado na sede da FIFA e conduzidas por Infantino com representantes da EBU.
Na Alemanha, onde a competição será transmitida pelos canais públicos ZDF e ARD, a treinadora alemã Martina Voss-Tecklenburg agradeceu"a todos os envolvidos na negociação de um acordo".
"Podemos agora iniciar a nossa fase de preparação com ainda mais ímpeto e energia positiva", acrescentou a treinadora da vice-campeã europeia.
Em França, a competição será transmitida pela France Télévisions e pela M6.