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Johan Fano sobre o momento da seleção do Peru: "Não damos importância ao que realmente precisamos"

Johan Fano celebra um golo durante a fase de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2010, em Lima.
Johan Fano celebra um golo durante a fase de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2010, em Lima.JUAN BARRETO / AFP
O antigo avançado da seleção peruana Johan Fano analisou o jogo que o Peru vai disputar contra o Uruguai, a 11 de outubro, para a nona jornada das eliminatórias 2026.

Acompanhe as principais incidências da partida

É o autor de alguns dos golos mais marcantes da história da seleção peruana, mas também é recordado por algumas declarações mal interpretadas sobre o badalado avançado peruano Gianluca Lapadula. Hoje, Johan Fano vive na Colômbia, país onde é querido às custas da sua passagem como avançado pelo Once Caldas, Atlético Nacional e Águilas Doradas. Aliás, foi este último clube que lhe abriu as portas para dar os primeiros passos como treinador. Em entrevista ao Flashscore, o técnico falou sobre a seleção peruana antes de uma jornada dupla das eliminatórias.

- Acha que, se a seleção peruana não vencer o Uruguai ou o Brasil, ficará de fora do Mundial de 2026?

- É claro que, se não ganharmos, as nossas hipóteses diminuem. Se falharmos agora, as nossas hipóteses tornar-se-ão cada vez menores a cada jogo que passa.

- O Peru tem chances de conseguir a sua primeira vitória nestas eliminatórias? 

Temos dois adversários difíceis, seleções muito fortes, e é por isso que eles estão no topo da tabela. O Uruguai está a mostrar uma nova postura, com alguns detalhes importantes, e o Brasil é o Brasil, mesmo que não esteja em um bom momento.

- Qual é a sua análise de uma equipa peruana que só marcou dois golos em oito jogos e não conseguiu vencer? 

- Infelizmente, o Peru não vive um bom momento ofensivo. É uma situação difícil, complicada, porque nunca pensamos numa mudança de geração, é o que venho dizendo há muito tempo. Não trabalhámos naquilo que realmente precisamos de trabalhar, que são as categorias jovens. Dar aos clubes profissionais a alternativa de gerir as divisões jovens de uma forma diferente.

Os próximos jogos da seleção do Peru
Os próximos jogos da seleção do PeruFlashscore

- O que é que quer dizer com isso? 

- Dar-lhes uma estrutura onde possam ser formados para trazerem novos valores. Mas, infelizmente, isso não foi feito e hoje estamos a sofrer porque não temos um objetivo. Mas a culpa não é só dos avançados, mas de todas as posições, porque se olharmos para a lista de jogadores convocados, não há alternativas. Não consigo imaginar o que acontecerá daqui a dois anos. E isto não são processos a curto prazo, é preciso tempo para encontrar alternativas, mas hoje não há nenhuma.

- Porque é que acha que isso acontece? 

- Porque temos a idiossincrasia de pensar apenas no momento, no presente. É isso que, infelizmente, tem sido feito até agora.

- Como avalia o desempenho de Jorge Fossati à frente da seleção peruana?

- Acho que não se pode exigir tanto dele num curto espaço de tempo, porque ele é assim. Não se pode pensar numa mudança estrutural a curto prazo.

- Um atacante da seleção peruana não marca desde março de 2022, na última jornada das eliminatórias. Como você encara essa estatística? 

- Foram dois longos anos. Mas a culpa não é só dos atacantes, é de um conglomerado. É claro que todos dependem do "9", mas o "9" depende do que os seus companheiros de equipa fazem. E o que vem antes de tudo isto é o facto de os clubes não trabalharem os avançados. Na minha opinião, acho que o guarda-redes e o avançado são posições onde é preciso fazer um trabalho especial. Isso acontece na Europa e em alguns países da América do Sul, mas não no Peru. Isso acontece na Europa e em alguns países da América do Sul, mas não no Peru. E isso acontece porque não damos importância ao que realmente precisamos, e é aí que reside a mediocridade do futebol peruano. Porque, claro, culpam as crianças, mas elas nem sequer têm um lugar para treinar.

- Na sua opinião, o panorama é desolador?

- Vamos sofrer muito e por muito tempo. Porque há cada vez menos jogadores que se destacam no estrangeiro, na Europa. E nada está a ser feito para melhorar isso.

- Na ausência de Lapadula, teria convocado Paolo Guerrero ou acha que é melhor optar por outros jogadores?

- Ganha-se experiência a jogar e participar, por isso, se há outros jogadores jovens a quem se pode dar uma oportunidade, vamos dar-lhes uma oportunidade. Porque, se não, eles nunca vão sair do caminho. Ou então, durante toda a nossa vida, vamos estar dependentes do facto de Paolo Guerrero estar sempre presente. E hoje, Paolo não está bem fisicamente, como ele disse numa entrevista. Por isso, é preferível ter um tipo que tenha tudo em ordem e talvez não colocar o Paolo, porque se as coisas não estão bem para o Paolo neste momento, ele vai ser criticado. Isso também é compreensível, porque não se tem um nível interessante como talvez muitos de nós gostássemos.