"Não somos monstros", diz o selecionador do Afeganistão
O Afeganistão, que nunca esteve tão perto de se qualificar para o Campeonato do Mundo, espera qualificar-se para a segunda fase da qualificação asiática para o Mundial de 2026, mas Al-Mutairi e a sua equipa enfrentam uma série de desafios.
Impossibilitados de jogar perante os seus próprios adeptos devido à situação de segurança no Afeganistão, disputam o jogo "em casa ", no vizinho Tajiquistão, antes de defrontarem a Mongólia em Ulaanbaatar, no jogo da segunda mão, na terça-feira. "Todos pensam que somos monstros, mas isso não é verdade", disse o treinador kuwaitiano à Reuters sobre a forma como a sua equipa tem sido vista desde que os talibãs regressaram ao poder há dois anos. "Não se pode julgar todas as pessoas por causa de uma ou duas, ou por causa da situação política. Somos apenas uma equipa de futebol. É muito difícil, mas estamos a fazer o nosso melhor".
A partida é uma das dez que serão disputadas em todo o continente, colocando frente a frente os países com as classificações mais baixas da confederação. Os vencedores apuram-se para a fase de grupos da segunda fase, que colocará frente a frente os primeiros classificados, como Japão e Austrália.
O vencedor da repescagem afegã enfrentará o Catar, a Índia e o Kuwait, país natal de Al-Mutairi, com os dois primeiros a avançarem para a próxima fase da qualificação. O terceiro e quarto classificados do grupo participarão num torneio de qualificação para a edição de 2027 do campeonato continental, que se realizará na Arábia Saudita.
"O nosso objetivo é qualificarmo-nos para a Taça Asiática de 2027", afirmou Al-Mutairi. "Vamos dar o nosso melhor agora". Apesar dos muitos desafios que Al-Mutairi tem enfrentado desde que assumiu o cargo de treinador em abril, diz ter conseguido criar uma equipa coesa e unida, composta por jogadores do Afeganistão e do estrangeiro. "Estamos a tentar mostrar a todos os membros da equipa que sofremos todos da mesma coisa".
"Somos todos seres humanos. De onde vimos, a nossa cultura, onde dormimos, onde vivemos, onde jogamos não tem importância. Não é importante. O mais importante é que temos o mesmo sangue, o sangue afegão. Não se pode mudar isso, mesmo que se tenha um passaporte diferente, mesmo que se tenha nascido no estrangeiro e nunca se tenha estado no Afeganistão. Nada disso importa. O que é importante é que a equipa jogue pelo país. Isso costumava ser um grande problema, mas agora já o resolvemos".