Neymar ultrapassa Pelé e torna-se no melhor marcador da seleção brasileira
O golo do jogador de 31 anos, marcado com o pé direito aos 61 minutos, elevou a sua marca para 78 golos em 125 jogos, em comparação com os 77 golos marcados do Rei em 92 jogos entre 1957 e 1971. A atacante Marta Vieira (122 golos em 189 jogos), 37 anos, é a melhor marcadora das duas equipas.
Edson Arantes do Nascimento, considerado por muitos o maior futebolista da história e falecido em dezembro, aos 82 anos, marcou 95 golos em 113 jogos.
O antigo 10 incluiu nos seus cálculos os jogos amigáveis disputados contra clubes e seleções estaduais brasileiras, registos que a FIFA não tem em conta.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por outro lado, reconhece os 95 golos.
Além de ser o único jogador a vencer três Campeonatos do Mundo (1958, 1962 e 1970), o tricampeão mundial também está à frente na média de golos: 0,84 por partida, contra 0,62 do novo jogador do Al-Hilal, da Arábia Saudita.
A FIFA e a CONMEBOL contabilizaram 1.281 golos a Pelé, que pedia 1.283 em 1.363 jogos, embora o recorde oficial de jogos seja de 757 em 815 partidas. O seu herdeiro tem 474 em 756 partidas.
Relançamento
Neymar podia ter batido o recorde mais cedo, com o guarda-redes Guillermo Viscarra a defender uma grande penalidade ao fim de um quarto de hora.
Mas o golo parecia ter chegado no momento certo, quando as cerca de 50.000 pessoas presentes no Estádio Olímpico do Mangueirão, na cidade de Belém, no norte do Brasil, cantavam o seu nome.
Ney finalizou uma jogada da seleção canarinha com um remate de pé direito, foi abraçado pelos companheiros e, na comemoração, levantou os braços e olhou para o céu.
O craque tinha igualado o recorde do compatriota a 9 de dezembro, no Campeonato do Mundo do Catar, quando abriu o marcador contra a Croácia no prolongamento dos quartos de final.
A façanha acabou por ser amarga, uma vez que a equipa dos Balcãs empatou e eliminou os pentacampeões nos penáltis (4-2). O então jogador do Paris Saint-Germain deixou o campo em lágrimas e ameaçou retirar-se da seleção.
De uma cama de hospital em São Paulo, onde morreu dias depois, em 29 de dezembro, Pelé parabenizou-o pelo feito.
"O teu legado está longe de terminar. Continua a inspirar-nos. Vou continuar a dar murros no ar de felicidade a cada golo que marcares", escreveu no Instagram.
O marco é um bálsamo para a sua turbulenta carreira, que tem sido marcada por lesões e controvérsias.
"Para todos (no Brasil), Pelé é unanimemente o rei do futebol. Imagine superar qualquer um nisso", disse numa conferência de imprensa na quinta-feira. "Será uma marca única e o golo será dedicado a todos aqueles que me ajudaram", acrescentou.
Muitos golos
Ney vestiu a camisola amarela pela primeira vez a 10 de agosto de 2010, num amigável contra os Estados Unidos e, com 18 anos, marcou o 1-0 (terminou 2-0).
Desde então, já balançou as redes nos Campeonatos do Mundo de 2014 (quatro), Rússia (dois) e Catar (dois). Jogou também na Copa América (2011, 2015, 2021), na Taça das Confederações (2013) e nas qualificações sul-americanas, bem como em jogos de preparação.
Em 13 de outubro de 2020, desalojou Ronaldo O Fenómeno (62 golos contra seleções) da posição de segundo melhor marcador, ao marcar um hat-trick numa vitória por 2-4 em Lima.
Pelé, por sua vez, estreou-se na canarinha com 16 anos e no dia da estreia, num amigável contra a Argentina no Maracanã, a 7 de julho de 1957.
O ex-atacante entrou em campo no segundo tempo e empatou a partida, que terminou 1-2 para os visitantes.
O Rei marcou o último golo pela seleção em 11 de julho de 1971, no empate (1-1) com a Áustria, no Morumbi, em São Paulo.