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Opinião: Permanência de Bielsa no Uruguai pode ser uma questão de tempo

Bielsa recusa-se a dar o bom dia a cada manhã na concentração uruguaia
Bielsa recusa-se a dar o bom dia a cada manhã na concentração uruguaiaDANTE FERNANDEZ / AFP
Não sei quanto a vocês, mas eu fui apanhado de surpresa quando apareceram as informações da postura deselegante e autoritária do técnico Marcelo Bielsa, do Uruguai, no ambiente da concentração da Celeste Olímpica.

Sempre tive "El Loco" Bielsa como um daqueles técnicos diferenciados, que vêem o futebol com mais profundidade, tendo também um importante papel de liderança.

Foi assim, por exemplo, quando defendeu jogadores do Uruguai após os confrontos na bancada de um jogo da Copa América contra a Colômbia. Bielsa também criticou fortemente a organização do torneio continental, enquanto muitos que vivenciavam situações parecidas preferiram ficar calados. 

Isso sem falar da sua estratégia, a forma de jogar das suas equipas e as dezenas de "bielistas" por aí que sempre o citam como referência e formador. 

Reviravolta

Mas as notícias de que Bielsa ignora, não cumprimenta e até ofende jogadores e funcionários da Associação Uruguai de Futebol (AUF) fez o técnico argentino perder algumas estrelas na minha avaliação. E acho que também na dos jogadores, que talvez agora o tenham como uma persona non grata. Vale a pena correr por quem maltrata um companheiro de trabalho? 

Pode (ou deve?) ser uma questão de tempo até Bielsa deixar o Uruguai. Nomes de peso como Luis Suárez e Valverde reclamaram da postura do treinador, que teria agido na direção contrária de uma professor - como cabe a cada treinador - com Canobbio e Darwin Núñez, culpando jogadores por resultados e fazendo-os ir às lágrimas, tamanha a revolta e pressão exarcebada colocadas nas suas costas.

O próprio Bielsa admitiu, recentemente, que a sua autoridade foi abalada. Não era para menos. O cenário vem de alguns meses, antes mesmo da Copa América, quando episódios lamentáveis aconteceram. Um deles foi a equipa técnica pedir para os jogadores não cumprimentarem os adeptos à porta do hotel. Fico a questionar-se onde ficou aquele exemplo de liderança que eu imaginei que existia...

Corda partiu

A situação incómoda, claro, chegou dentro de campo. Após o empate sem golos, na terça-feira, contra o Equador, a sequência é de oito jogos sem vencer e quatro sem marcar golos. 

Sabemos como, no futebol, é preciso que os jogadores comprem e abracem a ideia de um treinador. Para isso, o trato no dia-a-dia e a honestidade podem ser fundamentais para se ganhar o grupo, tê-lo nas mãos e poder contar com todos. Mas Bielsa superou-se, ao recusar-se a dar um simples bom dia a todos. 

Com o ambiente que se criou, vejo a presença de Bielsa por lá como insustentável. Uma saída seria um pedido público de desculpas, reconhendo os erros e buscando uma melhoria no trato com quem está à sua volta. Não acredito que isso acontecerá. 

Até lá, os jogadores uruguaios devem fazer de tudo para levar a equipa ao Mundial, mesmo com Bielsa por ali. Tal situação deve persistir até uma saída, que teria relação direta com uma falta de condição humana de um genial treinador, de ideias inspiradoras, mas sem uma sensibilidade, que pode fazer o dissabor do dia-a-dia tornar-se um tiro no pé. 

Daniel Ottoni, editor do Flashscore Brasil
Daniel Ottoni, editor do Flashscore BrasilFlashscore