Entrevista Flashscore a Pedro Pauleta: “Já merecíamos ter ganho um Europeu sub-21”
A 21 de junho, em Tblisi, Portugal vai dar o pontapé de saída do Campeonato da Europa de sub-21, diante da anfitriã Geórgia. Será a 12.ª participação da equipa das quinas nesta competição a única que ainda não ganhou no que toca a provas continentais de formação.
À partida para a Geórgia e com nomes como Fábio Vieira, Vitinha, Nuno Tavares, Pedro Neto ou Fábio Silva a equipa de Rui Jorge parte como uma das favoritas a erguer o troféu que em duas das três últimas edições em que participou (2015 e 2021) escapou na final. Em conversa com o Flashscore, Pedro Pauleta assumiu a presença num lote de candidatos, mas recusou colocar pressão nos 23 elementos vão dar forma ao sonho.
- Acho que a primeira pergunta tem mesmo de ser quais são as expectativas da equipa para este Campeonato da Europa?
- São sempre as mesmas. A de valorizar os jogadores no espaço dos sub-21 para podermos aproveitar ao máximo os atletas, num futuro próximo, na seleção principal. É óbvio que é uma competição em que ultimamente temos feito, com muita qualidade, representando Portugal sempre com grandes resultados. Duas finais nos últimos europeus em que participámos demonstram a qualidade que temos nos nossos jogadores, mas não vamos meter pressão nos nossos jogadores. Isso não pode existir porque são anos diferentes, seleções diferentes, é um modelo diferente. Agora acreditamos muito nos nossos jogadores, na nossa equipa, na qualidade deles e acreditamos que vamos fazer um grande Europeu. Se me pergunta se queremos chegar o mais longe possível? Queremos. Se somos candidatos? Fazemos parte de um lote de grandes seleções que está no Europeu.
- E por falar nessa qualidade, atualmente temos a grande maioria dos jogadores sub-21 a ter minutos importantes em equipas principais de grandes ligas. É uma diferença que se tem notado em termos de crescimento?
- Sim, eu recordo-me que quando nós entrámos aqui ainda tínhamos de ir buscar jogadores à Liga 2, Campeonato de Portugal. Atualmente temos essa sorte de ter jogadores a jogar nas primeiras divisões e em grandes clubes nacionais e internacionais. É uma grande vantagem para nós, como é óbvio, e fruto do trabalho dos clubes que foi desenvolvido em Portugal, o trabalho que fizemos aqui, o aparecimento das equipas B na Liga 2, que foi muito importante, e a evolução dos nossos jogadores. Temos essa sorte, e as outras seleções também, de ter jogadores habituados a grandes jogos como os que vão encontrar agora no Europeu e isso é uma grande vantagem para nós.
- E por falar em grandes jogos, o primeiro é logo contra a Geórgia, uma das anfitriãs. O Pauleta já participou em várias competições internacionais com Portugal, qual é a importância de começar bem?
- É sempre importante começar com um bom resultado. É um grupo de quatro equipas, se venceres o primeiro jogo é um passo importante, mas não decisivo, da mesma forma que uma derrota é algo que custa bastante, mas também não é decisiva. Vamos jogar contra a equipa da casa, que já jogámos contra ela (vitória por 4-1), mas vai ser totalmente diferente, já que essa seleção tem sete ou oito jogadores titulares nos A e que acreditamos que vão estar presentes aqui. Vai ser bastante difícil e será uma seleção complicada. O grupo é bastante difícil, Países Baixos, Bélgica e Portugal são três seleções que nos últimos anos demonstram grande qualidade, com jogadores de grande qualidade, vai ser um grupo muito fechado que só será decidido na última jornada. A única dúvida é a Geórgia e vai depender muito dos jogadores que vá apresentar, porque acredito que vão ser os melhores que têm, vão baixar todos.
- Há bocado falava de projeto e este jogo também serve para se ver dois projetos diferentes. A Geórgia aposta em trazer os melhores jogadores, Portugal tem António Silva e Gonçalo Ramos, por exemplo, na seleção principal que poderiam estar aqui. Existiu esse debate dentro da estrutura, de colocar aqui aqueles que na teoria são os melhores?
- Não, nós temos as coisas bem definidas. A prioridade é sempre a seleção acima e, neste caso, a Seleção Nacional principal é a grande prioridade, seja a competição que for. É para isso que trabalhamos todos desde os sub-15 até aos sub-21, para formar o melhor possível os jogadores para que eles cheguem aos A prontos para dar rendimento. Temos o Inácio, o Nuno Mendes, o Vitinha, são muitos jogadores que estão nos A e isso é prova do excelente trabalho que temos feito e é isso que queremos. Da defesa toda que fez o apuramento só o Nuno Tavares é que está presente. O João Mário está lesionado, o Tiago Djaló com um problema grave, o Eduardo Quaresma não jogou o ano inteiro, o Gonçalo Inácio e o António Silva estão no patamar acima. São jogadores que fazem falta, por isso é que estão onde estão, mas é uma oportunidade para os outros jogadores mostrarem o seu valor e felizmente temos jogadores em Portugal de grande qualidade que estão preparados também para dar o seu contributo. É verdade que se tivéssemos oportunidades de ter todos havia mais escolha, mas estes que cá estão dão garantias de fazer um grande Campeonato da Europa.
- Aproveitando para falar sobre os jogadores, vamos para uma posição que bem conhece: ponta-de-lança. Depois anos há procura de um sucessor para o Pauleta, de repente temos nos sub-21 Vitinha, Fábio Silva e Henrique Araújo, com Gonçalo Ramos na seleção principal. O que mudou?
- O trabalho que temos vindo a fazer ao nível dos quadros competitivos, o excelente trabalho que os clubes têm feito com as academias que têm desenvolvido grandes jogadores, não só pontas-de-lança, mas nas outras posições também. Falando especificamente nessa posição, ter quatro avançados nos sub-21 com o talento que eles têm é bom porque são avançados diferentes uns dos outros, cada um com a sua forma de procurar o golo e isso é uma mais-valia para Portugal, tanto é que um deles está já na equipa principal.
- E esse trabalho desenvolvido traz uma pressão adicional para vencer este troféu?
- São sempre gerações diferentes. Não é uma equipa que falhou e depois vai tentar outra vez. Se formos a ver nenhum jogador que participou noutro Europeu está cá (n.d.r. Fábio Vieira e Francisco Conceição estiveram em 2021). São equipas diferentes, seleções diferentes que vamos encontrar. Existe essa vontade de ganhar, que faz falta no nosso palmarés. Já podíamos ter ganho, já merecíamos ter ganho, mas agora é procurar no próximo Europeu valorizar ao máximo os nossos jogadores, fazendo o que nosso treinador quer, de forma que estejam preparados para a seleção principal e ir o mais longe possível. Isso é ir a uma final e poder ganhar. Se me pergunta se eu acredito que pode acontecer? Acredito neste Europeu como acreditava nos outros, porque temos esse valor, mas cabe-nos a nós mostrar essa qualidade no campo.
- E por último, para quem trabalha tão perto com o grupo, qual é a mais-valia?
A mais-valia desta seleção é o coletivo e depois vários jogadores a nível individual que podem fazer a diferença a qualquer momento. O coletivo não são só os 11, são aqueles que estão de fora e que quando entram, podiam ser titulares, e trazem sempre algo de diferente. Por isso é que digo que a confiança e trabalho dos jogadores que cá estão, que muitas vezes foram chamados umas vezes para jogar e outras vezes para estar no grupo e mostraram sempre essa capacidade para estar aqui.