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Campeonato boliviano é cancelado após esquema de manipulação de apostas

Daniel Ottoni
Rede de corrupção foi forjada por clubes, dirigentes, jogadores e árbitros
Rede de corrupção foi forjada por clubes, dirigentes, jogadores e árbitrosBolívar
O futebol boliviano deparou-se com uma das notícias mais bombásticas da sua história esta terça-feira. O Conselho da Divisão Profissional do Campeonato Boliviano e da Taça nacional decidiu anular os dois campeonatos.

A decisão chega depois divulgação de áudios que indicavam casos de manipulação de resultados e apostas de jogos no país. A informação foi divulgada pelo canal local “Deporte Total”. As denúncias foram feitas pelo presidente da Federação Boliviana de Futebol (FBF), Fernando Costa.

O resposável indicou que foi forjada uma rede de corrupção por clubes, dirigentes, jogadores e árbitros, que teriam se beneficiado financeiramente de forma ilícita. "Tentáculos estrangeiros" podem estar envolvidos. O torneio contava com 19 equipas e com 23 jogos já realizados. O The Strongest estava na liderança.

"O futebol boliviano está mortalmente ferido. Vemos que praticamente a maioria dos clubes da Divisão Profissional e a maioria dos clubes que estão a participar no torneio Simón Bolívar (o campeonato de promoção) foram afetados", informou o presidente. 

The Strongest era o líder do torneio local
The Strongest era o líder do torneio localThe Strongest

O presidente do clube Vaca Díez, Marcos Rodriguez, solicitou dispensa do cargo nesta terça-feira, por alegado envolvimento. A presidente do Independiente Petrolero, Jenny Montaño, indicou que quatro jogadores do clube estariam envolvidos no esquema.

Membros da Comissão de Arbitragem do Campeonato Boliviano podem perder os seus cargos como Alejandro Mancilla, Wilson Estrada e Juan Carlos Cardozo, acusados de serem cúmplices de participação ativa no esquema.

Esquema de manipulação machuca o futebol boliviano
Esquema de manipulação machuca o futebol bolivianoIndependiente Petrolero

Mancha

"Árbitros envolvidos, maus dirigentes e jogadores infiltraram-se na maioria dos clubes. Os objetivos desta rede criminosa são beneficiarem-se financeiramente e manchar a gestão do comité executivo. Este presidente não vai tolerar e não vai permitir que a corrupção prejudique o futebol boliviano", reforçou.

A votação para definição do futuro do campeoanto terminou com 14 votos a favor do recomeço da temporada, dois contra e uma abstenção. Um novo torneio vai começar em território boliviano. 

Uma alternativa que não avançou foi, para tentar recuperar o tempo perdido, realizar um campeonato mais curto, com cerca de quatro meses de duração.

O presidente indicou que algumas das decisões contaminadas vinham do VAR, ajudando na constante "má arbitragem" no campeonato principal.

Foi solicitado um relatório a uma empresa designada pela FIFA para monitorizar as partidas. O documento será enviado à CONMEBOL e ao próprio órgão mundial de futebol.

Brasil teve caso recente de manipulação

O que está a acontecer na Bolívia passou recentemente pelo Brasil. Jogadores admitiram envolvimento num esquema de manipulação de apostas, com as punições e multas a serem aplicadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva brasileiro para nove deles. Os jogos, a maioria deles em 2022, foram mantidos.