A ambição do capitão manteve objetivo histórico: Portugal vence Liechtenstein (2-0)
Experiências
Com a qualificação já garantida e o primeiro lugar também, Portugal tinha no Liechtenstein uma oportunidade perfeita para fazer algumas experiências tendo em vista o próximo Campeonato da Europa. E Roberto Martínez não desperdiçou a hipótese: José Sá e Toti Gomes fizeram as estreias com a camisola das quinas, Rúben Neves partiu como um central, em momento defensivo, subindo para o meio-campo no ataque, João Félix atuou na ala esquerda, Diogo Jota como interior esquerdo, no meio-campo.
O Liechtenstein apostou na organização defensiva, com quatro centrais a comporem o quinteto mais defensivo, com a equipa se tentava proteger atrás.
Displicência ou falta de rotina?
O jogo mostrou aquilo que seria logo desde o primeiro minuto. O Liechtenstein remeteu-se ao processo defensivo e sempre que a bola chegava, o objetivo era despachá-la o mais rapidamente para a frente, onde Salanovic e Hasler estavam completamente isolados.
Naquele que foi uma espécie de treino ofensivo, Portugal chegou ao fim dos primeiros 45 minutos com 733% de posse de bola, mas apenas três remates enquadrados (Rúben Neves e Bruno Fernandes, de fora da área, obrigaram Buchel a defesas atentas, sendo que o guardião também defendeu o disparo de Ronaldo) e uma oportunidade digna desse nome (Gonçalo Ramos cabeceou, no coração da área, ao lado, após jogada de Cancelo e Bernardo Silva pela direita).
Um misto de displicência de quem sabe que é muito melhor que o adversário, conjugada com as dificuldades naturais de quem entrava em campo com um onze muito pouco rotinado neste sistema estavam a prender a Seleção Nacional. A qualidade técnica estava lá, mas faltava rapidez a mover a bola e algumas melhores decisões para conseguir saltar o muro erguido pelo Grão-Ducado em frente à baliza.
As principais ações de perigo surgiram, principalmente, por ações individuais de jogadores - e aqui João Cancelo esteve em destaque - do que por inspiração coletiva. Foram, talvez, os 45 minutos mais cinzentos do consulado de Roberto Martínez.
Reveja aqui as principais incidências da partida
Vontade de capitão
Depois de um primeiro tempo que deixou muito a desejar, Portugal entrou no segundo tempo com outra atitude. Aproveitando alguma audácia do Liechtenstein que subiu no terreno, a Seleção Nacional chegou à vantagem aos 47 minutos e por um nome inevitável.
Se há algo que não pode se apontar a Cristiano Ronaldo é de falta de índices competitivos e o capitão voltou a indicar o caminho. Se nos primeiros segundos da etapa complementar foi negado pelo poste, teve melhor pontaria quando foi lançado por Diogo Jota na profundidade e fez o 10.º golo nesta fase de qualificação – está agora igualado com Lukaku, sendo que ambos vão ter mais um jogo.
O golo despertou a Seleção Nacional, que aumentou o ritmo, foi mais acutilante e o golo de João Cancelo, aos 57 minutos surgiu sem surpresa alguma. Um dos melhores – e dos poucos profissionais – da equipa da Liechtenstein, Benjamin Büchel borrou a pintura, quando tentou desarmar Cancelo fora da área e acabou por deixar a baliza a descoberto para o lateral do Barcelona concretizar.
O susto
E foi no melhor momento que surgiu a situação de maiores apuros para a Seleção Nacional. Salanovic conseguiu bater Rúben Neves em velocidade, mas José Sá agigantou-se perante o avançado do Liechtenstein e coroou a primeira internacionalização com uma defesa importante, mantendo a baliza a zeros.
Portugal acusou o toque e tentou recuperar o controlo da partida, baixando o ritmo de jogo. A entrada de Bruma para o lado esquerdo veio trazer uma vivacidade à faixa canhota que não tinha existido até então, mas fora o golo anulado a João Félix por fora de jogo, a Seleção Nacional não teve muitos mais momentos de perigo.
Aos 82 minutos, um momento de tensão num jogo relativamente calmo. Na sequência de um livre lateral, marcado por João Félix na esquerda, Gonçalo Ramos antecipou-se a toda a gente e foi mais lesto a colocar a bola no fundo das redes após uma defesa incompleta de Buchel a um cabeceamento seu. Após uma longa verificação do VAR, o árbitro assinalou fora de jogo e voltou tudo ao 2-0.
Até final, nota para mais uma estreia: João Mário é o mais recente internacional português, sendo o quinto a estrear-se pela mão de Roberto Martinez. O lateral do FC Porto entrou com João Neves (que somou a segunda internacionalização) para os instantes finais de um encontro que estava mais do que decidido.
Com este resultado, Portugal encontra-se no primeiro lugar com 19 pontos, mais oito que Eslováquia, que também garantiu o apuramento. A equipa das quinas procura agora fechar um inédito apuramento só com vitórias e está a um golo de igualar o melhor registo ofensivo numa qualificação (35). Já o Liechtenstein está no último posto, sem qualquer ponto.
Homem do jogo: João Cancelo (Portugal)