Águias albanesas perto da segunda qualificação para uma fase final na sua história
O futebol foi sempre um desporto importante na Albânia, com tradições orgulhosas e jogadores talentosos ao longo da história, como Loro Boriçi, que no início da década de 1940 foi o parceiro do lendário Silvio Piola na Lazio.
Em 1946, houve também uma vitória fantástica na chamada Taça dos Balcãs, que, para além da Albânia, contou com a participação de três grandes nações futebolísticas: a Jugoslávia, a Bulgária e a Roménia. Mas, desde então, os êxitos futebolísticos ao nível das seleções nacionais foram escassos durante muitos anos.
Sendo um país isolacionista, governado com mão-de-ferro pelo ditador Enver Hoxha, que manteve o poder no país entre 1944 e 1985, durante muitos anos estava longe de ser garantido que a Albânia participaria nas qualificações para os maiores torneios internacionais.
E, quando o fazia, raramente chegava perto de se qualificar para qualquer coisa. Mas agora parece que a Albânia decifrou o código, pois parece estar de malas aviadas para o Campeonato da Europa de 2024, a segunda participação nas últimas três fases finais do torneio.
Na campanha de qualificação para o Euro-2016, a Albânia conseguiu qualificar-se pela primeira vez na história do país para um grande torneio internacional... com Portugal metido ao barulho. Nessa ocasião, a seleção das quinas ficou em primeiro lugar e a Albânia superou a Dinamarca, Sérvia e Arménia ao segurar o segundo lugar do grupo.
Com pontos contra a Dinamarca fora e em casa, em Tirana, e uma vitória sensacional em Aveiro sobre os portugueses - que ditou a saída de Paulo Bento do comando técnico e abriu as portas a Fernando Santos -, os albaneses conquistaram o segundo lugar do grupo e seguiram diretamente para o Campeonato da Europa em França.
A qualificação para o último Campeonato da Europa não correu tão bem, terminando em quarto lugar, atrás da França, Turquia e Islândia, mas agora os albaneses estão de volta ao bom caminho, impulsionados por uma defesa de ferro sólida e uma incrível capacidade de marcar golos fantásticos de longa distância.
Faltam apenas dois jogos e o primeiro lugar está à mão de semear, pelo que as Águias-de-Haast (símbolo do país), estão na pole position para ganhar um grupo com duas fortes selecções, a República Checa e a Polónia. 11 golos marcados, três sofridos, um deles contra as Ilhas Faroé.
À sua espera no último jogo da fase de grupos estão mesmo as Ilhas Faroé, mas antes disso, uma difícil viagem a Chisinau, onde uma Moldávia surpreendentemente boa está a postos para receber a Albânia. Os moldavos venceram a Polónia e empataram com a República Checa em casa e, mais recentemente, conquistou pontos em Varsóvia.
No entanto, os albaneses podem contar com um par de jogadores muito talentosos e uma dupla defensiva extremamente experiente. A liderar a equipa está o brasileiro Sylvinho, o antigo lateral do Arsenal e do Barcelona que está no comando desde janeiro, com quatro vitórias em seis jogos.
Esta terça-feira pode ser apenas um amigável para a Albânia, que joga em casa, em Tirana, contra a Bulgária, na Arena Kombëtare, mas, mesmo assim, é mais uma boa oportunidade de evolução, especialmente para os jogadores mais jovens.
Entre eles, o médio do Inter Kristjan Asllani, que aos 21 anos já disputou 13 partidas pela seleção, e Mario Mitaj, de 20 anos, que atualmente joga no Lokomotiv Moscovo, tornou-se titular na defesa de Sylvinho.
Uma linha defensiva que é dominada por uma série de nomes extremamente experientes. Entre os postes está Etrit Berisha, de 34 anos, capitão e jogador do Empoli, com experiência em grandes clubes como Lazio e Atalanta.
Na lateral direita está Elseid Hysaj, de 29 anos, que, com mais de 275 jogos na Serie A pelo Nápoles, entre outros, é um dos nomes mais conhecidos do futebol albanês há muitos anos, enquanto o também defesa Berat Djimsiti é uma presença regular e importante para a Atalanta desde 2018.
Com nomes relativamente jovens, mas já relativamente grandes, como Armando Broja, do Chelsea, e Marash Kumbulla, da Roma, o futuro parece potencialmente ainda mais brilhante para os albaneses, mas nesta campanha de qualificação foi Nedim Bajrami, de 24 anos, que, tal como muitos dos melhores jogadores albaneses, joga em Itália, mais concretamente no Sassuolo, tem sido o verdadeiro destaque.
Com três golos, Bajrami partilha o segundo lugar da lista interna de melhores marcadores do grupo de qualificação com o companheiro de equipa Jasir Asani, o checo Václav Černý e ninguém menos do que o polaco Robert Lewandowski, todos com menos um golo do que o fenómeno moldavo Ion Nicolaescu.
Ion Nicolaescu é o homem que Hysaj, Djimsiti e companhia vão querer travar na próxima pausa internacional, onde a Albânia pode garantir a qualificação direta para apenas a segunda fase final da história do país e dar mais um passo para garantir o seu lugar ao lado das melhores equipas europeias.