Alarme em Nuremberga: o susto como sinal de alerta antes do Euro-2024
Por volta da meia-noite (horas locais), ninguém foi autorizado a sair do Estádio Max Morlock. Após a abertura atmosférica dos jogos particulares do Campeonato da Europa, a polícia alertou subitamente, através de altifalantes, para uma "situação de perigo concreto na zona exterior do estádio", e até a equipa da Alemanha teve de permanecer no recinto após o empate (0-0) com a Ucrânia.
A luz verde só foi dada um quarto de hora mais tarde. "Os nossos serviços de emergência conseguiram resolver a situação. Não houve qualquer perigo", declarou a polícia.
No entanto, o incidente torna a situação delicada mais do que evidente, a pouco mais de uma semana do início do Campeonato da Europa, com a segurança em alerta máximo.
A situação de segurança é "tensa", afirmou a ministra federal do Interior, Nancy Faeser, na conferência de imprensa desta terça-feira.
Apesar de não existirem atualmente "indícios concretos de uma ameaça", as autoridades de segurança estão preparadas para uma "grande demonstração de força".
É claro que não pode existir algo como "100% de segurança".
Terrorismo, hooligans, ciberataques...
Nas próximas semanas, são esperados cerca de doze milhões de adeptos de toda a Europa. A segurança é uma "prioridade máxima", anunciou recentemente Olaf Scholz. O Chanceler Federal visitou a seleção da Alemanha no balneário, alguns minutos antes da situação de alerta em Nuremberga, mas já tinha saído quando foi decretado o recolher obrigatório.
De acordo com as autoridades, a polícia começou por levar a situação "muito a sério".
Não é só desde este incidente que as autoridades de segurança alemãs têm vindo a assumir uma situação de ameaça complexa para o Campeonato Europeu. O foco vai "desde a ameaça do terrorismo islâmico, hooligans e outros criminosos violentos até aos ataques cibernéticos", explicou Faeser.
A defesa e o combate a todos os "perigos concebíveis" são "a principal prioridade". A "situação política tensa", com as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, traz consigo "muitos desafios".
A polícia manterá uma "forte presença" em todos os locais de espetáculo e em todos os locais onde se verifique a presença de um grande número de pessoas.
"Estamos muito vigilantes", sublinhou Faeser, acrescentando que "o festival de futebol deve ser pacífico". No entanto, o perigo é "abstratamente elevado. Estamos a levar isto a sério para que o abstrato não se torne concreto", acrescentou o Ministro do Interior da Renânia do Norte-Vestefália, Herbert Reul: "Estamos tão bem preparados quanto possível. Mas não podemos garanti-lo a 100 por cento. Isso não é possível".
Cooperação estreita com as autoridades francesas
Cerca de 350 agentes da polícia dos países europeus participantes apoiarão os agentes alemães e existe uma estreita cooperação com a França, em particular. Em Neuss, haverá um centro de situação policial central para os governos federal e estaduais. Durante o torneio (de 14 de junho a 14 de julho), todos os elementos das autoridades de segurança estarão reunidos no "Centro Internacional de Cooperação Policial" (IPCC), com 500 metros quadrados.
O Ministro Federal da Justiça, Marco Buschmann, alertou para o "lado negro" de um torneio em casa.
"Os hooligans e os turistas desordeiros também virão para a Alemanha", disse o político do FDP ao Bild am Sonntag. Não foi só por isso que Faeser reiterou, na terça-feira, a sua intenção de reintroduzir temporariamente os controlos em todas as fronteiras alemãs durante o Campeonato da Europa.
A ministra do Interior espera um novo "conto de fadas de verão". O incidente de Nuremberga terá, provavelmente, sensibilizado mais uma vez as autoridades de segurança. Mesmo que, no fim de contas, o gatilho tenha sido apenas uma mala perdida.