Análise: As primeiras notas sobre a Turquia, adversária de Portugal no Euro-2024
Recorde aqui as incidências do encontro
A equipa de Vincenzo Montella impressionou nas últimas partidas, com as vitórias por 0-1 frente à Croácia e por 2-3 com a Alemanha a servirem de ponto motivacional para o Campeonato da Europa. No entanto, tal como noutras fases finais, a Turquia mostra debilidades que fazem com que continue a ter de ser encarada como uma equipa capaz do melhor e do pior.
Se no remate exterior tem alguns dos melhores executantes do futebol europeu, com destaque para Çalhanoglu e para o benfiquista Kokçu, defensivamente a equipa deixa a desejar e, no processo ofensivo, depende do espaço concedido pelo adversário e de momentos de irreverência individual para desbloquear defesas.
A tal meia distância é uma das principais armas da Turquia, bem como o jovem Kenan Yildiz, a aparecer na Juventus e a ganhar cada vez mais espaço numa seleção com talento a emergir - Arda Guler é um desses casos.
O extremo da Juve aparece desde a esquerda, mas é no espaço interior que consegue criar mais situações de perigo. Num futebol apoiado - a Turquia procura jogar curto desde o seu guarda-redes -, Yildiz conduz com o pé esquerdo, mas procura movimentos centrais, até porque a capacidade de utilizar o pé direito também é assinalável, enquanto num estilo mais direto usa os seus dotes mais técnicos, nomeadamente a receção, para aparecer em zonas de finalização. Foi dessa forma que obrigou Gulacsi a uma grande defesa na segunda parte.
Debilidades defensivas para explorar
Quanto ao momento defensivo, a Turquia é uma equipa intensa, que procura pressionar alto, mas que dá conforto total ao guarda-redes adversário, algo que pode ser aproveitado pela capacidade de Diogo Costa a jogar com os pés.
No entanto, tal como no passado, é nesta fase que a Turquia começa a vacilar. Com uma dupla de centrais que prometeu (Soyuncu e Demiral), mas que está afastada das opções iniciais, a Turquia não apresenta tanta qualidade nesse setor e Montella sentirá certamente necessidade de efetuar correções a tempo do Europeu.
A projeção dos laterais (mais à direita do que à esquerda, uma vez que Yildiz assume todas as defesas ofensivas nesse corredor) abre espaço a ataques rápidos dos adversários, mas é a zona central que carece de maiores debilidades.
Com Çalhanoglu, Kokçu e o próprio Yuksek a procurarem movimentos verticais para se juntarem aos jogadores mais ofensivos, a Turquia abre espaços no centro do terreno, pelo que as movimentações de jogadores como Bernardo Silva ou Bruno Fernandes, inteligentes na leitura do espaço, podem ferir o conjunto turco com um passe de rutura ou um remate de longa distância - ou através das diagonais utilizadas no jogo de preparação com a Suécia.
Se na baliza turca Gunok, na ausência de Bayindir, guarda-redes do Manchester United, dá razões de confiança (fortíssimo entre os postes), as bolas paradas são outros dos aspetos a explorar pelos portugueses.
Foi dessa forma que a Hungria conseguiu criar os seus principais lances de perigo e é até na sequência de uma jogada de bola parada que surge o penálti que resulta na derrota frente aos húngaros. Um possível reaparecimento de Soyuncu e Demiral, fortes neste aspeto, vai certamente subir o nível individual neste tipo de lances, mas há trabalho coletivo para fazer nos treinos, tendo em conta a facilidade com que a equipa de Marco Rossi ganhou nas alturas.
Resumo para Roberto Martínez
Fragilidades da Turquia: bolas paradas, demasiado espaço na zona central, irregularidade dos jogadores ofensivos.
Pontos fortes da Turquia: remate exterior, Çalhanoglu no papel de construtor, influência de Kokçu e jovens talentos a surgir.