Arrivederci, campione

Do topo da Europa à eliminação precoce. Os últimos anos da seleção italiana têm sido autênticos altos e baixos. Depois de tentar encontrar uma geração vencedora, foi até com estatuto de outsider que Roberto Mancini conseguiu levar Itália ao título europeu, em 2021.

Em Wembley, parecia que iria começar a nova era do futebol italiano. Sem o aborrecido catenaccio, mas com jogadores capazes de encantar o futebol europeu, como Barella ou Chiesa. Só que o ano seguinte foi logo um choque de realidade.

Se Itália continua no topo dos países no que toca à cozinha, a nível futebolístico já não é bem assim. A Serie A está longe do nível dos anos 90, uma espécie de Premier League do sul da Europa, e a capacidade dos jogadores à disposição dos selecionador não é a mesma de outros tempos.

Que me perdoem os exemplos seguintes, mas nomes como Cristante, Fagioli, El Sharawy e Mancini não têm a qualidade necessária para ganhar títulos, não só nos clubes como na seleção, e isso ficou evidente quando Spaletti tentou encontrar alguma solução para ultrapassar os problemas que tinham ficado claros na fase de grupos e que já tinham levado Itália a falhar o Mundial-2022.

Pode chegar para vencer a Albânia (à rasca) e empatar com a Croácia (à rasca), mas a verdade é que esta mais parece uma seleção de... desenrasque.

Uma típica equipa suíça - organização, inteligência e organização - bastou para dominar por completo a Squadra Azzurra e acabar com o estatuto de campeão europeu (leia a crónica aqui). Só Donnarumma merecia um destino diferente (para mim, devia ser na mesma o melhor guarda-redes do Europeu, só igualado pelo georgiano Mamardashvili).

Pausa para tomar banho

Não vou mentir. Estava a precisar daquela pausa no Europeu. Certamente não quer saber da minha vida, mas viajei até à Alemanha para ver Portugal perder com a Geórgia. Um banho de realidade para quem já pensava que iam ser favas contadas. E por falar em banho...

Sim, aproveitemos essa transição porque o regresso da competição foi abençoado pelo temporal que se fez sentir em Dortmund. A trovoada e o granizo ao nível bola de golfe fizeram com que o árbitro do encontro, Michael Oliver, fosse rápido a forçar uma interrupção que surpreendeu tudo e todos.

Assim que apareceram as imagens do céu, os motivos ficaram claros. Demasiado claros. Um relâmpago antecipou um cenário de temporal que durou mais de 10 minutos e forçou as equipas a recolher aos balneários.

Só que há sempre quem prefira aproveitar o que a natureza nos dá de bom. Foi o caso destes dois adeptos dinamarqueses que, talvez sem hotel e depois de uma tarde quente pela cidade, aproveitaram o banho grátis e ficaram mais frescos e limpos para assistir ao resto da partida. 

Infelizmente para eles, o verdadeiro temporal veio na segunda parte, com a eliminação da Dinamarca aos pés da Alemanha (leia a crónica aqui).

Social media done... wrong?

O Europeu é sempre uma boa oportunidade para criar engagement nas redes sociais, desde que faça sentido publicar sobre futebol e desde que a própria publicação faça sentido, o que nem sempre é o caso.

Nos últimos dias, temos visto exemplos disso mesmo. Em Portugal, uma conhecida casa de apostas fez uma publicação a satirizar a exibição de António Silva frente à Geórgia, mas as reações dos adeptos foram tão negativas que levaram a que a empresa decidisse apagar o post.

O mesmo aconteceu recentemente com a própria seleção da Bélgica. A ideia passava por agitar o duelo com a França através das redes sociais, mas pode dizer-se que o tiro passou ainda mais ao lado do que os remates de Lukaku.

A prova disso é que a Bélgica também acabou por retirar o vídeo e viu-se forçada a pedir desculpas em público a Kylian Mbappé: "O vídeo pretendia ser humorístico, mas entretanto foi retirado do ar. Gostaríamos de pedir desculpa a todos os que possam ter sido ofendidos".

Deixo a avaliação ao seu critério.

Um inc€ntivo €xtra

São os próprios jogadores de futebol a dizer que não há maior motivação e incentivo do que jogar pela seleção, especialmente numa prova como esta, mas há quem tenha criatividade e cofres cheios o suficiente para acrescentar um topping que pode fazer a diferença no momento de disputar aquele metro extra, especialmente quando não se joga nas melhores equipas do mundo.

Por amor ao país ou por questões de imagem, o certo é que Bidzina Ivanivishvili, oligarca georgiano, decidiu contribuir da forma possível para ajudar a sua seleção a ultrapassar obstáculos rumo ao impensável título de campeão europeu (leia aqui).

Não sabemos se terá sido esse incentivo a servir de motivação para que a Geórgia montasse uma teia defensiva e desmontasse o plano (ou falta dele) da seleção portuguesa, mas 10 milhões de euros já estão nos bolsos dos jogadores georgianos.

A ideia funcionou tão bem que Inanivishvili, certamente sem saber o que fazer ao dinheiro, decidiu repetir a dose e ofereceu nova tranche aos representantes da Geórgia em solo alemão, caso estes vençam a Espanha, acabando por receber palavras de agradecimento do próprio primeiro-ministro do país, Irakli Kobajidze.

Será que o investimento vai voltar a compensar este domingo? Os espanhóis que se cuidem...