Destaques do dia 1 do Euro-2024: Justa homenagem, o treino português e a sinfonia alemã
Treino português
Comecemos... pelo que interessa. A seleção portuguesa subiu ao relvado para um primeiro treino à porta aberta em solo germânico que contou com a singela presença de 8.210 adeptos em Gutersloh. Coisa pouca, considerando que apenas 6.000 estavam disponíveis e a procura foi de 50.000.
Já pouco ou nada nos consegue surpreender na diáspora portuguesa, mas há sempre com que ficar arrepiado cada vez que a equipa das quinas viaja para fora do país. Quer dizer, exceto quando o Catar tentou fazer uma receção à portuguesa com adeptos emprestados, mas o que lá vai, lá vai.
Os muitos emigrantes na Alemanha e na Suíça brindaram a turma de Roberto Martínez, um espanhol que, certamente, não deveria estar à espera de tanta euforia. A loucura foi tanta que houve um total de 13 tentativas de invasão de campo, uma delas travada pelo guarda-redes José Sá. Mas a euforia não se ficaria por aí, com o Canal 11 a apanhar um momento caricato em direto enquanto entrevistava um adepto.
Enquanto falava sobre o autógrafo que conseguiu de Cristiano Ronaldo, o emigrante luso foi abordado por um fã estrangeiro que lhe fez várias propostas inusitadas. Pela assinatura do craque português chegou a oferecer mil euros e um relógio, mas viu-se perante um verdadeiro tuga que não abalou na hora de dizer que o amor não se vende. Oxalá o sentimento fosse o mesmo em certos escritórios.
Cerimónia sem sal, salva pela homenagem ao Kaiser
Não há outra maneira de dizer isto, a cerimónia de abertura foi mesmo muito fraquinha. Longe de mim querer compará-la ao espetáculo mediático e de produção assombrosa que é o Super Bowl, mas exigia-se mais um pouquinho. A música foi má, qualquer São João do país tinha mais (e melhor) fogo de artifício e artista musical nem vê-lo.
Aliás, a questão do fogo de artíficio é compreensível sendo que essa prática não é vista com bons olhos por parte do público e da legislação alemã. Mas estamos a falar da UEFA, que não anda propriamente a contar os trocos. Pedia-se um pouquinho mais além de um mosaico de cores com um insuflável gigante.
Especialmente numa noite de homenagem a um dos grandes futebolistas de todos os tempos: Franz Beckenbauer, o Kaiser. Foi o melhor momento antes do pontapé inicial, com a víuva Heidi Benckenbauer a segurar o troféu do Euro-1972, ao lado dos capitães das conquistas de 1980, Bernard Dietz, e de 1990, Jurgen Klinsmann.
O susto em Berlim
A segurança foi sempre uma das grandes preocupações da organização deste torneio, os sustos, esses, são sempre inevitáveis.
Ao início da tarde, uma mochila perdida causou apreensão entre as autoridades que tiveram de evacuar e encerrar parcialmente a fanzone em Berlim, junto do Reichstag, resultando num detido. Felizmente, não passou de um susto e tudo regressou à normalidade dentro de poucos minutos.
O sentimento escocês
No Scotland, no party, livremente traduzido para português como "Sem a Escócia, não há festa". O Exército de Tartan - nome pelo qual é conhecida a falange de apoio - não quis deixar o slogan ser apenas isso e só nas bancadas já deu espetáculo melhor do que o de abertura.
Mesmo antes do jogo, os escoceses encheram as ruas de Munique para festejar como só eles sabem, porque no desporto o que importa é estar lá e desfrutar, o resultado esse pouco interessa (e, neste caso, ainda bem...). Ainda assim, a Escócia conseguiu afogar as mágoas com um golo de honra.
A sinfonia da destruição
Todos os dias são bons para recordar frases de Jurgen Klopp. Numa delas, o alemão tinha dito que o futebol de Arséne Wenger era uma "sinfonia de música clássica", enquanto ele era mais fã de "heavy metal". Ora, esta sexta-feira a Mannschaft brindou os seus adeptos com uma sinfonia de Megadeth, enquanto, por seu lado, o megafã escocês Rod Stewart cantava cantiguinhas um pouco mais a norte, em Leipzig.
Leia aqui a crónica da partida
Com uma ameaça de golo no primeiro minuto, Wirtz voltou à carga e inaugurou o marcador aos 10. Pouco depois, foi o outro jovem prodígio, Musiala, a fazer o segundo e, em cima do intervalo, porta escancarada em direção à goleada depois da expulsão e penálti de Porteous, convertido por Havertz que levou o 3-0 para o intervalo.
O resultado final foi um 5-1 - Fullkrug e Emre Can fecharam as contas com dois golaços - confiante e motivador no início da digressão de despedida do maestro condutor Toni Kroos, que na primeira parte não falhou qualquer um dos 57 passes. No final do jogo, o alemão tinha errado... um em 102. Mais do que a batuta do (outra vez) campeão europeu pelo Real Madrid, o domínio germânico foi tal que a Escócia acabou o jogo sem qualquer remate efetuado.
Só marcaram porque Rudiger... bem, Rudiger foi Rudiger. De qualquer das formas, apesar das quedas e tropeções constantes antes da prova, a Alemanha finalmente levantou-se não para se afirmar, mas sim para gritar que também é candidata a levantar o troféu em casa.