Destaques do dia 10 do Euro-2024: Hungria na sala de espera, música para os alemães e um ator leonino
Na sala de espera
Cada vez mais alargado e com mais jogos, o Campeonato da Europa tem agora um formato em que permite aos quatro melhores terceiros classificados apurarem-se para a fase a eliminar, ao invés de apenas os dois primeiros – nós portugueses bem que agradecemos.
Com as malas já feitas após duas derrotas nas duas primeiras jornadas, a Hungria venceu a Escócia, com um golo do ex-Benfica Kevin Csoboth, e ganhou mais uns dias na Alemanha. Pelo menos até quarta, os homens de Marco Rossi vão estar de calculadora na mão, atentos a pontos, golos marcados e diferenças de golos para saberem se vão disputar os oitavos de final ou não.
E se lá chegarem esperemos que com Barnabas Varga apto. Foi angustiante ver o avançado magiar perder os sentidos no jogo com a Escócia. O aparato médico, os jogadores em volta dele enquanto era socorrido, as caras tensas nas bancadas. Tudo aquilo que não queremos ver na alegria de uma partida.
Apenas um susto, esperamos nós.
A sina escocesa
É impossível não deixar de sorrir ao ver uma turba de homens adultos a passear de kilt em grandes números com uma cerveja na mão, já visivelmente inebriados, e a cantar. Por onde a Escócia passou este era o cenário, o famoso Exército do Tartan.
A digressão escocesa terminou este domingo em Estugarda. A derrota com a Hungria (pode ler aqui a crónica) atirou os homens de Steve Clarke para o último lugar do Grupo A e confirmou a triste sina: eliminados na fase de grupos de todas as grandes competições em que participaram.
Certamente sentiremos falta da sua alegria. Até porque, ao contrário dos vizinhos ingleses, não provocaram desacatos.
A festa do povo
Longe de ser um saudosista, até porque a idade não me permite essas veleidades, o futebol neste século XXI tem vindo a ganhar uma vertente comercial excessiva. Quantas vezes não ouvimos falar em rentabilização do produto quando se está a falar de um jogo de futebol. Afinal de contas, 22 homens e uma bola já não é o suficiente para entreter as massas durante 90 minutos, apesar dos momentos apaixonantes que ainda nos vai proporcionando.
Piscando o olho ao futebol americano, mais circunscrito em termos de popularidade, mas talvez igualmente rico, os organismos que lideram o futebol têm tentado associar o espetáculo ao jogo de futebol. As grandes finais, ou jogos de abertura, são antecedidas por concertos de artistas musicais. Umas vezes corre bem, outras nem por isso. Quem esteve em Munique certamente não terá ficado deleitado com a cerimónia de abertura.
No encerramento, em Berlim, certamente vamos ter os autores a entoar FIRE, a música oficial, no relvado do imponente estádio olímpico. Mas talvez não fosse má ideia chamar o homem do saxofone, Andre Schnura, que tem feito as delícias dos adeptos alemães (que precisaram depois do empate com a Suíça) com ritmos de músicas que já ouvimos cantadas por estádios por esse mundo fora (quem consegue ouvir Freed from Desire sem se lembrar de Paulinho?) . Afinal, esta ainda é a festa do povo.
O ator Morten Hjulmand
É dos nomes do momento, no Europeu e em Portugal. Morten Hjulmand é a âncora da Dinamarca, tal como no Sporting e as exibições têm merecidos os elogios de quem está a descobrir um outro diamante nórdico que brilha em Alvalade.
Contudo, Hjulmand não consegue apenas cortar bolas e marcar belos golos com remates de longa distância. Antes de calçar as chuteiras, o dinamarquês teve uma curta carreira de ator. Enquanto criança, no ano de 2013, ao participar em dois episódios da série Borgen, muito popular na Dinamarca.
Uma nação inteira estará à espera que o último ato dele na Alemanha não seja na próxima terça-feira, quando a Dinamarca defrontar a Sérvia, na última jornada do Grupo C.
Chef Morata
Com o primeiro lugar já decidido e a tranquilidade de quem pode olhar para o último jogo da fase de grupos com apenas o orgulho em jogo, Espanha aproveitou para ter um momento descontraído, com o capitão Álvaro Morata a dar que falar.
O avançado de 31 anos trocou as chuteiras pelas frigideiras e fez uma carbonara para os companheiros de equipa. E pela forma como a equipa devorou o almoço parece que o jogador do Atlético Madrid tem claramente aptidões para a cozinha.
É um daqueles nomes que parece eterno – já ouvimos falar de Morata há tantos anos – mas que ainda é relativamente novos – 31 anos no futebol atual não é nada – mas se considerar eventualmente pendurar as botas, o futuro pode passar pela cozinha. Quem sabe se o goleador Morata não passa a Chef Morata.
Uma nova celebração
A França pouco tem brilhado dentro de campo. Dois jogos, quatro pontos e um autogolo. Ainda nenhum jogador gaulês conseguiu celebrar um golo (a vitória com a Áustria foi conseguida graças a um autogolo de Wöber), mas se tivermos de pensar em que será o primeiro não parecem haver grandes dúvidas: Kylian Mbappé.
O capitão é a estrela da companhia e, depois da ausência diante dos Países Baixos, vai voltar diante da Polónia como o homem da máscara. E de resto, festejo já parece estar preparado. Este domingo, depois de marcar no treino foi captado a mandar o adereço de proteção pelo ar.
Não parece tão sonante como o Siii de Cristiano Ronaldo, ou a misteriosa máscara de Gyökeres, mas certamente será mediática.