Destaques do dia 13 do Euro-2024: O déjà vu português, Kvaratskhelia superstar e as contas estranhas
Como é outra vez? Kvara…
Este diário tem de começar obrigatoriamente pela Geórgia. À curiosidade de ser o único país estreante no Euro-2024, juntou-se a extravagância de nomes que pouco ouvimos falar e que se tornam ainda mais complicados de escrever, sobretudo para quem está a cobrir o Europeu.
No onze que derrotou Portugal estavam quatro vilis, no banco outros seis. A raiz do nome também não ajuda. Lochoshvili, Kochorashvili ,Mekvabishvili (tive de escrever com cábula, admito), mas o mais complicado deles todos é também o mais talentoso. Kvicha Kvaratskhelia (sim, também não é fácil de dizer). E foi ele hoje que infernizou a equipa portuguesa.
Brilhou no Nápoles campeão, apagou-se na época que agora findou, mas voltou a surgir em grande no Campeonato da Europa e numa altura em que se diz que quer deixar o sul de Itália. O nome assusta, o jogador também, mas mais uma vez vamos todos ter de fazer o esforço de decorar o nome: Kvicha Kvaratskhelia.
Foi ele, Kvicha Kvaratshkelia (a repetição ajuda), quem levou a equipa o Cáucaso para uns inesperados oitavos de final.
Déjà vu
Duas vitórias nas duas primeiras jornadas de um Campeonato da Europa. É capaz de se lembrar da última vez que Portugal chegou à última jornada com tudo resolvido e possibilidade de rodar.
2000 é o ano que assalta logo a mente. Aqueles três golos de Sérgio Conceição à Alemanha, num jogo em que até o terceiro guarda-redes teve direito a entrar (Quim rendeu Pedro Espinha). Mas é para o Euro-2008 que quero que o leitor viaje.
Vice-campeão em 2004, quarto classificado no Mundial-2006, Portugal chegou à Áustria e Suíça com as expectativas em altas. Na primeira jornada venceu a Turquia (2-0), na segunda bateu a República Checa (3-1). Faz lembrar alguma coisa?
Na última ronda e com tudo praticamente resolvido, Scolari optou por fazer algumas mudanças no onze e o que aconteceu? Portugal perdeu com a Suíça por… 2-0. Quer outra coincidência? Também foi a Turquia a passar no segundo lugar (leia a crónica do jogo aqui).
Uma sensação de déjà vu para a Seleção Nacional que perdeu com a Geórgia também por dois golos de diferença (leia aqui a crónica). Em 2008 perdeu nos quartos de final com a Alemanha. Em 2024 esperemos que as semelhanças se fiquem só pela fase de grupos.
4<3
Este Europeu parece um exercício de matemática e nem sempre daqueles lógicos. Desta vez foi o Grupo E a proporcionar mais uma daquelas contas que deixam os adeptos a coçar a cabeça de espanto.
No agrupamento mais democrático deste Europeu, todas as seleções terminaram com quatro pontos. Inédito na história do Europeu. Enquanto Roménia e Bélgica seguiram para os oitavos de final como as duas primeiras classificadas (devido à diferença de golos), a Eslováquia apurou-se como a melhor terceira (leia aqui a crónica da partida) e a Ucrânia ficou de fora.
O insólito disto é que os ucranianos tiveram uma melhor prestação (três pontos) que Eslovénia, última seleção que seguiu em frente como um dos melhores terceiros. É caso para dizer que três foi vale mais do que quatro nestas contas.
Afinal havia outro
A decisão do Grupo C do Europeu foi um verdadeiro soporífero dentro de campo. Dificilmente alguém se lembrará dos jogos e só os minutos finais trouxeram alguma emoção, de calculadora da mão.
À medida que se ia tornando mais claro que Eslovénia e Dinamarca iam ficar ambas com três pontos, agarrámos no livro dos regulamentos e fomos ver os critérios de desempate: confronto direto? 1-1; diferença de golos geral? 0-0; golos marcados? 2-2; cartões amarelos? 6-6. A única diferença encontrada no final da noite de terça-feira era o ranking da qualificação, que deixou os dinamarqueses com o segundo lugar.
Contudo, a UEFA, talvez apercebendo-se da confusão de quem procurou um motivo para separa as equipas, veio clarificar a situação esta quarta-feira. E como diria Mónica Sintra: Afinal havia outro (cartão amarelo).
Milivoje Novakovic viu um cartão amarelo e desequilibrou o score para os nórdicos. Afinal, a Eslovénia viu sete cartolinas contra seis dos dinamarqueses. A classificação ficou igual, mas ninguém pode negar que este mistério trouxe mais emoção que os 90 minutos de futebol a que assistimos ontem.
Cuidado com o sol
A Europa Central tem sido assolada por uma vaga de calor. Se em Portugal podemos considerar 30º como uma temperatura habitual para o verão, na Alemanha já começa a testar a resistência germânica ao sol.
Preocupados com eventuais queimaduras, a organização colocou nas imediações do estádio de Frankfurt dispensadores com protetor solar. Houve quem não se fizesse rogado e o Flashscore apanhou.
Tintim em campo
O último destaque tem de ir obrigatoriamente para a Bélgica. Pela primeira vez vimos o Tintim em campo Euro-2024. A camisola azul, os calções castanhos e as meias brancas foram desenhadas para aludir à roupa que o intrépido repórter usava na banda desenhada de Hergé.
Em 2016 o tributo foi ao ciclismo, em 2022 à festa do Tomorrowland, em 2024 a Tintim. Três equipamentos bem conseguidos.
Contudo, nem isso foi suficiente para serenar os ânimos entre adeptos e jogadores. No final da partida (a crónica aqui), os jogadores belgas estavam a deslocar-se até à bancada onde estava a maior falange de apoio, mas foram apupados. Perante a decisão, Kevin De Bruyne decidiu chamar os companheiros. Um gesto que não terá certamente caído bem nas bancadas.