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Destaques do dia 23 do Euro-2024: Reencontros, os lobos e a fórmula Fernando Santos

Bruno Henriques
Kadioglu esteve com Gakpo nas seleções jovens dos Países Baixos
Kadioglu esteve com Gakpo nas seleções jovens dos Países BaixosAFP
Depois de tantos dias de espera, está de volta a grande festa do futebol e, para que não perca nada, o Flashscore elabora ao final de cada dia os momentos altos, baixos, cinzentos e coloridos do torneio que decorre na Alemanha. Aqui estão os destaques do 23.º dia do Campeonato da Europa.

A tua cara não me é estranha

Ferdi Kadioglu é um dos nomes a reter deste Europeu. Ocupando toda a faixa esquerda da Turquia, o jogador do Fenerbahçe é um motor que ajuda a lançar a equipa de Montella para o ataque.

Contudo, as coisas podiam ter sido muito diferentes. Nascido em Aarnhem, Kadioglu representou mesmo os Países Baixos em Europeus de sub-17, sub-19 e sub-21 (são mais de 30 internacionalizações com as equipas de formação da Laranja Mecânica). Contudo, o caminho para a equipa principal parecia complicado e em 2022 decidiu representar a Turquia. Agradece Montella.

A título de curiosidade, Kokçu é também o outro neerlandês na Turquia. O jogador do Benfica nasceu em Haarlem, representou os sub-19 dos Países Baixos, mas mudou nos sub-21. Ainda assim não esteve hoje em campo, devido a uma suspensão por amarelos.

Os lobos

Tal como em 2022, ainda que por motivos diferentes, a política tem sido tema neste Campeonato da Europa. Quer seja pelo apelo dos jogadores franceses que olham para o país em risco de cair nas mãos da extrema-direita, quer seja pelos jogadores turcos que decidiram trazer esse espectro político para o relvado.

Herói da Turquia nos quartos de final, Demiral celebrou o segundo golo diante da Áustria com um símbolo de um lobo em ambas as mãos. A referência aos lobos cinzentos (referência ao mito fundador da Turquia com a loba Asena), uma milícia armada ultranacionalista que espalhou o pânico durante a década de 1970 com assassinatos políticos, não foi ingénua.

Prova disso é o facto de a polícia alemã ter tomado medidas este sábado, quando centenas de adeptos turcos se dirigiam para o Olímpico de Berlim empunhando símbolos de lobos (pode ler mais aqui). De certo que não terão sido apenas em apoio a Demiral…

Uma Laranja idolatrada na Turquia

O mar laranja tem marcado a passagem dos Países Baixos pelo Euro-2024. E vai ficar pelo menos por mais um jogo depois de a equipa de Ronald Koeman ter ultrapassado a Turquia nos quartos de final e garantido a presença nas meias-finais pela primeira vez desde 2004 (leia aqui a crónica).

Para apoiar a equipa em Berlim apareceu uma figura bem conhecida do futebol neerlandês. Aos 40 anos e depois de ter pendurado as chuteiras ao serviço do Al-Gharafa, Sneijder apareceu vestida com a habitual camisola laranja uns tamanhos acima daquele que usava quando passeava qualidade pelos relvados.

Estrela dos Países Baixos, o médio fez parte da equipa que chegou à final do Mundial-2010, também é idolatrado na Turquia, onde passou cinco temporadas ao serviço do Galatasaray. Uma Laranja bem acolhida dos dois lados.

Fórmula Fernando Santos

Para lá de todas as nuances táticas e opções estratégicas, o futebol tem emoção. A incerteza do resultado, a possibilidade do David bater o pé ao Golias (cada vez menos provável, mas ainda possível). Aquilo que falta quando se vê Inglaterra neste Europeu (leia aqui a crónica do jogo).

Com alguns dos nomes mais sonantes de todo o torneio – Bellingham, Foden e Declan Rice ou Bukayo SakaGareth Southgate conseguiu colocar os Três Leões a praticar um futebol soporífero, sem emoção, pela certa e a arriscar o mínimo possível.

Os jogos de Inglaterra no Europeu
Os jogos de Inglaterra no EuropeuFlashscore

Contudo, ao olhar para esta Inglaterra é impossível não nos lembrarmos de 2016 e Portugal. Uma equipa que nunca venceu um Europeu, com qualidade; a fase de grupos aquém das expectativas; a presença no lado mais fácil do quadro a eliminar; a vitória no prolongamento nos oitavos, o triunfo nos penáltis nos quartos de final.

Os sinais estão lá. Será que é desta que o futebol, ainda que meio a dormir, vai para casa?

A garrafa mágica

Os penáltis estão na moda neste europeu. Já tivemos três desempates da marca de 11 metros e para já existiram dois guarda-redes heróis. Diogo Costa fez história diante da Eslovénia ao defender três penáltis, Jordan Pickford segurou o disparo de Akanji diante da Suíça.

O guardião português confessou que seguiu o instinto, o inglês decorou bem as cábulas. Após o apito final surgiu uma foto da água de Pickford com os marcadores de penáltis da Suíça. Para Akanji a indicação era atirar-se para a esquerda e assim foi. Uma garrafa mágica.

O desporto do povo no clube dos cavalheiros e na pista

Em Inglaterra por esta altura é o Ténis que domina os cabeçalhos. No All England Club está a disputar-se o Wimbledon, o mais antigo e emblemático torneio da história deste desporto cuja tradição ainda dita que os tenistas se vistam todos de branco.

De origens mais modestas e frequentemente associado às classes mais baixas, o futebol conseguiu entrar no clube dos cavalheiros. Djokovic prepara-se para servir diante de Popyrin quando as bancadas irromperam em aplausos. O sérvio ficou baralhado, mas lá se percebeu que Alexander-Arnold tinha acabado de colocar Inglaterra nas meias-finais do Europeu.

Também festejos em Silverstone. Depois de terem garantido a linha da frente na grelha de partida no Grande Prémio do Reino Unido de Fórmula 1, Lewis Hamilton e George Russell, da Mercedes, viram com os adeptos a série de penáltis.

A escolha de Bruno Henriques
A escolha de Bruno HenriquesFlashscore