Destaques do dia 4 do Euro-2024: Surpresas, Tintim e as camisas de Martínez
Olá, surpresas
Depois de três dias sem grandes escândalos, em que os principais candidatos conseguiram (com maior ou menor dificuldade) resultados favoráveis, as primeiras surpresas chegaram ao quarto dia.
De regresso a um Europeu depois da ausência em 2020, a Roménia fez-se anunciar em grande com a maior vitória da sua história na prova: um 3-0 a uma Ucrânia que pareceu entrar em crise (pode ler aqui a crónica). A última vez que os romenos tinham marcado três golos num Europeu? Em 2000… na última vitória (3-2 à Inglaterra).
Mais tarde, o primeiro tomba-gigantes na forma da Eslováquia, que partilhou o grupo de qualificação com Portugal. Se é verdade que não está na linha da frente, quando pensamos nos favoritos para vencer o Campeonato da Europa, a Bélgica é sempre uma seleção que pode sonhar com as fases mais adiantadas e é a teória favorita a vencer o grupo. Contudo, sofreu o primeiro percalço, com a derrota diante da Eslováquia. Depois de uma em 2016 e outra em 2020, os homens dos Tatra somaram apenas a terceira vitória em Europeus (a crónica do jogo aqui).
Falhou a Áustria que sucumbiu perante a França com um autogolo de Wöber aos 38 minutos (tudo para ler aqui). Seria o bingo das surpresas.
Que jogo, Lukaku, huh?
À partida para o Euro-2024, a Bélgica encantou quando apresentou um equipamento em homenagem a Tintim, o intrépido jornalista criado pelo cartoonista Hergé em 1929. Esta segunda-feira utilizaram o outro equipamento, mas a lembrança do famoso personagem de banda desenhada voltou a ser evocada.
De certo que todos nos lembramos da tira em que Tintim está sentado num bar com o capitão Haddock e ouve este a exclamar “Que semana, huh?”, com um olhar atónito para o vazio, enquanto o interlocutor lhe responde que é apenas quarta-feira. Pois bem, terá sido assim que Romelu Lukaku se sentiu quando Umut Meler apitou para o final do duelo com a Eslováquia.
O avançado da Roma rematou em três ocasiões, acertou duas vezes no alvo, apareceu outras duas isolado na cara de Dúbravaka e teve dois golos anulados (um por fora de jogo e outro por mão na bola de Openda). Foi a personificação do desperdício belga que acabou um xG (golos esperados) de 1.97.
Que jogo, Lukaku… E ainda foi só o primeiro jogo da Bélgica no Europeu.
As camisas
Desde que Fernando Santos disse, em 2016, que tinha avisado a família que só regressava no dia seguinte à final do Campeonato da Europa (uma profecia que se cumpriu), que passou a ser uma das perguntas da praxe ao selecionador português em vésperas de uma grande competição: levou a mala para quantos dias?
Roberto Martínez esquivou-se sempre a responder, mas esta segunda-feira, na antevisão do jogo com a República Checa, lá admitiu que tinha levado sete camisas. Um número ao caso? Nem por isso, basta fazer as contas: Uma para cada jogo da fase de grupos (três), a que podemos juntar as dos oitavos de final, quartos de final, meias-finais e final (quatro).
Leia a antevisão completa de Roberto Martínez
"Precisamos de acreditar, é importante. De sonhar. Se não sonharmos, é difícil ter sucesso no futebol. Mas também temos de ter a responsabilidade de jogar bem. O jogo de amanhã é o momento perfeito para mostrar que estamos preparados, que podemos jogar com as expectativas que há. Mas depois dos três primeiros jogos, podemos avaliar se merecemos ficar para mais ou não. Tenho sete camisas... Não trouxe só três. Mas isso agora tem a ver com o nível que podemos mostrar nos três jogos", atirou.
Não sabemos se o selecionador disse à família que só regressava a 15 de julho, mas roupa para ir até à final tem. Um homem prevenido que vale por dois.
27
Golos, golos e mais golos. Tem sido o Campeonato da Europa dos golos. Com 10 jogos decorridos já forma marcados 27 tentos neste Campeonato da Europa. Uma média de 2,7 golos por jogo, que deixa a delirar o comum adepto e os selecionadores a coçarem a cabeça com as questões defensivas.
E se este dado já seria impressionante o suficiente, mais ainda fica pelo facto de nenhum jogador ter bisado. Os 27 golos foram marcados por 27 jogadores diferentes. Uma luta excitante pela Bota de Ouro.
Bélgica ou Roménia?
Para Ucrânia, o Campeonato da Europa 2024 é especial. Será a primeira competição que disputa em guerra. Enquanto os jogadores lutam pelo país nos relvados da Alemanha, a poucos milhares de quilómetros dali os soldados na frente estão a tentar aguentar a investida russa, que começou em fevereiro de 2022.
Por isso mesmo, em Munique, esteve exposto um pedaço da bancada de um estádio em Kharkiv, destruído por misseis russos, para chamar a atenção do mundo para uma guerra que acontece ali bem perto da festa do futebol.
Num tom mais ligeiro, mas talvez sinal da desorientação que se verificou em campo, quem tratou das camisolas da Ucrânia para este jogo colocou a bandeira da Bélgica em vez da Roménia, também adversária do Grupo E, mas apenas na terceira jornada. Algumas camisolas foram corrigidas a tempo, outras nem por isso.