Destaques do dia 6 do Euro-2024: Almânia, Oliver e Benji e a quota Shaqiri

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Destaques do dia 6 do Euro-2024: Almânia, Oliver e Benji e a quota Shaqiri

Albânia em destaque por bons e maus motivos
Albânia em destaque por bons e maus motivosAFP
Depois de tantos dias de espera, está de volta a grande festa do futebol e, para que não perca nada, o Flashscore elabora ao final de cada dia os momentos altos, baixos, cinzentos e coloridos do torneio que decorre na Alemanha. Aqui estão os destaques do sexto dia do Campeonato da Europa.

Almânia

Permite que me apresente, uma vez que ainda não escrevi neste espaço. Admito que cheguei a passar a batata quente aos meus colegas, mas esta quarta-feira senti-me inspirado. Inspirado pela alma da Albânia, característica à qual decidi colocar o nome de Almânia. Faz sentido, não faz? Também me pareceu.

A seleção conduzida por Sylvinho já tinha sido uma surpresa agradável contra Itália, não só por aqueles 23 segundos que valeram um recorde da competição, mas também pela forma como conseguiram assustar os campeões europeus no início da defesa do título.

Em 2016, a seleção albanesa já tinha mostrado bons princípios, mas faltava alguma coisa. Também faltou contra os croatas, diga-se, mas a ausência de qualidade técnica em relação aos adversários do grupo compensa com uma alma digna dos maiores guerreiros e das personagens de videojogo, como Super Mário, por exemplo, representado por Asani nas chuteiras.

As fases finais de grandes competições foram feitas para este tipo de heróis, por isso é natural que também tenha celebrado este golo de Laci (já reparou como as movimentações tardias de médios na área adversária têm sido importantes neste Europeu?).

Ao contrário do que aconteceu com Itália, a Albânia aguentou-se bem, mas nas histórias de infância há sempre um momento em que o adversário teoricamente mais forte volta a estar por cima. No fundo, é uma forma de tornar ainda mais grandiosa a recuperação do underdog

E a verdade é que, neste grupo da morte, a Albânia recusa-se a morrer. Donnarumma, com uma grande defesa, evitou o choque em cima dos 90 na jornada inicial, mas desta vez a resistência croata não conseguiu suster a força da alma albanesa. Ao quinto minuto de compensação, Gjasula, que tinha sido infeliz com o autogolo do 2-1, foi o último herói da Albânia e tornou-se no primeiro jogador a marcar pelas duas equipas num Europeu (tal como ele, também apostei em ambas marcam). Leia aqui a crónica da partida.

O coração desta seleção conquistou os adeptos e ultrapassou as barreiras da própria lei.

Caro Ter Stegen, só mesmo pedindo por favor

Se o leitor sabia, eu admito o meu total desconhecimento deste registo estatístico de Ter Stegen. Titular do Barcelona, durante vários anos no top de melhores guarda-redes do mundo, 40 internacionalizações e tantos jogos numa fase final de Mundiais ou Europeus como eu e você (se alguém aqui já tiver participado numa prova destas que se acuse).

Como é natural, Ter Stegen já mostrou várias vezes a sua insatisfação perante o eterno estatuto de suplente na seleção. Reconheça-se, por isso, a resiliência do guarda-redes do Barcelona.

Aos 32 anos, Ter Stegen ainda não desistiu da Mannschaft, mas o guardião tem o mesmo problema que tantos jogadores que rematam às balizas alemãs - Manuel Neuer.

As lesões não colocaram nenhuma questão na cabeça de Nagelsmann e, aos 38 anos, Neuer voltou a ser titularíssimo num Europeu, para infelicidade de Ter Stegen. Acreditamos que se esforça muito nos treinos, mas quantos jogadores ficaram esquecidos por jogarem na era errada? Com defesas deste calibre, só mesmo uma prenda para jogar num Europeu. Com a Alemanha qualificada para os oitavos (leia aqui a crónica), poderá ter chegado finalmente o momento de Ter Stegen. Depois disso, pode voltar a guardar as luvas no cacifo com o seu nome no balneário.

Neuer, o problema de Ter Stegen
Neuer, o problema de Ter StegenAFP

Oliver Tsubasa e Tobi Misaki 

Com Wirtz e Musiala, voltamos aos tempos de infância. Depois de treinar sob a orientação de Roberto Maravilha, Musiala começou por despontar na New Team. Até houve quem o descobrisse aos 11 anos, algures num torneio de jovens. Terá perdido a excelente exibição de Benji Price na baliza adversária (seria Neuer?), mas encontrou aí o Oliver Benji do futebol de verdade.

Alguns anos mais tarde, Musiala encontrou um novo amigo com quem jogar futebol. Wirtz é Tobi Misaki. Chegou à cidade por causa do emprego do pai e encontrou a felicidade no futebol, depois de ver Tsubasa passar pelos adversários como se estivesse a jogar FIFA no modo amador. 

O episódio que lhe foi dedicado foi tão longo como os da nossa série de juventude - Wirtz fez uma época de sonho, conquistou um título inédito e quase nem soube o que era perder -, mas agora reencontrou-se com o melhor amigo. 

Como se tivessemos novamente 12 anos, sentamo-nos no sofá, abrimos o Bollycao e assistimos ao nosso programa favorito, mesmo que o tamanho do campo de futebol pareça algo irrealista. Não há dúvidas, vão ser mesmo "os magos da bola".

Castigo obrigatório

Este Europeu tem tido momentos tão espetaculares que até nos esquecemos da recente confusão que foi o Catar ou do Euro-2020 jogado em 2021 e descaracterizado pela brilhante ideia de o espalhar por vários pontos da Europa.

No entanto, também é preciso falar das partes más. 

Se a seleção da Albânia tem merecido elogios pela alma dos seus jogadores, o mesmo não podemos dizer de parte dos adeptos. Esta quarta-feira, tiveram companhia croata para desejar "morte aos sérvios". Pede-se um castigo exemplar, numa prova que, supostamente, promove a união entre os povos. Não pode passar só pela eliminação na fase de grupos.

Shaqiri, o Ochoa europeu

As fases finais de uma grande competição têm uma identidade própria. Por exemplo, assim que ouvimos o nome de Ochoa lembramo-nos das exibições incríveis nos Mundiais ao serviço do México (e das comparações com Ted Mosby, claro). Na Europa, há um equivalente que faz exatamente o oposto - marca golos. Mas não são simples golos de encostar. 

Sempre deu a sensação de que Xherdan Shaqiri podia ter sido muito mais do que foi. Eterno suplente no Bayern Munique, passou ao lado no Liverpool, mas de repente chega um Campeonato da Europa e aí está ele.

Ultimamente, até é apenas quando chega uma competição de seleções que nos lembramos que Shaqiri ainda joga futebol. E normalmente é por motivos como este. 

Cumprida a quota de 2024 (leia a crónica aqui), ficamos à espera de ver aquilo que é capaz de fazer em 2028, quando integrar a convocatória ao lado de nomes como Ricardo Rodríguez (sabia que só ainda tem 31 anos?).

A escolha de Hugo Filipe Martins
A escolha de Hugo Filipe MartinsFlashscore