Destaques do dia 9 do Euro-2024: Muro georgiano, raiva turca, CR7 para todos e Lukaku embruxado
Custa dizer, é um deleite apreciar
Giorgi Mamardashvili. Passei grande parte da época a tentar escrever de cor Khvicha Kvaratskhelia, o grande craque do Nápoles. Não me serviu de muito, chegados ao Euro-2024, e olhando para os nomes dos jogadores da Geórgia.
Mas se no ataque 'Kvaradona' era já um jogador a ter em conta, e a acompanhar, sobretudo porque é adversário de Portugal, já na baliza um tal de Mamardashvili também quis ganhar espaço.
Este sábado, diante da República Checa, o guarda-redes do Valência chegou ao intervalo com um rating de 9,9 no Flashscore. Acabou por sofrer um golo, de Schkick, aos 59 minutos, mas nem por isso deixou de brilhar a grande altura, sendo o melhor jogador em campo no Geórgia 1-1 República Checa (ler crónica aqui). 23 anos, 1,97 metros e puro talento, a pedir um palco (ainda) maior do que o Valência.
Vincenzo quem?
Uma carreira como jogador recheada de êxitos, com estatuto de internacional italiano, e passagens por clubes como Empoli, Génova, Sampdoria, Roma e Fulham. Como treinador, Roma, Catania, Fiorentina, Sampdoria, AC Milan, Sevilha, Fiorentina, Adana Demirspor e, agora, seleção da Turquia.
Falo, claro está, de Vincenzo Montella, selecionador da Turquia, italiano de nacionalidade, aparentemente um desconhecido para um segurança alemão. É que, enquanto milhares de turcos entupiam os acessos ao Signal Iduna Park, em Dortmund, o autocarro da seleção da Turquia conseguia furar para chegar junto à zona dos balneários.
Aí, à entrada para o estádio, depois de descer do autocarro, Vincenzo Montella não trazia a credencial ao peito e foi impedido de entrar por um segurança. Montella, puro-sangue italiano, pegou na credencial e "esfregou-a" na cara do funcionário. Estava a adivinhar-se um sábado de pesadelo para o treinador italiano e para a seleção turca.
Cristiano Ronaldo forever, Ramos "em dúvida"
Portugal assegurou a passagem aos oitavos de final do Euro-2024, com o primeiro lugar do Grupo F, e perante um ambiente infernal criado pelos turcos (leia aqui a crónica). O principal alvo era, claro está, Cristiano Ronaldo, mas a verdade é que o capitão acabou... aplaudido pelas bancadas. Durante 90 minutos, contaram-se quatro invasões de campo, de adeptos a tentarem chegar perto do astro português.
Miúdos e graúdos, todos tentaram, quase todos conseguiram.
E, com a assistência de bandeja para o 3-0 de Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo igualou as oito assistências de Poborsky, o tal que havia considerado CR7 o elo mais fraco da equipa das quinas, em fases finais de Europeus (pode ler aqui). Apetece mesmo dizer, recordando Poborsky: Chapéau!
No final da partida, eis que as invasões de campo perderam o controlo por completo. Dos seguranças, digo. É que um deles até escorregou e acabou por fazer um carrinho a... Gonçalo Ramos. Cartão amarelo?
O triste fado da Bélgica
A seleção da Bélgica faz-me, por vezes, lembrar a de Portugal. E nem tanto esta geração, orientada por Roberto Martínez, precisamente o antigo selecionador dos belgas. Mas mais a forma como conseguiram - ou vão conseguir? - desperdiçar uma geração de ouro sem ganharem nada. Bem sei que Portugal foi campeão europeu em 2016, mas para mim a geração de ouro continuará a ser, sempre, a de Luís Figo, Rui Costa, Vítor Baía, João Vieira Pinto, Pauleta e companhia.
Olhando para a Bélgica, que foi, para mim e na generalidade, a maior surpresa, pela negativa, da jornada inaugural, perdendo com a Eslováquia, percebemos que este Euro-2024 será, por certo, o último para nomes como Vertonghen, que se estreou este sábado na Alemanha, Kevin de Bruyne, Carrasco, Lukaku e companhia. Muitos outros já ficaram para trás, com uma folha limpa no que a conquistas diz respeito, e uma nova fornada começa a emergir, liderada pelos rostos de Doku e De Ketelaere, por exemplo.
Qualidade não faltava, qualidade não falta mas, quando chega às fases finais, parece sempre faltar quase tudo a esta Bélgica. Termino como começo e reformulo: esta Bélgica, fazendo-me lembrar Portugal, pode ser comparada ao Bayer Leverkusen, até este ano conhecido como o Bayer.... Neverkusen. Quem sabe se Xabi Alonso não acaba como selecionador belga. Fica a ideia.
Mais difícil fica tentar explicar, ou arranjar sequer algo parecido, ao que Lukaku tem vivido, tanto na carreira recente como neste trajeto pelo Euro-2024. Se diante da Eslováquia festejou por duas vezes, em dois golos que foram anulados, diante da Roménia (ler aqui a crónica) voltou a fazer o gosto ao pé, aos 64 minutos. E adivinhe: foi anulado por fora de jogo. O rapaz tem de ir à bruxa.