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Destaques do último dia do Euro-2024: Adios, adieu, auf Wiedersehen, carajo!

André Guerra
Yamal e Nico, a dupla do europeu
Yamal e Nico, a dupla do europeuAFP
Esperamos tanto tempo e, num sopro, já passou. Chegou ao fim a grande festa do futebol que foi um grande prazer acompanhar convosco aqui no Flashscore. A edição na Alemanha ficou marcada pelos muitos golos na própria, alguns momentos espetaculares e muita festa fora do campo. Aqui ficam os destaques do 30.º e último dia do Campeonato da Europa.

Extra futebol

Este domingo, estava tudo a pensar no mesmo, até noutros relvados. A começar pelo emblemático tapete verde de Wimbledon onde o prodígio espanhol Carlos Alcaraz defendeu o título perante Djokovic e voltou a dar o mote depois de na sexta-feira ter dito que este podia ser "um bom dia" para os compatriotas, que lhe valeu algumas vaias. Já com o troféu na mão, atirou: "Já fiz a minha parte, por isso vamos ver no futebol".

No golfe, o norte-americano Brooks Koepka teve uma pequena provocação para os adversários espanhóis Jon Ram e Sergio Garcia ao aparecer com camisola de Inglaterra vestida, o que valeu umas boas gargalhadas por parte da plateia. 

Também a Real Federação de Futebol Espanhola teve um gesto ternurento ao convidar o tenista Rafael Nadal para narrar um vídeo de motivação com familiares e amigos de todos os jogadores na convocatória de Luis de la Fuente.

Um pedido especial

O antigo treinador Sven-Goran Eriksson, que passou pelo comando técnico do Benfica e da seleção inglesa - com duas eliminações às mãos de Portugal no mítico Euro-2004 e Mundial-2006, não tem muito tempo de vida por culpa de um cancro terminal. Este ano, o sueco tem feito uma espécie de volta de despedida por todos os clubes que treinou e cumpriu o seu sonho ao orientar o Liverpool num jogo de homenagem e solidariedade.

Na sexta-feira, publicou uma carta aberta no jornal inglês The Telegraph dirigida ao atual selecionador, Gareth Southgate, e à turma inglesa. Nela, o antigo treinador apelou à conquista do troféu. 

"Gareth, fá-lo por mim, pelo Sir Bobby (Robson) e pela Inglaterra. A história aguarda pela Inglaterra em Berlim no domingo e por todos os adeptos, jogadores e antigos treinadores. O trabalho de selecionador inglês traz uma pressão lindíssima. Ouves falar tanto de 1966 e daquilo que a equipa que o Sir Alf Ramsey conseguiu, e sabes o quanta expectativa há sobre ti para pôr um fim a tantos anos de dor", pode ler-se.

"Eu senti isso, Sir Bobby Robson também o sentiu. Todos os 13 seleccionadores desde o Sir Alf sentiram. Nenhum de nós conseguiu, mas nenhum esteve tão perto como Gareth Southgate", vincou, dizendo que o atual treinador, em caso de vitória, devia ser o considerado o melhor selecionador inglês de todos os tempos. 

No final, rematou: "Vá lá Gareth, faz o que nunca conseguimos".

Festa e picardia pré-jogo 

Mal ficaram definidos os finalistas, não demorou muito a aparecerem as primeiras picardias pelas redes sociais... e não só. Na Escócia então, foi um fartote. O jornal The National fez capa no sábado com um fotografia em que Rodri aparece a rematar uma bola inglesa e diz que está na altura dos espanhóis se vingarem dos ingleses que "todos os verões enchem as praias, bebem cerveja, sujam as praças e se reformam" em Espanha. 

Já este domingo, um bar escocês decorou-se a preceito para apoiar La Roja contra os vizinhos.

E, de facto, não é difícil torcer por uma derrota inglesa. Desde a arrogância habitual nos grandes torneios em que se consideram sempre candidatos, apesar de não vencerem um troféu importante desde 1966, ao comportamento condenável dos adeptos onde quer que vão. Este domingo não foi diferente e uns quantos idiotas decidiram provocar o caos no trânsito de Berlim. 

O que gostavamos de ver, como qualquer ser humano com senso comum e um pouco de noção, é festa e comunhão que o futebol proporciona. Em vez de destruição e caos, festa e alegria como os adeptos portugueses tão bem fizeram ao longo da competição e como nuestros hermanos demonstraram em Berlim.

E se der para juntar os dois grupos, ainda melhor. A rivalidade também pode ser saudável e é assim que faz sentido.

Espanhós e ingleses em Berlim
Espanhós e ingleses em BerlimDavid Olivares

Quem também não quis ficar muito longe de festa foi o antigo treinador do Liverpool, Jurgen Klopp, que tem aproveitado ao máximo o período sabático desde que saiu dos reds. Na noite de sábado, juntou-se a Jamie XX para assistir bem de perto ao seu dj set e curtir a cena eletrónica de Berlim. E fez ele muito bem. 

Ter a coragem de mexer

Em dia de final, o jogo mais importante das carreiras de alguns jogadores em campo, os treinadores não olharam a estatutos e qualidade na hora de mexer com o jogo. Se é certo que De la Fuente foi obrigado a lançar Zubimendi para render o lesionado Rodri, a torre de controlo da equipa, Southgate surpreendeu ao retirar o capitão Harry Kane, muito em baixo de forma, para lançar Ollie Watkins, uma alteração que deu frutos na meia-final.

Apesar de não ter acertado nessa troca, acertou na seguinte ao tirar Mainoo para lançar Cole Palmer, com o melhor jogador jovem da Premier League a empatar o encontro com apenas dois minutos em campo, o que leva à questão: porque é que não teve mais minutos? Mas pronto, prometo que hoje não casco mais no Southgate, o homem já sofreu o suficiente. 

O que importa realçar aqui é manter a coerência do que se diz na sala de imprensa e o que se faz dentro das quatro linhas. Não basta dizer que se tem confiança em todos os jogadores convocados ou que "dos 26, 23 têm minutos". O que interessa é mexer quando é preciso mexer, é por isso que os selecionadores são pagos a peso de ouro

No xadrez do banco, De la Fuente levou a melhor. Também ele optou por retirar o capitão Álvaro Morata de campo, que não fez amuos, nem cara feia quando deu lugar a Oyarzabal. O médio-tornado-avançado foi uma aposta acertada que deu em título (leia aqui a crónica). 

CC @Roberto Martínez.

Uma dupla para a história

Já muito se falou sobre Lamine Yamal e Nico Williams, mas é impossível fechar este espaço sem voltar a referir os dois ases endiabrados que tantas dores de cabeça deram aos defesas na Alemanha. Já seria destaque se fossem jogadores experientes, habituados a estas andanças, mas estamos a falar de dois miúdos que, juntos, dão 39 anos. E é preciso ter em conta que Nico fez 22 anos na sexta-feira e Yamal fez 17 no sábado - tinha 12 quando a COVID-19 assolou o mundo. É de ficar com o queixo caído... ou então para rir, como fez Rice.

Este domingo voltaram a ser decisivos no maior palco da sua (ainda jovem) carreira. O mais puto trocou as voltas aos adversários, colocou a defesa em alvoroço e serviu, em bandeja de prata, o compatriota que (ainda, mas não por muito tempo) pertence ao Athletic Bilbao e não perdoou na cara de Pickford. Futebol que parece fácil, de alegria e de rua.

Para os ávidos de estatísticas, Yamal é uma máquina que já deixou uns quantos recordes pelo caminho, mas esta noite ainda teve barriga para mais uns. E se o primeiro já era esperado, o segundo é... bem, não sei, já não tenho palavras honestamente. Ora cá vai: tornou-se o mais jovem titular de sempre na final de uma grande competição, superando Pelé e igualou o recorde de assistências numa só edição de um Europeu, com quatro... na sua estreia.

Graças à magia de Nico e Lamine, a Espanha subiu ao Olimpo do futebol continental ao conquistar o seu quarto troféu, tornando-se na equipa mais bem sucedida da competição. 

Ah, bruxo

Ainda antes de fechar o artigo, enviar só um abraço ali ao João Tomás que fez bem as contas ao futuro e acertou em todas as previsões, feitas em 10 de junho. Impecável.

De resto, o Flashscore dá por encerrada esta edição do Euro-2024 e em meu nome e nome de toda a redação de Portugal, agradeço a todos os que estiveram desse lado a ler as nossas análises, entrevistas, opiniões e notícias. Ainda há muito desporto pela frente este verão, por isso vá aparecendo por cá.

Auf Wiedersehen, carajo!

Os destaques de André Guerra
Os destaques de André GuerraFlashscore