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Euro-2024: Cinco notas a reter do Geórgia-Portugal

Mário Rui Ventura
Os rostos desiludidos de António Silva, que errou nos dois golos da Geórgia, e Cristiano Ronaldo, que continua a zeros
Os rostos desiludidos de António Silva, que errou nos dois golos da Geórgia, e Cristiano Ronaldo, que continua a zerosAFP
Portugal perdeu esta quarta-feira, por 2-0, diante da Geórgia, na terceira e última jornada do Grupo F do Euro-2024. Com este resultado, a Seleção Nacional vai defrontar a Eslovénia na próxima segunda-feira, nos oitavos de final, e deixou novamente transparecer as debilidades da equipa, não só a defender como a atacar blocos baixos, sobretudo com o 3x4x3 da preferência de Roberto Martínez.

Leia a crónica do Flashscore

Eslovénia é o adversário que se segue

A derrota de Portugal, ou melhor, a vitória da Geórgia, com a derrota da República Checa diante da Turquia, significou uma alteração significativa no emparelhamento dos oitavos de final, sobretudo para a Hungria. Aquele que tinha mais possibilidades de ser o adversário da Seleção Nacional acabou eliminado, com a Eslovénia a surgir no caminho da equipa das quinas. A Eslovénia que, recorde-se, foi a primeira seleção a impor uma derrota a Roberto Martínez como selecionador de Portugal. Fica o aviso.

Os resultados de Portugal antes do jogo com a Geórgia
Os resultados de Portugal antes do jogo com a GeórgiaFlashscore

Rodar e experimentar

Roberto Martínez tinha confirmado Diogo Costa e Cristiano Ronaldo no onze inicial. Também João Palhinha manteve-se no onze inicial, sendo que tudo o resto mudou, com o regresso do 3x4x3 da estreia, com a República Checa. Oito alterações, portanto, que seriam expectáveis, tendo em conta o apuramento garantido para os oitavos de final. Rotação, sim, e ainda uma outra experiência, que durante o dia de ontem já vinha sendo comentado nos corredores: Pedro Neto a fazer a ala esquerda. Já se sabe que Nuno Mendes é o único lateral-esquerdo de origem da Seleção Nacional nos 26 convocados. Já se sabe também que, diante dos checos, o lateral do PSG até surgiu a central. Pedro Neto foi, assim, testado numa função em tudo idêntica à que Nuno Santos, um dos propalados nomes para a convocatória para o Euro-2024, faz no Sporting.

O onze inicial de Portugal
O onze inicial de PortugalFlashscore

Outra vez os atropelos

Na estreia de Portugal no Europeu, vimos muitas vezes João Cancelo e Nuno Mendes, sobretudo, a pisarem os mesmos terrenos em campo, nesta partida contra a Geórgia voltou a sentir-se dificuldades dos jogadores em explanar o 3x4x3 de Roberto Martínez. 

Tanto na esquerda, entre Gonçalo Inácio e Pedro Neto, como sobretudo na direita, com António Silva e Diogo Dalot, viram-se muitas vezes "atropelos" na saída de bola e na transição defensiva. E o problema, na frente, não melhorou, com João Félix quase sempre nas "sobras" de Cristiano Ronaldo, João Palhinha e João Neves sem conseguirem cavar alguns metros para as costas do meio-campo da Geórgia e apenas com Francisco Conceição a tentar desequilibrar a balança na asa direita.

Os jogadores de Portugal na primeira parte
Os jogadores de Portugal na primeira parteOpta by Stats Perform/AFP

Insistir no(s) erro(s)

Para a segunda parte, tal como aconteceu no jogo com a Turquia, Roberto Martínez trocou João Palhinha por Rúben Neves, tentando contornar a falta de metros do meio-campo com a qualidade de passe do médio do Al Hilal. Não resultou. E não resultou porque, uma vez mais, Portugal revelou dificuldades em enfrentar uma equipa em bloco baixo mas, sobretudo, uma equipa organizada a defender e extremamente capaz de atacar. E quando Roberto Martínez podia "emendar a mão", já a perder por 2-0, quando aos 66 minutos decidiu lançar Nélson Semedo, voltou a adaptar um lateral, Diogo Dalot, a central. Numa seleção com a qualidade da portuguesa, andar em constantes adaptações provoca um nó no estômago. Nota: aos 66 o selecionador também tirou Cristiano Ronaldo. Pode perceber-se a oportunidade dada ao capitão de se tornar o marcador mais velho de um Europeu. Mas o resultado foi qual? CR7 a zeros, CR7 extremamente irritado, ao intervalo e na altura da substituição, e um passo em falso na moral da equipa antes dos oitavos de final.

Portugal insistiu quase sempre pelo flanco de Francisco Conceição
Portugal insistiu quase sempre pelo flanco de Francisco ConceiçãoOpta by Stats Perform/AFP

Não só mas também António Silva

Logo aos 2 minutos, um mau passe valeu o primeiro golo da Geórgia, marcado por Kvaratskhelia. Aos 55 minutos, um penálti cometido sobre Lochosvilli valeu o segundo golo da Geórgia, apontado por Mikautadze, aos 57 minutos. A noite foi má para Portugal mas, sobretudo, foi de pesadelo para o jovem António Silva. Se se podia proteger um central tão novo? Podia. Mas um jogo sem pressão não era o ideal para dar rodagem ao jogador? Diria que sim. Pior, bem pior, é com o jogador tremendamente marcado pelos dois erros, retirá-lo aos 66 minutos para lançar um lateral, Nélson Semedo, e adaptar outro, Diogo Dalot, ao seu papel.