Euro-2024: Cinco notas a reter do Portugal - França
Leia a crónica da partida
Auf Wiedersehen
Depois de se ter despedido nos oitavos do Euro-2020, Portugal diz adeus nos quartos do Euro-2024. A equipa das quinas sucumbiu aos pés da França, que vingou em certa medida a derrota na final do Euro-2016. Contas feitas, fica a ideia de que a equipa das quinas tinha capacidade para fazer muito mais e melhor neste Campeonato da Europa. As análises ficam para depois… Já França enfrenta a Espanha nas meias.
Onze predileto, equilíbrio tático e penáltis
Depois do teste sem grande sucesso na primeira jornada da fase de grupos, em que apostou numa defesa a três, Roberto Martínez encontrou o onze de eleição na segunda jornada, contra a Turquia (0-3). Com o passaporte para os oitavos no bolso, o selecionador nacional fez descansar algumas peças na 3.ª e última jornada, diante a Geórgia (2-0), mas na fase a eliminar não abdicou do seu onze predileto.
Nem mesmo a exigência da partida contra a Eslovénia, resolvida apenas no desempate através das grandes penalidades (0-0, 3-0), levou a que o treinador espanhol fizesse qualquer mudança no onze para o exigente desafio contra a França. Ou seja, os homens que iniciaram a partida contra os eslovenos foram os mesmos que entoaram o Hino no interior do relvado do Volksparkstadion, em Hamburgo.
Além de saber quais as escolhas dos selecionadores, a expectativa também era grande para ver como é que as duas equipas se iriam encaixar em campo e quem ia tomar a iniciativa de jogo, assumindo a posse. A resposta: Portugal.
A seleção portuguesa assumiu mais o jogo e criou mais oportunidades para evitar que o jogo seguisse o caminho dos penáltis, embora seja justo dizer que houve equilíbrio do ponto de vista tático - jogo muito amarrado em vários momentos -, algo que seria de esperar quando de um lado havia nomes como Vitinha, Palhinha e Bernardo e no outro Camavinga, Tchouaméni e Kanté (que jogador!).
No final, Portugal revelou-se menos eficaz nas grandes penalidades. João Félix, que atravessa um momento de menor fulgor na sua carreira, foi o único jogador português a falhar da marca dos onze metros.
Pela esquerda, atacar, atacar
A ala esquerda de Portugal, composta por Nuno Mendes e Rafael Leão, dois velhos amigos, já tinha dado que falar no último jogo, sendo mesmo um dos poucos pontos positivos da exibição da equipa das quinas frente à Eslovénia.
Ficou desde cedo evidente que o papel entregue a Leão era um pouco diferenciado. O camisola 10 do AC Milan deixou-se andar mais projetado para o ataque, não seguindo o padrão de contenção e organização dos companheiros de equipa, e foi sempre muito solicitado pelos companheiros de equipa.
O gráfico de ataques no último terço (referente à primeira parte) é muito esclarecedor e mostra que Portugal privilegiou muito mais o ataque pelo lado esquerdo, aproveitando a amplitude e dinâmica entre Leão e Nuno Mendes, contrapondo com um lado direito mais recolhido, em que Bernardo esteve muito mais participativo no jogo interior do que preocupado em dar largura, algo que seria, naturalmente, contranatura.
Ronaldo deixa livre para Bruno
Foi um dos assuntos mais discutidos após o último jogo. Cristiano Ronaldo chamou para si a responsabilidade de bater todos os livres no encontro frente à Eslovénia. Nem Bruno Fernandes, nem Bernardo Silva. Cristiano Ronaldo.
Na esquerda, na direita ou no centro, desde que fosse a 40 metros (ou a menos), tudo para o capitão da Seleção Nacional, que a determinada altura chegou a roçar o desespero por um golo que ainda não apareceu no Euro-2024.
Tendo tudo isso por base, assim que o árbitro Michael Oliver assinalou um livre a favor de Portugal, a questão apareceu: bate Ronaldo? Não, o primeiro foi mesmo para Bruno Fernandes, que não teve pontaria para enviar a bola à baliza de Maignan.
Mas ninguém tirou o segundo ao capitão!
Kepler Laveran de Lima Ferreira
É verdade que pode agradecer a Diogo Costa por aquela defesa ao remate de Sesko, aos 115 minutos, no encontro com a Eslovénia, depois de um erro grosseiro, mas nem isso pode diminuir o Euro-2024 que Pepe realizou com... 41 anos!
Depois de 120 minutos de enorme exigência física e mental contra os eslovenos, o experiente central voltou a ser titular e aos 90 minutos correu de forma desalmada para limpar um lance. E a forma como celebrou um corte aos 96'? Gigante! Não é para todos. É dos que menos merece este desfecho.