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Euro-2024: Cinco notas a reter do Portugal-República Checa

Mário Rui Ventura
Francisco Conceição marcou o golo da vitória aos 90+2 minutos
Francisco Conceição marcou o golo da vitória aos 90+2 minutosAFP
Portugal venceu esta terça-feira a República Checa, por 2-1, na 1.ª jornada do Grupo F do Euro-2024. Provod colocou os checos em vantagem, aos 62 minutos, mas a Seleção Nacional empatou aos 69', com autogolo de Hranac, e chegou à vitória aos 90+2', por Francisco Conceição, lançado dois minutos antes. Aqui ficam cinco notas a reter da partida em Leipzig.

Leia a crónica do Flashscore

A festa da diáspora

Leipzig não é a melhor das cidades para fazer turismo. Aliás, poucas cidades alemães o serão. Mas esta terça-feira, a cidade pintou-se mesmo de vermelho e verde, graças à forte presença de adeptos portugueses. Muitos viajaram de propósito à Alemanha mas foram também vários os emigrantes, a tradicional diáspora portuguesa, a formar a tremenda moldura humana ao longo de todo o dia e dentro da Red Bull Arena. De falta de apoio Portugal não se pode queixar. Como sempre aconteceu. E mesmo que o Europeu, ou melhor, um Mundial, possa um dia ser disputado na Gronelândia (a FIFA às vezes gosta de inovar), é certo que lá encontraremos portugueses ávidos de apoiar a sua Seleção Nacional.

Portugueses na fan zone em Leipzig
Portugueses na fan zone em LeipzigFlashscore

A confirmação e a surpresa 

Portugal foi a única seleção a realizar três jogos particulares antes do Euro-2024. Roberto Martínez justificou-o com o facto de Portugal ser, também, a última seleção a entrar em campo na Alemanha, no último dia da 1.ª jornada da fase de grupos. Justo e compreensível. No derradeiro teste, em Aveiro, contra a República da Irlanda, voltou a apostar no sistema de três centrais, o seu preferido, e desde logo ficou a ideia, até pelas explicações do treinador espanhol, que Portugal iria entrar num 3x4x3 diante da República Checa, "copiando" o sistema tático adversário, tal como o tinha feito com os irlandeses - e com bons resultados (3-0). O que não se esperava era ver, nos três centrais, um lateral-esquerdo, dificilmente conhecido pela sua exímia qualidade no desarme: Nuno Mendes. Mas foi essa a opção de Roberto Martínez, colocar um lateral de origem como central pela esquerda, numa posição em que a opção tinha recaído em Gonçalo Inácio, plenamente identificado com esse papel no campeão nacional Sporting. "Já jogou nessa posição contra a Suécia e é uma posição importante para nós para o jogo de hoje", justificou o selecionador. Percebeu-se ao longo do jogo a intenção, sobretudo com João Cancelo na lateral-esquerda, muitas vezes a surgir como mais um médio, à Guardiola, abrindo espaços para as incursões de Nuno Mendes. A verdade é que não resultou e o selecionador, em desvantagem, emendou a mão, tirando Diogo Dalot para lançar Gonçalo Inácio.

Nuno Mendes pisou os mesmos espaços de João Cancelo até aos 60 minutos
Nuno Mendes pisou os mesmos espaços de João Cancelo até aos 60 minutosOpta by Stats Perform/AFP

Eficácia, sim, mas não só

Portugal fez 13 remates à baliza até à hora de jogo. A República Checa, ao segundo, o primeiro na direção da baliza, marcou, por Provod. Eficácia? Sim. Mas isso não explica tudo. A Bélgica perdeu com a Eslováquia praticamente da mesma forma e os problemas não são, apenas e só, do ataque. A forma como a Seleção Nacional desceu as linhas e permitiu o espaço que Provod aproveitou, por exemplo, merecem uma análise mais cuidadosa dos responsáveis técnicos. Como teriam merecido os dois golos sofridos com a Croácia. Roberto Martínez diz que a derrota tinha sido importante para identificar os problemas. Será que percebeu todos?

Vitinha e mais dez

Não cansa só de ver. Delicia. Vitinha está numa forma soberba e seria um crime não colocar o médio do Paris Saint-Germain a titular neste Europeu. É certo que o meio-campo de Portugal tem qualidade de sobra, de João Palhinha e João Neves, de Bruno Fernandes a Rúben Neves, mas Vitinha tem, simplesmente, de estar lá. Porque já está entre os melhores, porque chega à Alemanha numa forma soberba, porque joga e faz jogar, porque entende o jogo como poucos. 

O mapa de calor de Vitinha
O mapa de calor de VitinhaOpta by Stats Perform/AFP

Espalha-brasas é fogo!

Foi o próprio Roberto Martínez quem colocou a alcunha a Francisco Conceição, justificando a convocatória do extremo do FC Porto. O espalha-brasas, alguém capaz de revolucionar um jogo, de partir para cima dos adversários, de desmantelar blocos baixos. E a República Checa não é o melhor exemplo disso? Olhando ao Turquia-Geórgia, a seleção do Grupo F que mais vai utilizar as linhas recuadas e explorar o contra-ataque? Não se percebeu, por isso, a entrada tardia de Francisco Conceição, em cima dos 90 minutos, juntamente com Pedro Neto - e ainda Nélson Semedo.

Mas questionar as opções de um treinador no fim, normalmente, é mais fácil, quando as coisas não correm bem. E quanto um treinador decide por duas substituições aos 90 minutos, com quatro de compensação, e vê o (muito) questionado Pedro Neto assistir e Francisco Conceição, que tanta justificação do treinador espanhol motivou, finalizar para o golo da reviravolta? Pois é. O espalha-brasas é fogo!

Recorde as incidências da partida