Euro-2024: De Gullit a Lineker, as lendas que inspiram nomes no Brasil
Ainda em aquecimento para o Euro-2024, que começou esta sexta-feira, o Flashscore compilou nomes de craques que atuaram no torneio e foram alvo de homenagem no Brasil. Entre grafias originais e variações, há 5.725 brasileiros batizados a partir de uma lista de 10 lendas europeias.
Os números são da plataforma Nomes no Brasil, do IBGE, com base no Censo Demográfico de 2010 (última atualização). O sistema só considera nomes com pelo menos 20 repetições no país.
A preferência por nomes de craques europeus chama a atenção. Vários dos homenageados do Velho Continente estão bem acima de Pelé (112) e Maradona (165), as duas maiores lendas da América do Sul.
Gullit e Van Basten (ou Vambaster)
Em 1988, com o Europeu transmitido em sinal aberto no Brasil, Gullit (capitão) e Van Basten fizeram os golos do título dos Países Baixos, em Munique. Entre 1990 e 1992, nasceram os irmãos Vambaster e Gullit, em São Paulo.
"Na infância, o pessoal confundia sempre o meu nome com Gulliver, do livro As Viagens de Gulliver", conta o barbeiro Gullit de Sousa Silva, de 32 anos.
A ideia dos nomes partiu do pai, José Bonifácio da Silva, fã da lendária dupla de ataque da Laranja Mecânica. Na hora da homenagem a Van Basten, porém, do cartório errou. Assim surgiu um dos 27 "Vambaster" espalhados pelo Brasil, todos nascidos a partir de 1990.
Os nomes inspirados nos craques europeus acabaram por chegar ao mundo do futebol. O Náutico conta com o médio Van Basty Sousa e Silva, conhecido apenas por Sousa. O futebol brasileiro ainda possui um Rudigullithi da Silva Henrique, com passagem pela formação do Fluminense, que é mais conhecido como Gullithi.
Veja abaixo quantos brasileiros foram batizados em homenagem à dupla neerlandesa:
- Gullit: 62
- Guliti: 23
- Vanbasten: 21
- Vanbaster: 55
- Vambaster: 27
Lineker e Klinsmann (Linecker Klinsman)
Gary Lineker e Jürgen Klinsmann tiveram maior destaque no Mundial, mas também disputaram edições do Europeu — o alemão foi campeão em 1996 como capitão. Quase uma década depois, em 17 de setembro de 2005, nasceu Linecker Klinsman Rios de Oliveira, em Riachão do Jacuípe, na Bahia.
"O 'ck' em Linecker é porque eu li assim na revista Placar, mesmo com o nome do Gary não tendo o 'c'. Tentei abrasileirar um pouco o Klinsman", explica Claudio Roberto Maia de Oliveira, pai de Linecker Klinsman.
"Sempre fui fanático por futebol, desde novinho, adepto do Jacuipense. Aí pensei: 'Vou colocar um nome diferente, sem ser brasileiro, de jogador que se destacou no Mundial'. Tinham esses dois nomes: Lineker, artilheiro de 1986, e Klinsmann, campeão de 1990".
Mesmo sem ter conquistado títulos com Inglaterra, Lineker é o campeão entre os homenageados no Brasil. São 1.592 consagrados pelo artilheiro inglês, incluindo as grafias Linecker e Liniker. A última variação, mais comum que a original, foi a escolhida pelos pais da famosa cantora da nova MPB, de 28 anos.
Para Claudio Roberto, o desafio final foi convencer a esposa, Gilvânia, a aceitar o nome anglo-alemão e garante que Linecker Klinsman gostou da escolha.
"Deu trabalho. Foi muita conversa, muita luta. Até hoje ela diz que não colocaria esse nome, mas já foi. O Linecker ama esses nomes. Ele gosta muito que o chame de Linecker, não tem apelido. Tem uma irmã de 4 anos, Helena, e até ela o chama de Lineker, também ama o nome", relata Claudio.
Confira abaixo o número de homenagens a Lineker e Klinsmann, em todas as versões contabilizadas:
- Lineker: 622
- Liniker: 929
- Linecker: 41
- Klinsmann: 157
- Klinsman: 77
- Klisman: 399
- Clisman: 281
Rummenigge
Regina e Ricardo aguardavam a ecografia para identificar o sexo do primeiro filho, que nasceria a 1986. No exame, porém, o bebé estava sentado. Foi então que o casal combinou: se fosse menina, a escolha do nome era Regina; se viesse menino, tarefa de Ricardo. A descoberta ficou para a hora do parto.
"E não é que veio o Rummenigge mesmo?", disse o médico após Regina dar à luz.
Rummenigge Pinhel de Mello e Alvim nasceu a 25 de abril de 1986, no Rio de Janeiro. À época, o craque alemão que inspirava o seu nome já havia sido campeão europeu, em 1980, e disputado a edição de 1984, além dos Mundiais de 1978 e 1982. Dois meses depois, foi vice-campeão mundial.
"O futebol sempre foi muito presente na minha vida porque o meu pai era viciado. Basta ver o nome que ele escolheu. Então, conheci a história (de Karl-Heinz Rummenigge) antes mesmo de aprender a escrever o nome na escola. E olha que não foi fácil escrever esse nome", recorda o economista de 38 anos.
"No primeiro dia de aulas, os professores travavam na chamada depois de Roberto ou Rodrigo. Eu já me antecipava e dizia: 'Rummenigge, presente'", conta.
Rummenigge (o brasileiro) habitou-se ao nome e aprendeu a gostar dele. Em alguns lugares, no entanto, prefere fornecer o último sobrenome para evitar confusões. A ideia de repetir o gesto do pai e batizar um filho com o nome de um jogador surge como brincadeira com a esposa.
"Mas provavelmente seria um nome mais simples mesmo. O 7-1 também não ajudou muito para colocar um nome alemão", brinca.
Veja o número de brasileiros batizados em homenagem ao artilheiro alemão, incluindo a versão aportuguesada:
- Rummenigge: 102
- Rumenigue: 70