Euro-2024: Depois do fiasco de 2021, França quer a redenção na Alemanha
Apresentação
Vencedores em 1984 e 2000, os Bleus estão entre as melhores equipas europeias da história, mas nos últimos 24 anos os resultados têm sido díspares. Em 2016, a equipa de Didier Deschamps foi surpreendida em casa por Portugal de Éder na final, deixando uma grande impressão. Isso não os impediu de conquistar o troféu na Rússia dois anos mais tarde, mas a França infelizmente desiludiu no Euro-2020.
Se recuarmos um pouco, verificamos que esta equipa francesa se sente mais em casa no Campeonato do Mundo e que se criou recentemente um sentimento de vingança. Sim, os Bleus querem fazer melhor este ano na Alemanha: por outras palavras, ir até ao fim e ganhar outro troféu.
Para isso, teremos de ser muito fortes, tanto técnica quanto mentalmente. Porque, há três anos, a eliminação às mãos da Suíça nos oitavos de final pode ser explicada em parte psicologicamente. No entanto, não podemos esquecer que esta é a própria essência da competição e que, por vezes, se perde, mesmo quando a impressão permanece bastante positiva. Isso não significa que tenhamos de o aceitar, e é por isso que a França espera mais dos seus grandes jogadores a partir do jogo de abertura contra a Áustria.
Deschamps estará lá para criar a melhor atmosfera possível, e essa é outra razão pela qual os Bleus estão entre os favoritos. Há um estatuto a respeitar: o de actuais vice-campeões do mundo, que procuram o sucesso no Europeu.
Com uma equipa unida, individualidades impressionantes e um plano de jogo eficaz, sabemos que os Bleus sabem como vencer em grandes torneios, e cabe-lhes a eles prová-lo no palco europeu. Com exceção de Antoine Griezmann, Olivier Giroud, Kingsley Coman e N'Golo Kanté, os jogadores que estiveram perto de fazer história há oito anos já não estão entre nós, e cabe a uma nova geração provar o seu valor.
A primeira partida será contraa Áustria, na segunda-feira, 17 de junho.
Pontos fortes
Qual é o principal ponto forte da seleção francesa? Sem dúvida, o técnico, que está no cargo há quase 12 anos e conhece todos os detalhes de uma grande competição internacional.
Didier Deschamps levou os seus homens à final do último Campeonato do Mundo, provando que sabe gerir uma equipa melhor do que ninguém. Sempre criticado pela sua filosofia de jogo restritiva, encontra sempre uma forma de fazer dos Bleus uma equipa dominante. Sim, por vezes a França perdeu, mas o futebol é assim. Este verão, na Alemanha, os franceses vão contar com Deschamps para mostrar o caminho...
E há outro que é visto como o Messias: Kylian Mbappé. Recém-chegado do Real Madrid, os Bleus não terão o peso mediático do seu capitão e poderão concentrar-se em campo, como estão habituados a fazer. Aliás, o camisola 10 sempre foi um líder técnico nas grandes competições... exceto no Europeu. Como ele próprio admitiu numa conferência de imprensa há alguns dias, Mbappé falhou na última edição e quer redimir-se sendo decisivo. E é isso mesmo que os seus companheiros de equipa e todos os adeptos esperam. Acima de tudo, todos nós sabemos que ele é capaz de fazer coisas extraordinárias.
Por fim, os Bleus poderão contar com um meio-campo muito sólido. Se seguirmos uma certa lógica, aqueles que formarão o setor intermediário são muito experientes e estão prontos para atuar neste verão. Com N'Golo Kanté, Adrien Rabiot e Antoine Griezmann, a equipa francesa beneficiará de um meio-campo eficaz, versátil e talentoso. Sabemos que estes três jogadores podem brilhar nos grandes momentos, e o regresso de Kanté traz uma nova esperança, enquanto toda a França espera que Griezmann a encante pela enésima vez...
Pontos fracos
Quais são os jogadores que devem formar o eixo central da defesa? Para já, não há certezas, apesar de aequipa francesa ter algumas boas referências nesta posição. Com Dayot Upamecano e Ibrahima Konaté contra Luxemburgo, e Upamecano e William Saliba contra o Canadá, Didier Deschamps tem claramente três jogadores com os quais se sente confortável. Isso apesar do facto de Benjamin Pavard e Jules Koundé também estarempresentes. No entanto, este último é mais utilizado no flanco direito. Resta saber como o treinador vê as coisas, mas essa zona cinzenta pode ser complicada para os Bleus, e se a parceria será ou não a ideal.
O ponta-de-lança titular: não se sabe se Olivier Giroud será titular. Um certo Marcus Thuram marcou muitos pontos nos últimos meses, principalmente graças à sua excelente temporada com o Inter. Ele esteve bem nos particulares, mesmo que não tenha conseguido causar um impacto decisivo. Não podemos esquecer que Randal Kolo Muani e Kylian Mbappé também podem jogar nesta posição. Há várias ideias, mas será preciso estar preparado desde o jogo de abertura contra a Áustria para poder criar perigo na área.
Por fim, existe a questão de Aurélien Tchouaméni. Lesionado no início do mês passado, o médio do Real Madrid devia ser titular, dado o seu estatuto aos olhos de Deschamps. Agora, a situação mudou e, para além da sua presença ou não, a sua provável ausência no pontapé de saída contra a Áustria pode ainda ser um fator a ter em conta. Como vimos no clube nesta temporada, o ex-Bordéus mostrou que se tornou um excelente médio,e sua versatilidade teria feito muito bem aos Bleus. Justo com e sem bola, Tchouaméni tem as características perfeitas para trazer equilíbrio, segurança e audácia a uma equipa. Resta saber qual será o resultado na Alemanha.
XI ideal
Maignan; Théo Hernandez - Saliba - Upamecano (Konaté) - Koundé; Kanté - Rabiot - Griezmann; Dembélé - Thuram (Giroud) - Mbappé.
É com esta formação que a seleção francesa deverá iniciar o Euro-2024 frente à Áustria, na próxima segunda-feira. É uma equipa com algumas surpresas em todas as áreas. A começar pela defesa central, o grande ponto de interrogação a poucos dias do início da competição.
Quem irá alinhar ao lado de Saliba entre Upamecano, Konaté e até Pavard ? O Gunner é a única garantia real que Deschamps tem neste momento. Os jogadores do Bayern e do Liverpool, por sua vez, devem brigar pelo segundo lugar após uma temporada de altos e baixos no clube. O zagueiroda Inter também gostaria de mudar a hierarquia na defesa, já que deixou claro que não queria mais jogar na lateral direita dos Bleus.
No meio-campo, N'Golo Kanté, a grande surpresa da lista dos Bleus, deve começar o Euro como titular, depois de ter feito dois jogos de preparação como titular. O antigo azul aproveitou a lesão deAurélien Tchouaméni para ganhar alguns minutos, mas o madridista espera chegar a tempo de recuperar o seu lugar no meio-campo.
Por fim, a última questão prende-se com o número 9. Quem é que o treinador prefere,Olivier Giroud ou Marcus Thuram? Se os jogos contra Luxemburgo e Canadá servirem de referência, o jogadorda Inter, que fez uma temporada fantástica com o seu clube, está em vantagem. Mas atenção, a experiência e o talento de Giroud fazem dele uma figura fundamental neste tipo de evento.
A chave
Obviamente, como sempre acontece com a seleção francesa de Didier Deschamps, a chave desta equipa reside na força do coletivo e do grupo. Foi isso que permitiu aos Bleus vencerem o Campeonato do Mundo em 2018 e serem vice-campeões em 2022.
A partir deste coletivo terá de ser criada uma solidez defensiva rígida e impermeável, outra grande força desta equipa sempre que se apresenta nas finais de uma grande competição. Didier Deschamps, aluno da escola da Juventus dos anos 1990 e de Marcelo Lippi, baseou a sua tática no menor número possível de golos sofridos. Com um grupo coeso e uma defesa estável, os jogadores da frente farão as diferenças necessárias para marcar e permitir que os Bleus vençam as partidas. Há muitos exemplos para ilustrar o nosso ponto de vista: contra a Bélgica em 2018 ou nos quartos de final contra a Inglaterra no Catar.
Estas são as chaves para aequipa francesa, que está desesperada por evitar o fiasco de 2021, quando foi eliminada pela Suíça nos penáltis. Um por todos e todos por um, é o lema desta equipa com este treinador.
Previsões
Como um dos favoritos a levantar o troféu a 14 de julho, só podemos imaginar esta equipa a chegar, pelo menos, às meias-finais. Qualquer outro resultado seria uma grande desilusão para uma equipa que tem as armas necessárias para abalar qualquer um dos seus adversários.
Mas cuidado com os fantasmas de 2021, pois tudo é possível numa eliminatória. Pagaram o preço contra a Suíça no último Campeonato da Europa, e teremos de seguir o exemplo dos dois últimos Mundiais.
Em primeiro lugar, terão de passar por um grupo bastante simples com Países Baixos, Áustria e Polónia, antes de um potencial embate com Turquia ou República Checa nos oitavos de final. Em teoria, o caminho para os quartos de final parece acessível.